Acabar com ratos dá renda para comunidade

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Por Bruno M.
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Foto: Cepagro
De uma situação difícil foi possível tirar uma solução criativa e melhor para todos.
O bairro Monte Cristo, em Florianópolis, Santa Catarina, vivia uma epidemia de ratos.
Em vez de matar os roedores, o médico do posto de saúde Renato Figueiredo, em reunião com líderes da ONG Cepagro (Centro de Estudos e Promoção de Agricultura de Grupo), decidiu que a solução era deixar os ratos sem comida.

Começaram então várias ações.
Foi criada uma compostagem, duas mulheres da comunidade se prontificaram a recolher baldes com alimentos de casa em casa e a direção da escola América Dutra Machado disponibilizou espaço para que o projeto virasse realidade.

Nascia a Revolução dos Baldinhos, que transforma restos em renda em uma das comunidades mais pobres da capital.
Em sete anos, o projeto coletou 900 toneladas de resíduos orgânicos em baldes e transformou-os em adubo. 

Com solo fertilizado naturalmente, a escola plantou sua horta orgânica, onde são colhidos alimentos e ervas medicinais.
O exemplo visto durante as aulas foi levado para casa.

As crianças ganham mudas de plantas e adubo para suas próprias hortas caseiras e assim, alimentam suas famílias sem agrotóxicos.

Cerca de 50% do composto final é doado para comunidade.

O restante é vendido em feiras orgânicas, como a do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal de Santa Catarina, e em floriculturas.

Um saco com 1,5 kg de adubo custa R$ 4,50 e o de 2,5 kg custa R$6,50.

Por mês, são recolhidas 13 toneladas de resíduos orgânicos no Monte Cristo, mas eles só viram adubo após seis meses. Tempo necessário para completar o ciclo biológico de mesofílica, termofílica e maturação.

O significado deste ciclo, desconhecido para maioria das pessoas, é ensinado para os alunos da América Dutra.

Resultado ecológico
Desde que a Revolução dos Baldinhos foi implantada, os 460 estudantes, aprendem sobre preservação ambiental na prática, explicou a diretora Karla Parmigiani Pereira ao UOL.

Além de palestras com os voluntários do Cepagro, os professores ensinam química e biologia aos alunos através da compostagem.

“Eles também aprendem sobre a sustentabilidade, sobre a importância de uma relação de cooperação com o mundo, principalmente porque solucionam de forma simples um desafio global, a transformação do lixo”, disse Karla.

Fora do vício
A escola América fez uma revolução que conquistou também meninos que serviam o tráfico de drogas.

Maicon Chaves é um deles. Hoje é rapper e palestra em outras escolas sobre a Revolução dos Baldinhos. Ele também é autor do hino do projeto.

“O bonde dos baldinhos tá chegando de cantinho, mostrando pra você, qual é o seu destino. Se você ficar jogando lixo na rua, você acabará com o nosso planeta, você alimentará vermes e baratas. Fora o bandido do rato, que rasga as sacolas. Ai não dá, ai não vou aguentar, pegar a doença do rato, nem pensar”, diz a canção.

No dia a dia o trabalho dos bolsistas, que recebem dinheiro da venda de adubos é recolher duas vezes por semana as bombonas espalhadas pela comunidade e levá-las à escola. Nos outros dias, eles lutam por maior adesão da comunidade.

A revolução começou com a participação de cinco famílias e atualmente conta com 250.

Com informações do Uol