Droga contra HIV pode frear Alzheimer e doenças de idosos

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Por Só Notícia Boa
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Células de ratos novas

Um medicamento usado no tratamento contra o HIV conseguiu reduzir significativamente inflamações relacionadas à idade, como Alzheimer e outros sinais de envelhecimento em camundongos.

“É promissor no tratamento de desordens associadas à idade, incluindo a doença de Alzheimer”, disse John Sedivy, principal autor do estudo e professor da Universidade Brown, nos EUA, em artigo publicado esta semana na revista científica Nature.

“E não apenas a doença de Alzheimer, mas muitas outras doenças: diabetes tipo 2, Parkinson, degeneração macular e artrite. Esse é o nosso objetivo”, completou.

Os pesquisadores descobriram como acontecem as inflamações em células velhas (células que não se dividem mais).

Sequências de DNA capazes de se replicar e de se mover para outros lugares são comuns no genoma humano e nossas células evoluíram para controlar esse “genes saltadores”, mas conforme envelhecem, uma sequência específica, conhecida como L1, podem “escapar” deste controle.

No novo estudo, a equipe de pesquisa mostrou que a replicação das cópias de DNA de L1 é detectada por uma resposta imune antiviral, que desencadeia a inflamação nas células vizinhas.

O remédio

As sequências de DNA L1 precisam de uma proteína específica chamada transcriptase reversa para se replicar. O HIV e outros retrovírus também precisam da mesma proteína da transcriptase reversa para se replicar e aí é que entra o papel dos medicamentos para HIV.

A equipe testou seis diferentes inibidores da transcriptase reversa do HIV para verificar se eles poderiam bloquear a atividade de L1 e sua replicação descontrolada.

Uma droga genérica contra o HIV, a lamivudina, destacou-se por sua atividade e baixos efeitos colaterais.

O crescimento de células humanas na presença de lamivudina não teve impacto quando as células atingiram a “velhice” nem mataram estas células velhas, disse Sedivy. Mas a lamivudina diminuiu a replicação descontrolada e as principais características das células velhas que promovem a inflamação em suas vizinhas.

“Quando começamos a dar este remédio de HIV para camundongos, notamos que eles tinham esses incríveis efeitos anti-inflamatórios”- John Sedivy, principal autor do estudo e professor da Universidade Brown

“Nossa explicação é que, embora os L1s sejam ativados relativamente tarde nas células velhas, a replicação reforça a resposta que é responsável pela inflamação associada à idade”, disse Sedivy.

O tratamento em camundongos de 26 meses de idade (aproximadamente equivalentes a humanos de 75 anos de idade) com lamivudina por apenas duas semanas reduziu a evidência tanto da resposta do interferon quanto da inflamação.

Em camundongos de 20 meses de idade, a lamivudina por seis meses também reduziu os sinais de perda de gordura e músculo.

Próximos passos

Segundo o pesquisador, os resultados foram encorajadores, mas há mais trabalho a ser feito.

“Se nós tratamos com lamivudina, nós fazemos um entalhe tangível na replicação descontrolada e na inflamação, mas isso não volta ao estágio normal (das células)”, disse.

“Podemos consertar parte do problema, mas ainda não entendemos todo o problema do envelhecimento (de células). As transcrições reversas de L1 são pelo menos uma parte importante dessa bagunça”- John Sedivy, principal autor do estudo e professor da Universidade Brown.

Testes em humanos

Sedivy gostaria de iniciar ensaios clínicos de lamivudina com humanos para várias condições associadas à idade, como a doença de Alzheimer e artrite.

A lamivudina foi aprovada nos EUA em 1995, tem sido usada para tratar HIV/AIDS por décadas, e sua atividade farmacológica e segurança estão bem estabelecidas.

“Os novos testes clínicos poderiam ser simplificados e focados na eficácia da lamivudina no tratamento de desordens associadas à idade”, disse o pesquisador.

Ele também gostaria de desenvolver um novo inibidor da transcriptase reversa especificamente para a transcriptase L1.

Para ajudar no desenvolvimento de um tratamento específico com efeitos colaterais mínimos, a estrutura molecular da transcriptase reversa L1 ainda precisa ser determinada.

Com informações do G1

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