Injeções para enxaqueca dão resultado: esperança de tratamento

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Por Só Notícia Boa
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Foto: Divulgação

Esperança contra a enxaqueca! Uma nova classe de drogas em forma de injeção mostrou resultados promissores: reduziu as dores em 50%.

Os resultados são de dois estudos publicados nesta quinta, 30, no ‘The New England Journal of Medicine”.

Este é o primeiro tratamento produzido especificamente para previnir essas fortes dores de cabeça, que quando são crônicas, podem ocorrer 15 vezes ao mês, com duração de horas a dias, em alguns pacientes.

Hoje, médicos usam medicamentos “emprestados”, criados para outros problemas, como anticonvulsionantes (topiramato e divalproato), antidepressivos (amitriptilina) e medicamentos contra a hipertensão (propanolol).

“Hoje, há medicamentos específicos, a classe dos triptanos, mas eles são usados para interromper a crise quando ela já ocorreu. Não são preventivos”, diz Mário Peres, neurologista e professor do Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP e da Faculdade de Ciências da Saúde do Hospital Albert Einstein.

Como

As injeções foram produzidas a partir de pesquisas anteriores que demonstraram que pacientes com enxaqueca produziam maior quantidade de uma molécula: a CGRP, sigla para ‘Calcitonin gene-related peptide.

Essa molécula é formada por 37 aminoácidos e foi descoberta há 30 anos.

Os pesquisadores ‘clonam’ um anticorpo humano, que depois é treinado para reconhecer qualquer estrutura de interesse e eliminá-la.

Daí eles treinaram anticorpos para reconhecer CGRP e, então, bloquear a ação da molécula, o que faz diminuir a dor.

No “New England Journal of Medicine”, os estudos testaram duas injeções: o Erenumabe e o Fremanezumabe.

Erenumabe

Na pesquisa com o erenumabe, foram recrutadas 955 pessoas: 317 receberam uma injeção subcutânea de 70mg; 319 receberam 140mg do medicamento; e 319 receberam placebo (substância sem a droga).

Pacientes que receberam 140mg do medicamento relataram uma redução de 50% ou mais no número médio de dias de crises de enxaqueca por mês.

Já o grupo de 70 mg relatou redução de 43,3%, e o grupo placebo relatou redução de 26,6%.

Os pacientes também relataram melhora na capacidade de realizar as atividades diárias, redução da intensidade da crise e diminuição no número de medicamentos utilizados para interromper a dor.

De modo geral, eles toleraram o medicamento e relataram dor no local da aplicação da injeção.

Fremanezumabe

Já com o fremanezumabe, cientistas recrutaram 1130 pacientes: 376 receberam o fremanezumabe trimestralmente, 379 receberam o medicamento mensalmente e 375 receberam um medicamento placebo.

Pacientes que tomaram a injeção trimestralmente relataram diminuição de 50% no número médio de crises de enxaqueca por mês. No grupo que tomou uma vez por mês, a redução foi de 41%, e no grupo placebo a redução foi de 18%.

Além de dor no local da injeção, foram observadas anormalidades de função hepática em 5 pacientes em cada grupo que recebeu o medicamento e de 3 pacientes no grupo placebo.

FDA e Anvisa 

Mário Peres, que acompanha os estudos com a molécula, estima que uma das injeções, a erenumabe, será aprovada no primeiro semestre de 2018 no FDA – o órgão que regula medicamentos nos Estados Unidos – e no segundo semestre pela Anvisa – Agência Nacional de Vigilância Sanitária.

Segundo o médico, a principal vantagem das novas drogas é a quase ausência de efeitos colaterais.

Ele explica que medicamentos usados hoje para a prevenção podem causar perda de peso, problemas de memória (topiramato) ou ganho de peso (amitriptilina), dentre outros efeitos.

Com informações do G1