Mulher emagrece 20 Kg para doar fígado a criança desconhecida

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Por Bruno M.
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Fotos: Agência RBS
Veja que lição de altruísmo.
Ao saber que um menino, da idade do filho dela, precisava de um transplante de fígado para continuar vivo, Tatiana Solonca, 33 anos, decidiu doar parte do seu fígado à criança.
Ela não tem qualquer parentesco com João Vitor Loch, de 4 anos, a quem vai ajudar.
As vidas de Tatiana e João Vitor se cruzaram no final de 2013, na Igreja Batista do Alto Aririú, em Palhoça, Santa Catarina.
A avó do menino pediu que Tatiana e o marido, pastor da igreja, rezassem pelo menino.
Tatiana — que perdeu quatro gestações — decidiu fazer mais.
Como não havia doadores compatíveis na família de João Vitor, Tatiana resolveu fazer um teste de compatibilidade e o resultado, de fevereiro de 2013, foi positivo.
No dia 11 de fevereiro Tatiana embarcou junto com João e a avó para uma bateria de 35 exames no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo.
Na notícia de compatibilidade, o alívio para dona Maria, mas os médicos avisaram: Tatiana precisaria emagrecer e chegar a 70kg para a cirurgia acontecer com segurança para os dois. A mulher na época estava com cerca de 90kg.
Ela começou o regime.
No mês passado ela e o pequeno João Vitor Loch, fizeram uma bateria de exames em São Paulo.
Mas Tatiana tinha perdido 9 quilos, portanto, ainda estava 11 quilos acima do peso ideal para fazer a cirurgia do transplante.
O médico orientou que ela continuasse a dieta
Tatiana fez mais que isso: entrou em uma academia para acelerar o processo de emagrecimento.
“Eu pensava que tinha todos os motivos do mundo para estar deprimida, pois havia perdido dois bebês na barriga em 2013, e sempre tive o sonho de ser mãe de muitos filhos. Mas com o João eu aprendi que existem várias formas de ser mãe. Ele pra mim é um filho agora, e tenho fé que Deus me dará outros”,  disse emocionada ao Diário Catarinense.

Para dona Maria, mãe de João Vitor, faltam palavras para agradecer o sacrifício de Tatiana:
“Foi Deus que colocou ela na nossa vida. Tudo o que ela está fazendo pela gente, não tem preço. Só tenho a agradecer”,  diz com a voz embargada.
Entenda o transplante
O transplante de fígado ocorre principalmente de duas formas: utilizando o órgão de um doador que já morreu ou parte do órgão de um doador vivo, chamado de intervivos.
No caso de crianças, torna-se mais difícil encontrar doadores no tamanho adequado.
A cirurgia é de grande porte, e existe risco para os dois pacientes.
Uma pequena parte do fígado do doador é retirada, que se regenera entre quatro a seis semanas após a cirurgia, no entanto cuidados pós operatórios são necessários, e exige internação de cerca de quatro dias.
O transplantado fica um tempo maior internado, no mínimo 10 dias.
Também é preciso tomar medicamentos para evitar a rejeição.
As duas cirurgias acontecem em paralelo para diminuir o tempo do órgão fora do corpo.
No doador, dura em média de 4 a 6 horas, e no transplantado, em média 8 horas.
O fígado costuma acumular muita gordura, e quanto mais saudável for o doador diminui o risco na própria cirurgia e de rejeição.
Em Santa Catarina, nenhum hospital realiza o procedimento de transplante de fígado pediátrico.
O transplante ainda não tem data marcada.
Com informações do DiárioCatarinense