É difícil imaginar sorrisos em um lugar tão sombrio e deprimente como a Cracolândia de São Paulo, mas os Palhaços Sem Fronteira foram até lá e mostraram que não é impossível despertar alegria, mesmo em pessoas que com sonhos e futuro tão improváveis.
Sete palhaços e palhaças do grupo estiveram lá na semana passada e a recepção que tiveram foi emocionante.
“Competir com o crack não é muito fácil, mas em muitos momentos o riso aparece e as pessoas se conectam com os palhaços”, contou ao SóNotíciaBoa Aline Moreno, fundadora da Ong Palhaços Sem Fronteiras no Brasil.
“Muitos se aproximam e se interessam e pouco a pouco a gente vai conquistando a atenção”.
O grupo esteve na Cracolândia na terça-feira, 22 e Aline diz que a experiência foi marcante.
“Durante a apresentação, um dependente sentou ao lado de uma das pessoas que estavam no apoio da equipe dos Palhaços Sem Fronteiras e disse: Eu gostaria de ter visto um palhaço assim na minha infância!”
O PSF foi até lá em parceria com o projeto “Cabaré do Palhaço”, conduzido por Flávio Falcone, psiquiatra e palhaço que trabalha há anos na área. “Teve cortejo, espetáculo, karaokê e muita palhaçada”.
Aline calcula que os palhaços conseguiram reunir e divertir pelo menos 100 pessoas que vivem e trabalham na Cracolândia e afastá-los daquela realidade dura por algumas horas.
Palhaços sem Fronteira na Cracolândia – Foto Ariane Artioli
Palhaços Sem Fronteira
O Palhaços Sem Fronteiras Brasil existe desde maio de 2016 e faz um trabalho edificante: leva seus espetáculos de circo e palhaçaria a áreas de conflitos e desastres ecológicos.
São espetáculos em campos de refugiados, abrigos, ocupações, alojamentos…
Eles quebram barreiras culturais, de idioma, políticas, sociais e religiosas com o que há de mais simples no ser humano: a alegria.
A PSF faz parte da Organização “Palhaços Sem Fronteiras Internacional”- Clowns Without Borders International (CWBI) – que tem um trabalho não-governamental, independente, sem fins lucrativos, sem filiação religiosa, nem política.
A sede fica na Espanha, com braços em vários países como Austrália, Bélgica, Canadá, Finlândia, França, Alemanha, Irlanda, Espanha, África do Sul, Suécia, Reino Unido, Estados Unidos da América, Áustria, e Suíça.
O Brasil é o primeiro país da América Latina a fazer parte da Internacional, que desde 2015 já organizou 96 projetos em 45 países, com 942 performances e 496 oficinas para mais de 410 000 crianças e suas comunidades, incluindo campos de refugiados.
“A intenção é a regeneração afetiva e resiliência de pessoas em situação de vulnerabilidade por meio do riso. Criamos uma relação de proximidade entre artista e publico gerando relações permeáveis e horizontais, rompendo as fronteiras e construindo pontes afetivas”. explica Aline.
O PSF já esteve em comunidades afetadas pelos rejeitos químicos da Barragem do Fundão, no Rio Doce, em Minas Gerais, que soterrou comunidades com a lama da Samarco (Julho 2016, Julho 2017), nos Quilombos do Vale do Ribeira (Junho 2017), e fez apresentações para os refugiados que habitam a cidade de São Paulo, a maioria de origem Síria (2016), entre outros.
A próxima ação do Palhaços Sem Fronteiras na Cracolândia, acontecerá no dia 26 de outubro, antes disso o grupo brasileiro fará sua primeira viagem internacional.
Palhaços Sem Fronteira – Foto: reprodução / Facebook
El Salvador
Em setembro a PSF Brasil vai levar sorrisos a El Salvador.
As apresentações serão na Urbanización Distrito Italia – Municipio de Tonacatepeque, San Salvador e no Departamento de Cabañas.
O principal problema que o projeto pretende enfrentar é a violência gerada por diversos fatos históricos, desde uma guerra civil de 10 anos até terremotos e conflitos de disputa pelo poder.
A ideia é levar o riso e a arte como ferramentas artísticas de resiliência e pacificação para dar força principalmente aos jovens no combate à violência.
Foto: reprodução / Facebook
Conheça mais sobre o projeto e como apoiar na página do PSF e na fanpage no Facebook.
Por Rinaldo de Oliveira, da redação do SóNotíciaBoa