Suco digestivo e detox de beterraba: receita do Beet Klaas

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Por Só Notícia Boa
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Foto: Pixabay

Por Mari Bontempo, do Vida de Cozinheiro, para o SoNotíciaBoa.

Hoje fiz beterraba para o almoço… Aliás, o tubérculo é “figurinha carimbada” nas refeições aqui de casa. Tudo porque, quando fui morar com o Thiago, sondei com a minha sogra o que ele gostava de comer e descobri que, de legume, só beterraba… Fiquei chocada! E na hora pensei: “ah, isso vai mudar…”.

E mudou mesmo. Hoje em dia o Thiago come de tudo um pouco. Nossos pratos são sempre bem coloridos, do jeitinho que deve ser! Mas, por conta dessa preferência do maridão, beterraba é algo que vira-e-mexe tem na geladeira.

O Thiago a prefere cozida e é assim que eu faço. Confesso que nunca fui muito fã de beterraba. Acho que fica linda no prato, mas esse gosto de terra me incomoda um pouco. Como não dá pra ser “dois pesos e duas medidas” e, já que agora, o Thiago come até jiló, fica difícil fazer a beterraba e colocar, discretamente, só no prato do maridão… Rsrs…

Aí eu encontrei uma forma de deixar o legume bem saboroso. Comecei a cozinhá-lo acrescentando um pouquinho de limão. A fruta, pra mim, é curinga: tudo que tem gosto ruim eu coloco limão e fica gostoso. Simples assim, como num passe de mágica!

Acho que é porque adoro tudo um pouco azedinho e salgado ao mesmo tempo. No caso da beterraba fica ainda mais interessante porque mistura o cítrico, o salgado e o doce… Pra mim, uma combinação perfeita! Pois é, estava dando tudo certo até o dia que ficou melhor!

Explico: essa minha “negra” (eu acho super normal, mas tem quem ache loucura) de que alimentação consciente é algo que só cresce em meu pensamento e as ideias ficam “martelando” a minha cabeça.

Não consigo mais fazer compras sem olhar o rótulo de tudo, ando investigando a procedência dos “orgânicos” que compro pra ver se são mesmo e, a última doideira: decidi que tenho que extrair os nutrientes do alimento até a última gota! Rsrs…

Na verdade, minha consciência sempre pesou ao descartar, por menor que seja, qualquer parte de uma substância nutritiva. Sempre usei em sopas e em arroz a água dos legumes cozidos.

Mas antes só aproveitava os líquidos de tons pastéis e, praticamente, insípidos, provenientes do cozimento de cenoura, chuchu, abobrinha… Água de brócolis e de beterraba era lixo, com certeza.

Beterraba cozida que comemos no almoço...

Beterraba cozida que comemos no almoço…

Suco 

Hoje não tenho mais coragem de fazer isso não! Mesmo porque, grande parte do valor nutricional do alimento está ali, indo pro ralo…Pois é, caro leitor, agora, na minha casa, depois de cozido o legume, o líquido vai para um copo e este direto para a geladeira. E quando atinge um temperatura agradável eu bebo como se fosse suco.

O que, na verdade, não deixa de ser, só que mais saudável já não tem açúcar ou conservantes. Sei que você pode estar pensando: “credo, deve ser horrível”! Depende do seu paladar. Claro: não é um suco de laranja ou uma limonada suíça, mas também não é a pior coisa desse mundo…

Pra “ajudar no gosto”, o que eu ando fazendo é cozinhar tudo sem a adição de sal. Só água filtrada mesmo porque, dessa forma, não altera o sabor da hortaliça.
Experimente! A bebida fica linda! O de beterraba, então, é um luxo! Realmente viciei nessa água roxinha! É tão refrescante!
E como coloco o limão durante o cozimento… fica ainda melhor! É tão bom que fui pesquisar sobre os benefícios da beterraba.
Descobri que essa água roxa é base para uma bebida russa muito famosa, o “Beet Klaas”, mundialmente conhecida por suas propriedades medicinais.

Propriedade do “Beet Kvaas”

Segundo especialistas, o “Beet Kvaas” é excelente tônico digestivo, rico em lactobacilos, que purifica o sangue, é uma excelente fonte de detox para o fígado e promove uma digestão saudável. E pode ser usado, ainda, no lugar do vinagre ou do limão, em molhos para saladas e em vinagrete. Adorei a ideia!

