Cientistas descobrem bactéria que “come” poluentes dos rios: água limpa

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Por Bruno M.
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Foto: CEPEMA
Descoberta uma bactéria que remove poluentes da água utilizada em procedimentos industriais de Cubatão (SP) e a transforma em água totalmente pronta para o reuso. É o resultado de uma pesquisa feita no Centro de Capacitação e Pesquisa em Meio Ambiente (CEPEMA), da Universidade de São Paulo (USP), que é dedicado à pesquisa e educação ambiental em Cubatão.


A pesquisadora e doutora em Biotecnologia Elen Aquino Perpetuo, responsável pela pesquisa, conta que os estudos começaram em 2005.

Os próprios pesquisadores poluíram uma pequena quantidade de água para realizar os testes.

“Isolamos algumas bactérias que apresentam alta capacidade de degradar. Elas foram encontradas no ar de Cubatão mesmo. Estamos em uma região poluída, ao lado das indústrias”, explica ela.
“Ela (água) contém compostos bem tóxicos e algumas bactérias têm a capacidade de comer esses compostos, de degradar esses compostos, usam esse composto como fonte de carbono. Eles retiram esse poluente do efluente e transformam em gás carbônico e em água, que é o que a gente chama de mineralização”, afirma a pesquisadora.
Após esse tratamento biológico, a ‘água’ ainda está colorida, com um aspecto ruim. Por isso, é feito um novo processo, uma análise química para remover a cor.
É utilizada uma espécie de filtro a base de carvão, capaz de reter as impurezas e deixar a água transparente. 
“É uma água totalmente descontaminada, pronta para reutilizar ou descartar. Não é água potável, é para reuso da própria refinaria. Geralmente águas de indústria não são recomendadas para uso doméstico”, diz Elen.
Segundo a pesquisadora, a intenção do estudo é mostrar que há uma possibilidade de reutilizar a água nas indústrias, que gastam muito com a compra desse bem e tem alto consumo.
Além disso, a aplicação da bactéria para despoluir a água seria uma ação boa para o meio ambiente e economicamente positiva para as refinarias.


O ineditismo desta pesquisa é em relação a bactéria achromobacter.
“Esse tipo de bactéria nunca tinha sido descrita para o tratamento de efluentes. E pode ser que ela seja uma espécie nova, porque ela tem genes diferentes que tem essa alta capacidade de produzir enzimas que degradam o poluente”, explica.


A identificação e a ação de degradação da bactéria foram feitas pela doutora Elen e pelas as outras pesquisadores do CEPEMA.
O trabalho de biologia molecular, que identifica as bactérias, foi realizado em São Paulo por pesquisadores do Instituto de Ciências Biomédicas e do curso de Engenharia Química da Universidade de São Paulo (USP).
A partir da descoberta, o grupo de jovens, que fazem mestrado em Cubatão, pôde desenvolver outras pesquisas acadêmicas relacionadas às proteínas da bactéria, ao tratamento e remoção da cor da água e o isolamento da bactéria em áreas contaminadas por gasolina.


Agora, os pesquisadores querem patentear o processo para ver se conseguem baratear o custo.
Com informações do G1.