Educação muda vida de família pobre em São Paulo

-
Por Só Notícia Boa
Imagem de capa para Educação muda vida de família pobre em São Paulo
Foto: reprodução / Keiny Andrade / Folhapress

A educação transformou a vida de uma família de São Paulo, que era pobre.

O exemplo da filha Jéssica na escola, ainda no ensino fundamental, foi a inspiração para que a mãe Vanessa Andreotti, 37, fizesse o mesmo e voltasse aos estudos.

A outra filha e o marido também seguiram o mesmo caminho.

As conquistas

A mãe, que era doméstica, se tornou professora, fez pós-graduação e começou um segundo curso na Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).

Jéssica chegou à USP.

A irmã mais nova, Jennifer, estuda na concorrida escola Juarez Wanderley, financiada pela Embraer e prepara-se para a Fuvest.

O pai, Luiz, 54, também resgatou o sonho de estudar.

“A educação mudou a trajetória da nossa família”, diz ele, que pretende começar a estudar arqueologia ou história ainda neste ano.

História

Natural de São José dos Campos, no interior de São Paulo, Vanessa saiu de casa aos 13 anos, fugindo de um ambiente familiar violento. Conheceu Luiz nessa época, ele já com 30 anos.

Luiz era usuário de drogas e estava havia tempos envolvido com tráfico e roubos.

A notícia da gravidez, quando Vanessa tinha 16 anos, fez ele deixar o crime e passar a trabalhar como chapa (profissional que auxilia no descarregamento de caminhões).

Vanessa, já fora da escola, fazia faxina e artesanato, passava roupas, cuidava de crianças, entre outras coisas.

Enquanto Jéssica crescia, Vanessa tentou voltar à sala de aula. Mas em 1999, ao engravidar de novo, de Jennifer, largou os estudos novamente.

Com as filhas pequenas, conseguiu terminar o ensino médio de modo improvisado. Mas a guinada na vida da família ocorreu em 2009, quando Jéssica, aos 12 anos, ganhou uma bolsa de estudos.

Boa aluna

Boa aluna, ela foi selecionada pelo programa Ismart (instituto que identifica jovens talentos de baixa renda e lhes concede bolsas em escolas particulares).

“Era a primeira oportunidade que tínhamos. Sentava com ela para estudar, mas eu mesma não sabia nada”, diz a mãe.

Jéssica foi quem deu a ideia para ela fazer o Enem e tentar o ensino superior.

Com a nota, a mãe conseguiu uma bolsa do ProUni (Programa Universidade para Todos, do governo federal).

Decidiu cursar pedagogia. Mesmo na faculdade, e durante o primeiro estágio, ela continuava a trabalhar como diarista.

“Eu me informava pelos jornais e revistas que sobravam nas casas onde eu trabalhava. O lixo dos patrões era meu objeto de estudo.”

Aprovada em 5 universidades

Enquanto a mãe iniciava a carreira como docente, Jéssica passou em cinco universidades públicas. Escolheu matemática na USP e, em 2014, foi sozinha para São Paulo.

“Quando entrava na USP as primeiras vezes, via na tampa dos bueiros a palavra USP e já ficava impressionada de estar ali. Chorava sozinha, pensando ‘olha onde eu estou'”, diz ela, aos 21.

No 4º ano do curso, é estagiária no Itaú e junta dinheiro para um intercâmbio. “Minha mãe foi de empregada doméstica a professora, tenho muito orgulho disso.”

“A educação abriu nossa cabeça. Eu brinco com meu pai que quero ser presidente do Brasil”, diz Jeniffer.

Há três meses, Vanessa e Luiz também se mudaram para São Paulo.

A mãe ingressou como concursada na rede municipal de São Paulo, e a família alugou um apartamento na zona sul.

“Temos uma vida muito diferente agora. Mas o melhor é que o conhecimento ninguém pode tirar da gente”, diz a mãe.

Com informações da Folha