Médicos e cientistas europeus usaram células-tronco pra reconstituir a pele de um garoto sírio, de sete anos, com uma doença genética grave.
O garoto tinha feridas em 80 por cento do corpo, por causa de uma epidermólise bolhosa.
A doença causa bolhas e feridas frequentes e a principal consequência, em casos mais graves, é que a epiderme se descola do corpo, expondo as vítimas a infecções graves.
Foi o que aconteceu com o garoto. Ele deu entrada no hospital pediátrico da Universidade de Ruhr, na Alemanha, em junho de 2015, com 60% da superfície do corpo exposta e infeccionada.
A equipe médica convidou um grupo de cientistas italianos, da Universidade de Modena, para testar o método de regeneração por meio de células-tronco.
Como
O método utiliza células-tronco de pele intacta, de uma área do corpo do paciente que ainda não foi afetada, e introduz um vírus especial para infectá-la – de forma que ele corrija a mutação no gene LAMB3, o responsável pela doença.
Essa célula, depois de curada, se multiplica e dá origem a grandes pedaços de pele saudável, que então são implantadas no corpo do paciente para “cobri-lo” novamente.
Deu certo!
O implante foi um sucesso, e ao longo de 21 meses de acompanhamento, a pele nova – com a aparência de uma colcha de retalhos – se aderiu definitivamente às extensas feridas no corpo do paciente.
O menino foi liberado em fevereiro de 2016, e nunca mais teve problemas com bolhas ou descolamento.
O feito é um marco histórico para a medicina regenerativa, uma área experimental que surgiu na década de 1990 e que só agora está saindo do laboratório e ganhando aplicações práticas nas salas de cirurgia.
“Uma vez que a epiderme tenha sido regenerada, as células tronco [naturalmente presentes na pele] continuam renovando o tecido como ocorre em uma pessoa normal”, explicou Michele de Luca, chefe da equipe italiana.
“Todas as informações que nós temos indicam que a situação do paciente se manterá estável.”
Segundo o artigo científico, o garoto já se cortou algumas vezes desde que voltou para casa, e os ferimentos se cicatrizaram como os de uma pessoa saudável.
O artigo foi publicado na Revista Nature.
O sucesso do procedimento é uma grande esperança para as pessoas que sofrem de EBJ – epidermólise bolhosa – e que, além de lidar com a doença em si, precisam superar o preconceito com a aparência.
Com informações da Superinteressante