À frente do Laboratório de Dinâmica de Linfócitos, na Universidade Rockefeller, Gabriel Victora se dedica a pesquisas sobre a imunidade adquirida ou adaptativa – aquela que o indivíduo desenvolve após ter tido contato com um agente estranho ao organismo.
Mais especificamente, o trabalho dele busca esclarecer como o sistema de defesa baseado em anticorpos melhora sua especificidade diante do agressor, o que, na prática, pode levar ao desenvolvimento de vacinas mais eficientes contra o HIV e o vírus da gripe, além de melhorar o tratamento direcionado a alergias e doenças autoimunes.
Segundo a Fundação MacArthur, Victora “reconfigurou e refinou uma série de métodos de imagem celular e molecular para visualizar, em tempo real, o processo através do qual a imunidade adaptativa se desenvolve”.
A fundação afirma ainda que a pesquisa do gaúcho “tem implicações práticas para o desenvolvimento de vacinas novas e mais eficazes”.
Cientista e músico
Apesar da repercussão do seu trabalho, Victora é relativamente novo na área da imunologia.
Ele mudou-se para os Estados Unidos em 1990, mas com planos de seguir a carreira de pianista, tendo feito graduação e mestrado em piano na Faculdade de Música Mannes, também em Nova York.
Foi concertista e professor de música por alguns anos, até decidir mudar de vida.
Pouco mais de uma década atrás, concluiu o mestrado em imunologia do Instituto de Ciências Biomédicas da USP, em São Paulo.
Em seguida, retornou aos Estados Unidos, onde fez PhD em imunologia na Universidade de Nova York, concluído em 2011.
Ele é filho do também epidemiologista Cesar Victora, que recebeu neste ano um dos mais importantes prêmios do mundo na área de saúde, o Gairdner, do Canadá.
Mistério
Vinte e quatro personalidades vão receber a bolsa Fundação MacArthur neste ano.
Não é possível se candidatar ao benefício, e os critérios de seleção e os nomes dos selecionadores estão envoltos em mistério.
“É uma honraria muito grande aqui nos EUA, faz parte do folclore do país receber um “telefonema de um número desconhecido de Chicago”. Significa o reconhecimento da minha área de trabalho pelo público geral, o que não é comum para nós, cientistas. Como não há inscrições nem lista de finalistas, ninguém sabe que está no páreo. Então, é sempre uma boa surpresa”, disse Gabriel ao ZeroHora.
Com informações do ZeroHora