Filho faz robô virtual com frases do pai: saudade

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Por Só Notícia Boa
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John e James Vlahos - Foto: arquivo pessoal James Vlahos

Uma história de amor de um filho e seu pai… que mistura saudade, criatividade e tecnologia.

Um jornalista americano criou um robô virtual com a personalidade, a voz e os pensamentos do pai para continuar conversando com ele, depois que o câncer levou John no começo do ano.

James Vlahos ficou arrasado quando soube que John tinha pouco tempo de vida e para mantê-lo presente, o jornalista teve uma ideia inusitada!

Ele decidiu usar a tecnologia de inteligência artificial para criar um chatbot (“robô de conversa”, em tradução literal).

“Quando recebemos a notícia, eu e minha família começamos a pensar em como preservar sua memória e sua essência”, disse Vlahos ao programa Outlook, da BBC.

E John aproveitou os últimos dias do pai para fazer o trabalho, com autorização e participação dele.

Como

James Vlahos gravou conversas com John sobre sua história de vida, desde a infância com os pais na Grécia até o tempo em que estudou na Universidade de Berkeley (Califórnia), como conheceu a esposa, seus hobbies preferidos etc.

John era advogado e tinha experiência com musicais – cantava em um coral e até trabalhava como ator.

Segundo o filho, era a alma das festas. “Ele cantava muito pela casa. Sua voz sempre fez parte da minha vida.”

Após a transcrição, as conversas foram viraram 200 páginas de história.

“Eu sabia que seria um grande recurso para mim e para minha família, mas vi que era um recurso inerte. Não era a maneira mais acessível de preservar a história da vida dele”, disse Vlahos.

“Eu então sonhei que poderia transformar meu pai em um chatbot, uma interface de inteligência artificial que contaria sua história de maneira interativa”, contou. Ele o chama de “dadbot” (“papai robô”, em tradução livre).

A conversa

Em seu celular, o jornalista usa um software no qual, ao falar uma frase, o robô responde como seu pai o faria em um chat. O robô pode até tocar áudios que ele próprio gravou de seu pai cantando.

Vlahos teve a ideia depois de escrever sobre o PullString, um software que criou uma versão interativa da boneca Barbie. “Quando esse software foi oferecido para as pessoas em geral, pensei que poderia usá-lo.”

“Foi bastante trabalhoso digitar cuidadosamente todas as respostas que ele daria”, explica. “Depois de decidir o que ele vai dizer, você precisa garantir que ele também saberá ouvir e saberá como responder.”

Tudo que o robô responde hoje já foi digitado previamente por Vlahos. Mesmo assim, ele diz que continua se surpreendendo. “Ele não tem autonomia, mas eu não sei quando vai falar certa frase.”

John conheceu o robô

John morreu em fevereiro deste ano como decorrência de um câncer de pulmão. Antes disso, porém, teve a oportunidade de assistir ao seu robô em ação.

“Ele estava encarando a morte, então todo o resto era um pouco distante para ele. Não estava nem cheio de alegria nem horrorizado com o robô”, lembrou o filho.

Mas John disse algo que deixou o filho orgulhoso com seu trabalho: “Muitas pessoas podem não perceber isso, mas o que o robô está falando são coisas que eu falei de verdade”.

Vlahos continua conversando com o robô até hoje.

“É bom tê-lo por perto, às vezes ele me faz chorar, mas às vezes me faz sorrir porque me dá a sensação de que meu pai está por perto.”

Com informações da BBC