Técnica usada na Grécia Antiga pode dobrar capacidade da memória

-
Por Só Notícia Boa
Imagem de capa para Técnica usada na Grécia Antiga pode dobrar capacidade da memória
Foto: Kiyoshi Takahase Segundo/Getty Images/iStockphoto

O que não usa, atrofia. E em tempos de Google e agenda eletrônica – que nos fazem usar cada vez menos a memória – como anda o seu poder de memorização?

Calma! Uma pesquisa feita na Holanda mostra que ainda é possível fazer o ser humano dobrar sua capacidade de memorização, ter uma supermemória, com uma técnica simples e antiga utilizada por gregos e romanos.

É o que mostra um estudo publicado nesta semana no periódico científico Neuron.

Pesquisadores da Universidade Radboud, descobriram que o exercício, conhecido como Palácio da Memória, pode mais que dobrar a capacidade de guardar e resgatar lembranças, tornando as conexões cerebrais muito semelhantes às apresentadas por campeões mundiais de testes de memória.

De acordo com os cientistas, o excelente desempenho em conservar lembranças não é devido a alterações físicas ou anatômicas – o único segredo para isso é o treino, capaz de ampliar as conexões da mente. (veja abaixo)

“Depois do treinamento percebemos que o desempenho em testes de memória melhora consideravelmente. Os exercícios não apenas induzem mudanças comportamentais, mas também levam a padrões de conectividade cerebrais muito parecidas com as vistas em ‘atletas de memória’”, afirma o neurocientista Martin Dresler, professor da Universidade Radboud, em comunicado.

O estudo

Para chegar a essa conclusão, os cientistas analisaram o cérebro de 23 “campeões de memória”, pessoas como Boris Konrad, um dos autores do estudo, capaz de memorizar cerca de 500 dígitos ou cem palavras em cinco minutos.

Konrad é pesquisador na universidade holandesa e faz parte de uma elite de “campeões de memorização”, pessoas que participam de campeonatos como os organizados pelo World Memory Championships.

Ele ajudou os cientistas a entrar em contato com outros experts em guardar informações, que tiveram as conexões cerebrais estudadas por meio de ressonância magnética (fMRI).

Os cientistas também analisaram o cérebro de 23 voluntários, com idade e condições de saúde parecidas com a dos “campeões de memória”, mas sem nenhuma habilidade notável em memorização de dados.

Surpreendentemente, os pesquisadores não encontrarm diferença anatômica entre o cérebro dos “campeões de memória” e as pessoas comuns, mas perceberam que os “campeões” demonstravam padrões de conectividade cerebral bem mais numerosas que os voluntários.

Por meio de entrevistas, o cientistas perceberam que os “campeões” não haviam nascido com nenhuma habilidade diferente de memorização, mas, utilizando técnicas de memória, eles alcançaram os resultados excelentes em testes de memória.

Os pesquisadores resolveram, então, chamar 51 indivíduos que nunca haviam sido submetidos a técnicas de memorização e pediram para que fizessem dois tipos de exercício de memória – um deles o chamado Método loci ou Palácio da Memória, técnica utilizada por oradores gregos e romanos para memorizar seus discursos.

Como memorizar mais

O  Palácio da Memória consiste em relacionar palavras e memorizá-las com uma jornada imaginária, por um local conhecido e relacionar alguns pontos da rota.

O objetivo é memorizar tantas palavras quanto possível.

São palavras aleatórias como substantivos, verbos e adjetivos (singular ou plural).

É bom usar uma viagem para lembrar as palavras com sucesso.

Resultado

Os indivíduos tiveram as conexões cerebrais analisadas antes e depois da utilização das técnicas.

Antes do treinamento, sessões de trinta minutos diários durante quarenta dias, os voluntários conseguiram recordar entre 26 e trinta palavras de uma lista – depois, conseguiam recordar em torno de 65 palavras.

Um dia após o treinamento, os indivíduos ainda eram capazes de se lembrar de 22 palavras a mais que antes da utilização da técnica.

Análises de ressonância magnética mostra que o cérebro de quem participou do treinamento mudava, exibindo padrões de conexões muito parecidos aos dos “campeões de memória”.

“Uma vez que alguém está familiarizado com as estratégias e sabe como aplicá-las, é possível manter o desempenho altíssimo, mesmo sem muito treinamento”, explica Dresler.

De acordo com os pesquisadores, o estudo demonstra que todos possuem “áreas cerebrais” que podem ser exploradas e expandidas, melhorando a memória e as conexões da mente.

Com informações da Veja e Neuron.