Jovem cria símbolos para daltônicos identificarem cores

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Por Só Notícia Boa
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Fotos: divulgação ColorAdd||

Uma tese de mestrado se transformou em um sistema de códigos para ajudar daltônicos a reconhecerem as cores.

Um jovem português criou símbolos para serem colocados em roupas, canetas, estações de metrô, enfim, em tudo que pode ser distinguido por cores.

O incrível é que Miguel Neiva não é daltônicos. Ele teve a ideia e mergulhou no mundos dos daltônicos para saber como poderia ajudá-los. “Falei com 146 daltônicos de vários países e fiz um inquérito”, conta.

E olha que são muitos daltônicos no mundo. Estima-se que haja 350 milhões de pessoas com o problema.

Estudos apontam que entre 8% a 10% da população masculina tenha algum grau de daltonismo.

O problema da perceção visual está associado ao cromossoma X e é mais provável entre os homens (que têm só um cromossoma X) do que entre as mulheres (que têm dois e que para serem daltónicas terão de ter o problema nos dois).

Outros estudos mostram que 90% dos daltônicos precisam de ajuda para comprar roupa e 17% só descobrem o que têm depois dos 20 anos.

Em 41,5% dos casos, as pessoas têm dificuldades em interagir socialmente. “Só por não identificar a cor quando a cor comunica alguma coisa”, aponta Miguel.

Foto: ColorAdd

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Os símbolos

“Parti de uma caixa de guache com três cores, mais o branco e o preto. Com base no conceito de adição de cores, criei um símbolo para cada cor. Tinham de ser coisas simples, algo que fosse entendido por qualquer pessoa em qualquer parte do mundo, com cinco anos ou 90 anos.”

Foi assim que Miguel criou uma linguagem, através de um código. “Queria que fosse uma linguagem democrática, ou seja, que não dependesse de tecnologia e com um processo de aprendizagem fácil.”

Foram oito anos de trabalho, mas, quando terminou, Miguel sabia que era necessário que a comunidade científica nacional e internacional validasse a inovação da sua ideia.

“Em 2009 passei um ano a escrever artigos científicos.” Ele foi a diferentes congressos mundiais onde apresentou o código e isso deu-lhe visibilidade e prêmios.

Foto: ColorAdd

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Empresa

A ideia deu tão certo que virou negócio: Nasceu a ColorADD.

“Na empresa temos um modelo de licenciamento por escalões, indexado ao volume de faturamento de cada empresa” , ou seja, uma empresa que queira implementar o código pagará uma licença renovável ou definitiva à ColorADD.

Ao aplicar o código a um produto – como nos lápis da Viarco ou nas etiquetas de roupa da Zippy – as empresas podem vender mais e exportar mais, o que aconteceu nos dois casos, segundo o designer e criador do código.

Educação

Na área da educação, através da ColorADD Social, as ações de sensibilização para o daltonismo nas escolas, os materiais didáticos com o código aplicado e os rastreios às crianças são disponibilizados sem qualquer custo, financiando pelos licenciamentos ou por patrocínios de diferentes entidades.

Até agora em Portugal existem 143 colégios envolvidos e 18 bibliotecas escolares equipadas com o código.

E o objetivo de Miguel continua claro: chegar aos 350 milhões de daltônicos de todo o mundo, permitindo que este sistema lhes traga melhorias no dia-a-dia.

Com informações do Expresso

Matéria sugerida por Karen Gekker