Estudante deu seu tênis para malabarista na rua e ganhou amigo

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Por Só Notícia Boa
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Foto: reprodução / Anna Cássia/Arquivo Pessoal||||

A história do estudante que tirou seu par de tênis e trocou com um malabarista que trabalhava com sapatos furados, em um semáforo de Rio Branco, no Acre, continua emocionando os internautas.

Depois de o caso ser exibido no último domingo, 18, no Fantástico, da TV Globo, surgiram duas novidades.

A primeira é que o malabarista passou na faculdade. A Ufac confirmou ao G1 que Júlio Henrique Cardeal Camargo, de 26 anos, foi aprovado e fez a matrícula institucional no Núcleo de Registro e Controle Acadêmico (Nurca).

Ele deve cursar ciências sociais na Universidade Federal do Acre. Só falta agora o rapaz fazer a matrícula curricular antes de o semestre começar, no dia em 10 de abril.

A segunda é que Júlio se reencontrou com o estudante Elielton Ribeiro Araújo – que lhe deu o par de tênis que usava – e os dois viraram amigos.

A história

No último dia 13, Júlio fazia os malabarismos no cruzamento das Ruas Omar Sabino e Avenida Ceará, quando o estudante Elielton Ribeiro de Araújo, de 24 anos – acadêmico do curso de segurança do trabalho -parou com sua moto no sinal vermelho, viu o sapato furado do malabarista e decidiu trocar os tênis que estava usando com ele.

Enquanto um vestia os sapatos do outro, uma terceira pessoa, chamada Anna Cássia – que havia saído para procurar emprego – estava passando pelo local.

Ela viu a cena de solidariedade, fotografou, postou nas redes sociais e a história viralizou. Rapidamente o caso ganhou repercussão nacional.

Júlio afirmou que estava em um dia ruim e reclamava muito, porque não estava recebendo quase nada no sinal.

Mas foi a ação de Elielton Ribeiro Araújo que mudou tudo. Júluo afirma que recebeu um presente e também ganhou um amigo.

“Ele me chamou e me deu esse presente, achei incrível a atitude, a humildade dele. A capacidade de ajudar, de abrir o olhar para o artista de rua e valorizar esse trabalho”, destacou.

O malabarista afirma que em nenhum momento pensou que um ato, que deveria ser comum, causaria tanta comoção. Ele disse que a atitude do estudante em compartilhar algo que ele tem sobrando foi o mais importante.

“Não imaginava que ia causar tudo isso, fui surpreendido, estava onde fui acolhido e fui pego de surpresa. Acho que isso tudo foi causado pela atitude de tirar o seu próprio sapato e ir com o tênis furado para casa para ajudar o irmão que estava precisando. Esse é o novo pensamento, não é acumular, é compartilhar, é a coletividade”, ressaltou.

Já Elielton Ribeiro Araújo disse esperar que a corrente do bem se espalhe e que outras pessoas também tenha atitudes como essa.

“Espero cada pessoa que viu, que curtiu, que compartilhou, que se comoveu com essa ação faça mesmo”, afirmou.

Foto: Reprodução/Rede Amazônica Acre

Foto: Reprodução/Rede Amazônica Acre

Foto: Reprodução/Rede Amazônica Acre

Foto: Reprodução/Rede Amazônica Acre

Vida dura

O malabarista Júlio Henrique Cardeal Camargo é de São Paulo (SP) e chegou a Rio Branco há cerca de um mês para se inscrever no curso.

Ele tira o sustento do malabarismo e trabalha ao menos três horas por dia no sinal. Nos dias bons consegue arrecadar de R$ 80 a R$ 100.

“Eu tava na Bahia e vim parar no Acre para me inscrever na Ufac e sempre trago meus malabares para fazer o sustento. Trabalho com o malabarismo desde 2011. Estou feliz aqui, feliz de saber que existe gente boa no mundo, que a solidariedade ainda existe”, afirma sobre os tênis que ganhou.

O malabarista faz trabalhos comunitários na Comunidade Cinco Mil, onde atua se aprofundando na sagrada medicina da Ayahusca, o Santo Daime.

Ele mora de favor na Colônia Luau onde foi acolhido, mas também faz massoterapia e escrita de projetos culturais.

“Não estou pagando aluguel esses dias, vivo na casa de amigos e em comunidade. Todo mundo se ajuda, cozinha junto. O povo da arte na rua sempre se ajuda, se tiver comida eles compartilham”, finaliza.

Júlio e Elielton - Fotos: reprodução / Rede Amazônica Acre

Júlio e Elielton – Fotos: reprodução / Rede Amazônica Acre

Com informações do G1