Porteira vira modelo internacional: descoberta por olheiro em Cuiabá

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Por Só Notícia Boa
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Roza Figueira - Foto: reprodução / Bazar Brasil|

Uma jovem de Cuiabá/MT, que trabalhava como porteira de um prédio, foi descoberta por Jocler Turmina, olheiro de uma agência de modelos e virou modelo internacional.

Em maio Rosangela Figueira da Silva Santos, de 23 anos, foi chamada para participar de um workshop sobre moda. Em junho, deixou o emprego – onde ganhava um salário mínimo – e começou a viajar o mundo fazendo desfiles e fotos.

Rosangela tornou-se Roza Figueira, cortou o cabelo, deixou a família em Cuiabá e foi atrás do antigo sonho de ser modelo, que tinha deixado de lado após uma série de rejeições em concursos de beleza.

Seu primeiro destino foi Nova York, onde ficou por três meses. Depois, seguiu para Milão, então Paris e agora Londres, onde vive atualmente.

História

Durante dois anos, a rotina dela era a mesma: saía de casa às 4h, pegava dois ônibus, chegava ao serviço às 6h e só saía dali às 18h.

Depois voltava para casa, na periferia da capital mato-grossense, onde só conseguia pôr os pés por volta das 20h.

Filha mais nova de cinco irmãos, a jovem parou de estudar no primeiro ano do ensino médio, aos 16 anos – deixou a escola para trabalhar e ajudar a mãe, que é faxineira. Vivia com ela e o padrasto em uma casa simples.

Foi babá e apontadora de obras antes de conseguir o emprego como porteira. Foi indicada pela irmã, que trabalhava no local havia seis anos.

Trabalhava em regime de 12 por 36 horas. “Eu amava o meu serviço, fazia por prazer. Sempre fui muito bem acolhida pelas pessoas.”

A descoberta

Jocler Turmina estava hospedado no prédio em que Roza trabalhava na portaria. Quando a viu, o caça-talentos não teve dúvida.

“Quando a vi na recepção, sugeri que ela participasse de uma palestra sobre moda que eu estava ministrando em Cuiabá. Ela foi. Nesse dia, eu fiz fotos com meu celular, apresentei as imagens dela para os meus sócios, Murylo Lorensoni e Mariana Rotta, e todos a adoraram.”

Roza relembra que se surpreendeu com a resposta positiva para ingressar no mundo da moda.

“Eu nunca imaginei que um dia fosse me tornar reconhecida, que as pessoas fossem enxergar em mim coisas que eu não via. Eles viram meu potencial e a minha beleza. Nunca pensei que eu pudesse representar o Brasil e que alguém pudesse me achar bonita, pois nunca me enxerguei assim.”

Roza Figueira - Foto: divulgação

Roza Figueira – Foto: divulgação

Carreira internacional

Em junho, Roza iniciou a preparação para seguir carreira como modelo. No mês seguinte, embarcou para Nova York, onde fez seus primeiros trabalhos no mundo da moda.

Ela não chegou a atuar no Brasil. Seu sucesso internacional – atualmente é vinculada a agências nos Estados Unidos, Itália, França e Inglaterra – surpreendeu Turmina.

“Ela teve uma aceitação muito rápida nos principais mercados, onde concorrência é brutal”, afirma o caça-talentos.

Trabalhos

Roza já trabalhou com a prestigiada estilista inglesa Vivienne Westwood e fotografou para revistas internacionais como The Squad, Paper Magazine e Interview.

Neste mês, tornou-se capa da edição brasileira da revista Happer’s Bazaar. As fotos foram feitas em Nova York.

Nos próximos meses ela deve fixar moradia nos Estados Unidos, em um apartamento cedido pela agência, e permanecer viajando pela Europa. “A fase agora é de muita disciplina”, diz Turmina.

Não sabia inglês

O idioma foi um dos maiores entraves enfrentados por Roza ao deixar o Brasil. A jovem nunca estudou inglês, e temeu que a falta de conhecimento sobre a língua a prejudicasse.

“Eu tive dificuldades para aprender a lidar com o inglês. Logo que descobri que iria para os Estados Unidos, não tive condições de pagar aulas particulares. Tive que assistir a vídeos na internet, procurei dicionários e comprei alguns livros para aprender mais. Eu me esforcei ao máximo.”

Com pouco tempo de carreira, ela diz que ainda não tem dinheiro para ajudar a família em Cuiabá. Mas planeja voltar a estudar, concluir o ensino médio, se formar em psicologia e se consolidar no mercado da moda.

Com informações da BBC