Menino adotado diz: tenho 2 pais e um cachorro

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Por Bruno M.
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Foto: Priscilla Geremias / G1
Uma criança vive melhor em um abrigo, ou em um lar homoafetivo?
Uma boa reflexão para fazer nesse dia dos pais e deixar de lado o preconceito.
Wesley, de 6 anos, costuma dizer que tem 2 pais e um cachorro,
O menino foi o primeiro adotado por um casal homoafetivo no Brasil e leva uma vida praticamente comum.
O supervisor educacional Marcos Leme e o companheiro Paulo Reis dos Santos aguardaram seis anos para conseguirem o direito na Justiça, que chegou a ser negado.
Leme conta que foi o próprio juiz quem recomendou que o casal não desistisse.

Então, eles juntaram depoimentos de amigos e entraram com recurso em 2008. Depois de cinco anos, a Justiça finalmente concedeu a adoção do menino ao casal.

Dois pais na certidão
“Hoje ele tem dois pais na certidão de nascimento e na carteira de identidade”, explica Leme.
Ele destaca ainda que ele e o companheiro foram o primeiro casal gay a conseguir este tipo de adoção.

O juiz orientou que nos documentos de Wesley constassem o nome dos dois pais. “Geralmente está escrito filho de pai e mãe, mas na dele aparece filho de Paulo e Marcos”, destaca.

Dois pais e um cachorro
O supervisor conta que logo no início da convivência com a criança, um professor fez uma roda de conversa sobre o tema família.

“Mesmo tímido, ele disse aos colegas em sala de aula ‘eu tenho dois pais e um cachorro’. Nesse dia a gente percebeu que o Wesley entendeu a ideia”, explica.

Hoje, a família convive naturalmente com a adoção e o casal afirma que nunca sofreu nenhum tipo de preconceito.

“Uma vez fomos a uma lanchonete e o garçom perguntou: ‘ele é filho de vocês? No plural. Quando dissemos que sim, ele achou legal”, lembra.

Juntos há 15 anos, o casal disse que busca construir com o filho o sentido da paternidade. “O Wesley chama os dois de pai. Quando quer falar com um específico, ele chama pelo nome para não confundir”, conta.

“Queremos construí-lo como uma pessoa capaz de melhorar este mundo, como um indivíduo ético, um amigo, confiável e leal”, escreveu Paulo em um de seus artigos do grupo interdisciplinar de sexualidade humana da Faculdade de Educação da Unicamp.

Em setembro de 2015, a adoção vai completar dois anos.
O casal pretende mudar de um apartamento para uma casa, para dar mais espaço para o filho tão esperado.

Com informações do G1