Capoterapia: a capoeira que vem mudando a vida na terceira idade

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Por Bruno M.
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capoterapia|capoeira
 
    
Em Brasília o Mestre Gilvan e seu grupo usam a capoeira como base para um projeto revolucionário: a capoterapia.
Mestre Gilvan – É a Terapia através da capoeira. Em 1998, nós criamos um projeto aqui em Brasília, chamado capoeira para todos. Este programa foi um sucesso e em 1999 a gente voltou com este projeto chamado capoterapia.
E este trabalho saiu de Brasília e já está em mais de 160 municipios, 14 estados brasileiros e atendendo a mais de 20 mil adeptos.
A comunidade reunida em torno do encontro nacional de capoeira acontecido na rodoviária do plano piloto, só faz crescer. Os depoimentos da turma da terceira idade são estimulantes. 
Que o diga seu Valdomiro Gomes da Silva, praticante de capoterapia há quase dois anos: “Mudou muita coisa que antes eu não dava conta. Hoje eu dou conta. Eu mexia com roça, depois endureci, fiquei doente, aí entrei na capoeira e melhorei. 70% eu melhorei”.
Com menos impacto muscular a capoterapia conquistou adeptos entre os mais velhos e virou tema de livro escrito pelo jornalista e capoeirista Mano Lima. “O livro chama minha história minha vida, além da gente falar desta experiência magnífica que é a capoterapia, nós contamos a história de vida das pessoas que participam. Agora a gente publicou este livro, que reúne 66 histórias de idosos de Brasília, de Minas, Piauí, Mato Grosso, vários estados brasileiros que participam da capoterapia.”
A capoeira é um esporte originalmente brasileiro que já foi muito discriminado no passado, mas que hoje recebe contribuições do mundo inteiro. Mestres de várias partes praticam e disseminam a capoeira, e aqui em Brasília não é diferente, conforme atesta o Mestre Cafunga: “A gente quer, cada vez mais, juntar o máximo de capoeiristas possível para que a gente possa mostrar o trabalho, divulgar a nossa cultura, e mostrar não só para os outros grupos, mas ambém para a sociedade, que a capoeira é esporte, é cultura, é lazer.
capoeira
História –
O som do berimbau anuncia a roda de capoeira, um esporte que há séculos une dança e defesa pessoal,
Mais do que isso, a capoeira há muito, representa a cultura afrobrasileira urbana.
A própria palavra já denuncia seu nascimento no campo entre grandes movimentos de plantação de cana de açúcar.
As clareiras abertas na mata serviram de canal para a fuga dos negros em busca de liberdade e melhor condição de vida nos quilombos.
Mas há quem diga que a capoeira é própria da cidade, onde aquela brincadeira quase inocente das fazendas teria evoluído para a arte marcial.
Naquela época, a capoeira reunia não só ex-escravos e seus filhos, mas também figuras importantes da sociedade.
Aos poucos a capoeira foi se envolvendo com a vida política e chegou a ser amplamente utilizada como arma na luta entre as facções que se enfrentavam nos tempos do império e nos primórdios da república, sobretudo nas cidades do Rio de Janeiro, Salvador, Recife e São Paulo.
Os capoeiras eram contratados para interferir em comícios, tumultuar eleições e fazer a segurança de figurões da política.
Em 1864 na Bahia, grupos de capoeiras foram desorganizados por causa da convocação para a guerra do Paraguai, que tiveram uma participação ativa lutando contra os mercenários (soldados estrangeiros contratados para guerra), que se rebelaram e foram rechaçados pelos capoeiras.
E após a abolição de 1888, como sabemos, o fim do regime escravocrata não significou a aceitação imediata da comunidade negra na vida social.
Ao contrário, vários aspectos da cultura afro-brasileira sofreram violenta repressão, como a capoeira no Rio de Janeiro em todo o Brasil e principalmente no nordeste.
Talvez o caso da capoeira seja o mais evidente: essa forma de rebeldia, que já havia sido utilizada como arma de luta em inúmeras fugas durante a escravidão, tornou-se um símbolo da resistência do negro à dominação.
Assim, o Governo Republicano, instaurado em 1889, deu continuidade a essa política e associou diretamente a capoeira à criminalidade.
Entrevista com Mestres capoeiristas:
Mestre Bimba e Mestre Pastinha são consideradas os maiores nomes da história da capoeira em todo mundo.
É importante ressaltar que a capoeira Regional gerou uma grande polêmica no ambiente da capoeira, uma vez que muitos entenderam as inovações de Mestre Bimba como sendo uma descaracterização das tradições da luta.
Iniciou-se, nos anos 30, um debate que dura até hoje sobre o que é a “verdadeira capoeira” e que modificações podem ser introduzidas sem desrespeitar os princípios e tradições da luta.
Com Mestre Bimba a capoeira começa a ganhar espaço institucional na sociedade.
O mestre teve apoio dos estudantes universitários de Salvador que contribuíram para a sistematização de suas idéias e para a formulação de seu método de ensino.
Bimba fundou a primeira academia de capoeira em 1932 ( Centro de Cultura Física e Luta Regional da Bahia ), ensinou capoeira em quartéis e chegou apresentar uma roda de capoeira para o presidente Getúlio Vargas, em 1953.

Por Big Richard –  pretobig@gmail.com facebook.com/richard.santoss @Bigrichardd )