Quando era levado para abrigos de menores, ele fugia e voltava para o aeroporto.
“Deus é o que me move! O que fez mudar minha história foi o amor…”, disse em entrevista ao SóNotíciaBoa.
Andréa Carvalho tinha 19 anos e trabalhava em uma locadora de veículos. “A gente fez amizade. Às vezes eu chegava lá e comprava café da manhã para nós dois. Quando não tinha dinheiro, ela comprava café para mim, e almoço também”, disse ao G1.
Escondida da mãe, Andréa levava o menino de rua para tomar banho na casa em que viviam, na quadra 406, da Asa Sul.
Logo a mãe conheceu o menino, gostou dele, convidou para morar com a família e pediu a guarda de Ismael para a mãe biológica.
As duas “mães” se conheceram e conversaram sobre a adoção. “Até hoje elas têm uma boa relação. Minha mãe biológica respeita muito a adotiva e tem muita gratidão, mas elas não têm contato, uma não liga para a outra”, diz.
Estudo
O menino, que ainda não sabia ler, entrou na escola.
“Fui estudar em uma escola em que eu era o único negro. Tinha perdido um ano e meio de aula e era o mais velho em uma turma de crianças.”
“Passei bastante por essa questão do preconceito. Tinham professores que tinham preconceito, amigos. Ele se revela de várias formas, no simples fato de uma criança não querer brincar com você por ser negro. Depois, entre um determinado grupinho, descobri que tinham me dado apelido de ‘piva’ [pivete], que é moleque de rua.”
Mas nada disso o impediu de brilhar. Aos 19 anos, para passar no primeiro concurso público Ismael estudava 12 horas por dia. Aos 22 anos passou no primeiro concurso público, para bancário no BRB.
Seis meses depois, foi chamado para técnico no STF.
O jovem também foi aprovado para analista no Conselho Nacional do Ministério Público e para outros 3 concursos públicos. Atualmente, ele estuda para a segunda fase do concurso de delegado de Polícia Civil.
Reflexão e gratidão
Hoje, aos 33 anos ele pensa: “É uma antítese entre o malex do aeroporto e uma mesa de servidor do Supremo, que já me fez chorar muito. É uma junção de bênção, que se chama de sorte, com também aproveitamento de oportunidades”.
“O amor das pessoas (mãe e irmã) que num gesto lindo tomaram uma decisão a ser seguida: amar o próximo e não apenas amar, mas principalmente agir pra fazer a diferença na vida de alguém!”,
Sobre a popularidade, depois que o caso saiu na imprensa, Ismael disse ao SóNotíciaBoa: “Não sei lidar muito bem com isso não! Mas espero que esteja sendo edificante para as pessoas, afinal foi por isso que permiti a matéria!”, conclui.
Com informações do G1 e do SóNotíciaBoa