Brasileiros descobrem soro que combate veneno de abelhas

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Por Só Notícia Boa
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Foto: Pixabay|

Cientistas brasileiros criaram um soro que combate veneno de abelhas. Foram 20 anos de pesquisa!

O produto, ainda em fase de testes, mas com ótimos resultados, foi desenvolvido pela Unesp – Universidade Estadual Paulista – em parceria com o Instituto Vital Brazil.

O soro antiapílico se refere a “apis” – que vem do latim e significa abelha – e por enquanto não está à venda. É de uso exclusivo em pesquisa apenas em dois lugares do país:

A UPECLIN – Unidade de Pesquisa Clínica da Faculdade de Medicina de Botucatu; e o Hospital Nossa Senhora da Conceição da UNISUL, Universidade do Sul, em Tubarão, Santa Catarina.

Como

O soro antiapílico é colocado na bolsa de soro fisiológico e, gota a gota, vai sendo infundido lentamente. A quantidade depende do número de picadas.

Quem fornece o veneno para a produção do soro antiapílico é o próprio Setor de Apicultura da Unesp de Botucatu, coordenador pelo professor Ricardo Orsi.

Não é uma colheita abundante. A extração em dez mil abelhas proporciona apenas um grama de veneno em pó.  A técnica de colheita é antiga. Baseada em choque elétrico.

Usa-se uma placa de acrílico com arame ligado a uma bateria. A abelha não morre.

“A gente se preocupa com o bem-estar animal, então a gente se preocupa em fazer uma colheita de forma adequada para que a gente não leve um prejuízo para o desenvolvimento do enxame como um todo”, explica Orsi.

O que muita gente não sabe é que quando a abelha pica um animal ou uma pessoa, a ela perde o ferrão, que crava na pele.

Ao levantar voo, fica retida a pontinha do corpo onde está inclusive a bolsa de veneno, que fica pulsando, liberando pequenas gotas tóxicas.

No coletor, não acontece isso, não tem superfície para cravar o ferrão. Ao sentir um pequeno choque, a abelha identifica o objeto como um inimigo a ser eliminado. Ferroa, mas só libera o veneno.

O veneno já solidificado é, então, raspado e recolhido a um pequeno tubo. Depois vai para purificação e processamento nos laboratórios do Cevap (Centro de Estudos de Animais Peçonhentos da Unesp).

Foto: reprodução / TV Globo

Foto: reprodução / TV Globo

Duas pessoas salvas

O soro experimental já salvou pelo menos duas pessoas.

Camila Presoto foi atacada por um enorme enxame em agosto de 2016.

“Foram em torno de 400 a 600 picadas. Sendo 80% ja cabeça. Eu imaginei mesmo que ia morrer”, conta Camila.

Camila mora na cidade de Avaré, oeste do Estado de São Paulo, onde trabalha como professora. Mas, na época do acidente, vivia numa fazenda de produção de leite.

Ela foi transferida de Avaré para Botucatu, onde fica a Faculdade de Medicina da Unesp, que já estava com o soro antiapílico desenvolvido – mas o medicamento inédito nunca tinha sido aplicado em ninguém.

Ela conta como aceitou ser cobaia. “Querendo ou não, os remédios que a gente toma para dor de cabeça, teve uma pessoa que experimentou”, fala Camila.

Outra pessoa que recebeu o soro antiapílico foi o cabo Maurício Lofiego, da Primeira Companhia da Polícia Militar em Botucatu.

Maurício estava atrás de um bandido, no mato, quando foi atacado por um enxame. A sorte do policial foi ter sido levado rapidamente ao posto que fazia o ensaio clínico com o soro.

“Eles apresentaram um estudo que estava sendo desenvolvido, que era o soro de abelha e se eu queria fazer parte desse estudo. Não tive sequela”, conta Maurício.

20 anos de pesquisa

O desenvolvimento do soro antiapílico é o resultado de mais de 20 anos de pesquisa da Unesp, especialmente, de dois cientistas:

O Doutor Benedito Barraviera, um dos fundadores do Cevap; e doutor Rui Seabra, atual diretor da instituição e que dedicou mestrado, doutorado e pós-doutorado ao novo medicamento.

Vendas

O soro antiapílico ainda não está disponível.

A Anvisa determina que seja feito também um ensaio de eficácia do produto com um grupo de 300 pacientes, Brasil afora.

Tudo dando certo, como até agora, até 2020, o soro poderá estar na rede pública de saúde.

Com informações do GloboRural