Finalmente saiu registro do medicamento Spinraza (nusinersena), para pacientes com Atrofia Muscular Espinhal (AME), doença que afeta 1 a cada 10 mil bebês, atinge o sistema nervoso e causa perda dos movimentos e até mesmo da respiração.
O pedido é feito há anos pelos pais dessas crianças porque o remédio caríssimo já é comercializado nos Estados Unidos, Europa, Japão e Canadá. Ele ajuda no desenvolvimento motor e aumento da sobrevida de crianças com a doença.
A Anvisa, Agência Nacional de Vigilância Sanitária liberou o remédio nesta segunda-feira (28).
Ele poderá ser comprado como uma solução injetável e com a concentração de 2,4 mg/ml – só poderá ser comercializado desta forma no Brasil.
A AME é uma doença rara caracterizada pela degeneração dos neurônios responsáveis pela coluna vertebral.
“Esse padrão de resposta sem precedentes traz esperança aos pacientes que antes não tinham tratamentos disponíveis para evitar a perda de função motora ao longo do tempo. Estamos observando um padrão de desenvolvimento motor com o SPINRAZA™ que nunca foi visto no curso natural da doença”, disse Elaine Rahal, diretora médica da Biogen para a América Latina.
O Spinraza é fabricado pelas empresas Vetter Pharma – Fertigung GmbH & Co. KG, da Alemanha, e Patheon Itália S.PA, da Itália. A detentora do registro no Brasil é a empresa Biogen Brasil Produtos Farmacêuticos.
Caríssimo
Até agora, o tratamento da doença custava caro.
Os pais da menina Aisha, de 1 ano, mostrada em junho aqui no SóNotíciaBoa, até hoje se desdobram em rifas e campanhas – como a HopeForAisha – pra conseguir 3 milhões e comprar o remédio para a filha.
“Cada dose custa R$ 500 mil. O tratamento, com 6 doses dura 1 ano. O principal é ela sair do respirador. Ela não tem força mais pra respirar sozinha”, contou o pai da menina, Mateus Leonardo Moura Souza, de 31 anos, ao SóNotíciaBoa.
Isso significa que o tratamento importado sai por 3 milhões de reais. Com a liberação do remédio no Brasil o preço deve cair, mas não muito.
“Cai pra entorno de R$ 2,4 milhões”, calcula o pai de Aisha. A informação não é oficial.
Até hoje eles arrecadaram R$ 220.000, menos de 10% do valor.
Outros casos
Os pais da Valentina, bebê de 1 ano, chegaram a realizar uma passeata em junho deste ano para tentar arrecadar R$ 3 milhões em Campinas (SP). A menina foi diagnosticada 30 dias após o nascimento — só se alimenta por sonda e a respiração é controlada por aparelhos.
No Rio Grande do Sul, um grupo de pais se uniu pela internet para tentar doações para os tratamentos. A família de Arthur descobriu o problema quando ele tinha três meses. Com 1 ano, o bebê não respira sem aparelhos, tem problemas para movimentar braços e pernas.
Após a publicação nesta segunda, haverá um procedimento para a determinação do preço pelo governo.
Sem a necessidade de compra no exterior, espera-se que o Spinraza seja vendido por um valor mais acessível no Brasil.
A demora
A Anvisa explica que, como se trata de uma substância inédita no país, o processo foi complexo e envolveu uma avaliação crítica das informações técnicas e legais.
A agência diz que impôs caráter prioritário ao registro, com aprovação cinco meses após o pedido da farmacêutica.
Com informações do G1 e SnB