Um dos mais belos e raros vinhedos do mundo

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Por Só Notícia Boa
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Por Ninna Crot, de Savigny, Suíça – Especial para o SoNotíciaBoa

O outono chega e com ele o fim da colheita de uvas.

A Suíça, um dos principais países do Primeiro Mundo, conta com aproximadamente, 7,8 milhões de habitantes, ocupa o 25° lugar na produção mundial de vinhos e figura no grupo dos 20 maiores fabricantes desta nobre bebida.

Possui 26 cantões, como são chamadas as regiões suíças compostas de partes francófonas (Jura/Berna, Valais e Friburgo).

Valais – região de glamour por ser umas das que produzem vinhos da melhor qualidade e maior identidade – tem cerca de 15 mil hectares de vinhas plantadas pelos Alpes, em locais de clima ameno.

A Suíça produz, hoje, mais vinhos tintos (55%) do que brancos (45%).

Sua produção anual ultrapassa 1,2 milhão de hectolitros, dos quais pouco menos de 1% é exportado.

O restante,  o próprio país se encarrega de consumir, ou seja, cada habitante “degusta” em torno de 40 litros e a preferência fica para o vinho tinto, o mais apreciado.

Cercada por todos os lados pelos mais destacados e tradicionais países produtores, a Suíça acaba não gerando tanto vinho quanto a sua latitude poderia sugerir, pois boa parte do país é alta demais e, portanto, muito fria, fatores que impedem o desenvolvimento satisfatório das videiras para efeito de produção em larga escala.

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O vinho de Chexbres

A charmosa Chexbres, situada dentro do cantão de Vaud (Valais tem a mesma extensão de vinhas) é a segunda maior região vinícola.

Ela domina um vinhedo que se estende até o Lago de Genebra.

Seus estreitos e curiosos terraços se esparramam por toda a encosta.

Eles começaram a ser desenvolvidos no século XII, sob a influência de monges, para otimizar os recursos naturais e gerar um vinho altamente qualificado e apreciado.

Famosa principalmente pelos seus vinhos brancos e frescos da casta chacellas, com aromas finos e diversos, eles refletem as diferentes propriedades do solo dessa região.

Com belos terraços de vinhas e exuberante vista para o Lago Leman, a pequena Chexbres, recebeu, em 2007, o título de Patrimônio Histórico Natural da Unesco.

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Vinhedo medieval

E foi dentro do espírito desse título criado pela Unesco que, em 1384, nascia, através do clã Barbey, uma empresa familiar que desde 2004 vem sendo administrada por Christopher Francey, 37 anos, vinicultor e enólogo, e por seu avô, Roger Barbey, 85 anos.

Aos de 10 anos de idade, Francey já sentia fascinação pelo mundo da uva, ou melhor, do vinho.

Não demorou muito para que ele fizesse uma aprendizagem e tirasse seu Certificado Federal de Capacidade (CFC), documento que, na Suíça, vale como um diploma  universitario, com especialização em enologia e viticultura.

Francey fez vários estágios para assumir as vinhas patrimônio de seus avós.

Hoje, ele administra cerca de 3 mil hectares de vinhas, situadas em Saint-Saphorin, no coração de Lavaux – o metro quadrado aqui pode custar até 1 mil reais, dependendo do lugar – que se estende de Lausanne a Vevey e Montreux, respondendo por uma produção de 20 mil garrafas de vinho ou 30 mil litros/ano, “se for um ano ensolarado”, explica Francey.

Sua produção tem destaque com o vinho branco (80%), enquanto o tinto fica com 20%, que são distribuídos entre as castas Doral, Chardonnay, Chasselas, Pinot-noir, Diolinoir, Gamay, Gamaret e Garanoir.

“Por ser uma região montanhosa, utilizamos o processo manual, o que faz com que os nossos vinhos sejam bem mais caros, um verdadeiro produto de luxo”, informa Francey.

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Artigo de luxo

“A exportação, principalmente para o Brasil, por enquanto, não está nos planos, pelo motivo de as taxas serem muito altas”, diz. Ele enfatiza ainda que vinho aqui “é artigo de luxo”.

Francey informa também que as vendas têm diminuído por causa do aumento da oferta de vinhos estrangeiros, procedentes da Argentina, França, Itália e África do Sul.

O produto desses países acaba ganhando a preferência dos consumidores por serem mais baratos, ou seja, enquanto uma garrafa de vinho suíço (mais simples) custa cerca de 32 reais, os estrangeiros chegam a valer 9 reais.

Outra razão da diminuição nas vendas é que a Suíça exporta muitos materiais eletroeletrônicos e isso faz com que o país aceite a entrada de concorrentes estrangeiros com produtos agrícolas.