Receita

– 2 beterrabas grandes (de preferência orgânica)

– 1 colher de chá de sal

– água filtrada (pouco menos de 1 litro)

– 1 colheres de sopa de gengibre fresco ralado

– 1/4 xícara de soro de leite (a original russa usa centeio em vez de soro)

– 1 pote de vidro grande (que comporte, pelo menos, um litro de água)

E fazer é fácil. Primeiro, descasque as beterrabas e corte-as grosseiramente. Não pode ser ralada porque isso fará com que seu Kvass fermente rápido demais… Coloque as beterrabas picadas em um pote, preferencialmente de vidro (tipo aqueles que a gente usa para colocar biscoitos).

Polvilhe o sal por cima. Dica: não use o refinado porque o sal de mesa padrão (fino) tem adição de iodo, que pode inibir o crescimento de bactérias benéficas. Aliás, investir em um sal de boa qualidade, rico em minerais, é sempre uma ótima opção (aqui em casa eu uso cristais rosa do Himalaia moídos na hora).

Depois, acrescente o gengibre ralado. Dica: quanto mais gengibre fresco e soro de leite você adicionar à mistura, menos sal terá que colocar.

Se você quiser, portanto, fazer um Kvass com baixo teor de sal é só alterar essas proporções. Eu não tentei, mas li que funciona. Sem falar que o soro de leite “extra” vai dar ao seu Kvass um “gás a mais” para que as culturas se desenvolvam mais rápido.

O gengibre faz toda a diferença!O gengibre faz toda a diferença!

Outra coisa, se não achar soro de leite para comprar, não tem problema. Pode ser o iogurte natural mesmo. A única diferença é que altera a cor da bebida.

Outra alternativa (a que eu usei) é comprar um potinho de coalhada, colocá-la em um coador de café de pano e deixar o líquido escorrer. Esse líquido é o soro de leite!

Colocados o soro e o gengibre, preencha o vidro com água filtrada, deixando um respiro de dois dedos antes da borda. Detalhe: é muito importante o uso de água filtrada, livre de produtos químicos presentes na água da torneira, porque essas substâncias podem interferir no processo de fermentação.

Mexa o conteúdo com uma colher. Tampe bem. Coloque os vidros em um armário escuro, à temperatura ambiente, e aguarde a fermentação. Dependendo da época do ano, o “Beet Kvaas” leva de 2 a 3 dias para fermentar (começar a sair umas bolinhas do líquido). Nesse calor que anda fazendo em Brasília, dois dias são suficientes…

Lembrando que, durante a fermentação, pode-se desenvolver uma fina camada de espuma, de cor branca ou castanha, em cima do líquido. Não se preocupe. É um “mofo” inofensivo. São as “bactérias boazinhas” provenientes do soro de iogurte e que são importantíssimas para a boa saúde da flora intestinal. Aliás, pra quem não sabe, nem todo “bolor” faz mal pra saúde. Mas isso é assunto para outro post, ok?

Bem, voltando à receita, se te incomodar, você pode retirar esse mofo da superfície com uma colher antes de colocar o líquido na geladeira. Depois de colocado sob refrigeração, vem a dúvida mais importante deste post: “quando meu “Beet Kvaas” estará pronto?

Simples, caro cozinheiro. Quando, literalmente, ele criar vida! Sério! Quando você começar a ver bolhas efervescentes saindo da água está pronto para beber! Mas cuidado! Por se tratar de um tubérculo, você deve sentir o cheiro da terra. Se cheira a ranço, jogue-o fora, ok? O líquido deve ter sido contaminado por alguma substância indesejada…

Ah, por falar nisso, uma última recomendação: é muito importante, sempre que você está fermentando alguma coisa, que você trabalhe aplicando rigorosas técnicas de higiene, para tornar esse processo o mais estéril possível. Especialmente se você estiver usando menos sal! Desta forma, todo cuidado com o recipiente que você colocou a beterraba é pouco.

Lave bem o vidro com bucha e sabão neutro. Posteriormente, deixe-o imerso em água fervente por alguns minutos. Retire-o da água e com o auxílio de uma pinça culinária e coloque-o de boca para baixo na bancada, em cima de um pano de prato limpo, para que toda a água escorra do frasco. Em hipótese alguma enxugue o vidro com o pano!

Quanto menos contato com o recipiente mais estéril e pronto para receber a receita ele será, ok?

Depois de pronto, Beba como desejado. Vou logo avisando: o cheiro do “Kvass Beet”, para quem não está acostumado, é meio estranho. Mas rapidinho você se acostuma…

Mas, ainda que o gosto te agrade, não exagere! O ideal é beber duas xícaras por dia, uma pela manhã, se possível em jejum, e depois da refeição da noite.

Segundo nutricionistas, este super alimento, altamente nutritivo, é muito mais eficaz que suplemento multivitamínico!

Com informações do Vida de Cozinheiro