Rapaz que perdeu família para o tráfico comemora diploma universitário

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Por Só Notícia Boa
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Herbert Vinícius Jump - Fotos: reprodução / Facebook|Herbert Vinícius Jump - Fotos: reprodução / Facebook

Herbert Vinícius Miranda, de 25 anos, viu o pai, o tio e irmão serem assassinados pelo tráfico drogas no Rio de Janeiro. Mas a violência não fez o rapaz se entregar, ao contrário. Com estudo e dedicação ele desenhou outro rumo para sua vida.

No último dia 10, o jovem, conhecido como Vinicius Jump, comemorou orgulhoso nas redes sociais um feito inédito: ele se formou e conseguiu o primeiro diploma universitário da família.

O post do mais novo professor de educação física de Vigário Geral teve, em menos de uma semana, 50 mil curtidas e mais de 10 mil compartilhamentos.

Ao lado da foto em que veste a beca e exibe o canudo, ele escreveu:

“Filho, sobrinho e irmão de 3 traficantes mortos. Algumas poucas pessoas desejaram que eu tivesse o mesmo fim, porém, a história foi diferente. Vou exibir isso aqui em todo lugar mesmo, porque eu lutei pra conquistar. É preto, favelado e professor! Tô formado. #Edfisica”.

Superação

“Vi várias pessoas morrendo, se perdendo em drogas, que estão presas. No meio de tudo isso, parei para refletir e consegui atingir outra coisa, fazer diferente. Se eu olhar todos os meus amigos que cresceram comigo, não tem nenhum que se formou na faculdade. Claro, alguns vivem honestamente, têm trabalho digno. Mas, depois de tudo que eu vi da minha infância para cá, achei uma vitória muito grande a formatura”, reflete.

A força maior para seguir pelo caminho dos estudos veio de dentro de casa, onde foi criado pela madrinha e pela mãe.

“Não fui criado por marginais. Fui criado por pessoas que me passavam bons exemplos e diziam que a melhor forma de melhorar a vida eram os estudos. Eu tive uma boa base, educação. Só não tive dinheiro. Eu sei que para fazer tudo que quero, eu preciso estudar, disse ao G1.

O esporte também foi fundamental. Competidor de atletismo desde criança, Herbert Vinícius chegou a treinar no Vasco e sonhava em ir para os Jogos Olímpicos, mas abandonou para estudar.

Como atleta, conseguiu bolsa na Universidade Salgado de Oliveira, em Niterói, onde acaba de se formar.

Negro, Gay e favelado

“Sou um sobrevivente!”, diz.

Herbert Vinícius conta que aprendeu a viver com o preconceito e a lutar contra ele.

“Ser negro, LGBT, morar na favela, são questões que dificultam um pouco a convivência, mas a gente aprende a lidar. Morar na favela não é fácil, mas crescer sendo pobre, negro, tem tanta dificuldade que quando vem mais uma você só pode enfrentar. Qualquer uma, seja sexual, seja racial, tem dia que abate, entristece, mas tem que levantar a cabeça e seguir. ”

Agora formado, Herbert Vinicius quer dar aulas de educação física em colégios.

Conseguir o emprego é a primeira meta. A segunda é dar oportunidade para outras crianças terem no esporte uma oportunidade de desenvolvimento.

Assista ao vídeo em que Vinicius Jump fala no Facebook sobre homofobia – “Ser LGBT+ não é doença”:

Com informações do G1