Sistema para falar com pessoas em coma entra em testes: brasileiro

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Por Só Notícia Boa
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Luiz Fernando Borges em palestra no TEDx - Foto: reprodução / Youtube|

Devem começar ainda este ano os testes do Hermes Braindeck, sistema desenvolvido por um aluno brasileiro de 20 anos para se comunicar com pessoas em coma – mostrado em 2017 aqui no SóNotíciaBoa.

Depois de ter 80% de precisão em testes feitos com 50 pessoas saudáveis, agora o aparelho portátil deverá ser testado em pacientes da Santa Casa de Campo Grande com ajuda de profissionais da Universidade Católica Dom Bosco, no Mato Grosso do Sul.

O criador do sistema capaz de ler as mentes dos pacientes, é o estudante Luiz Fernando da Silva Borges – conhecido como Borges.

Ele desenvolveu o sistema dentro de seu quarto em Aquidauana, interior do Mato Grosso do Sul, quando tinha 17 anos. É um computador que lê as reações do cérebro do paciente quando ele ouve perguntas.

Este ano, em setembro, ele apresentou sua criação durante palestra do TEDx e disse que o método atual nos hospitais para classificar uma pessoa em estado de coma data de 1970.  (assista abaixo)

E durante esta fase vegetativa ele defende que o paciente sente e ouve tudo o que acontece à sua volta.

Como

Para fazer a comunicação com paciente em coma, é preciso colocar nele uma touca com vários fios conectados a sensores e um fone de ouvido para receber instruções.

Então é pedido ao paciente para imaginar o movimento da mão direita e o da mão esquerda. Cada pensamento ativa uma parte diferente do cérebro.

A máquina de Luiz Fernando traduz esses padrões em respostas positivas (sim) ou negativas (não). Dessa forma, o paciente consegue responder perguntas dos médicos e dos familiares.

“Nos hospitais, não existe ferramenta para medir a resposta da pessoa em coma sem ser a ressonância magnética, que não tem como ser usada no dia a dia”, afirma Luiz Fernando Borges.

Reconhecimento

Ele venceu na categoria engenharia biomédica em 2016 e 2017 o Intel International Science and Engineering Fair, prêmio promovido pela multinacional de tecnologia Intel e que destaca projetos em ciência e engenharia.

Em 2017 ele recebeu um investimento de 150 mil reais para desenvolver um computador que, quando conectado ao cérebro de pacientes em coma, consegue detectar e traduzir sinais para que a pessoa possa se comunicar.

O patrocínio veio de Ricardo Nantes, fundador do Portal Educação, presidente da startup Empodera e investidor-anjo. “É uma aposta. Pode ter um retorno alto, mas também tem um risco alto”, afirma Nantes.

Luiz Fernando Borges em palestra no TEDx - Foto: reprodução / Youtube

Luiz Fernando Borges em palestra no TEDx – Foto: reprodução / Youtube

Inspiração

Inspirado em uma pesquisa do neurocientista britânico Adrian Owen publicada na revista Science em 2006,Luiz Fernando desenvolveu um equipamento portátil para traduzir os sinais de quem estivesse em coma.

Em sua pesquisa, Owen mostrou que é possível se comunicar com pessoas em coma usando um aparelho de ressonância magnética.

O jovem brasileiro pegou o conceito e tornou-o portátil.

“Quis tornar esse tipo de comunicação possível ao lado do paciente”, diz.

Esperança

Com sua invenção, Luiz Fernando Borges espera entregar aos parentes a possibilidade de “ouvir” novamente o ente querido que está em coma.

“É uma questão de humanidade.Quero que pessoas irresponsivas possam ter a dignidade de se comunicarem ou de ter suas últimas palavras. Têm histórias de pessoas, que, mesmo conscientes, não conseguiram se despedir dos familiares”, conclui o estudante brasileiro.

Este ano, Borges deu uma palestra ao TEDx para explicar sua criação:

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Agora o vídeo inicial, quando ele apresentou o projeto em 2017

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Por Rinaldo de Oliveira, da redação do SóNotíciaBoa – com informações do SNB e Exame