Família de refugiado do Congo chega em SP após 3 anos: emoção

-
Por Só Notícia Boa
Imagem de capa para Família de refugiado do Congo chega em SP após 3 anos: emoção
Foto: Flávia Mantovani/Salesianos

Acabou o sofrimento. Depois de três anos com a família vivendo do outro lado do oceano, o refugiado congolês Omana Petench Ngandu recebeu sua mulher e seus 5 filhos em SP neste fim de semana em São Paulo.

O encontro, no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Cumbica, Guarulhos, foi de arrepiar.

Omaha Ngangu agora vive a expectativa do ter seu primeiro Natal em família após três anos

Ele veio da República Democrática do Congo, uma das regiões mais tensas do continente africano, e vive refugiado em São Paulo há cerca de dois anos.

História

Na sua rota de fuga ele passou por França, Uganda, Quênia, Paraguai e Argentina.

Casado e pai de cinco filhos, o professor de Letras teve de fugir de seu país após sofrer um atentado promovido por rebeldes.

A principal causa da perseguição foi sua militância em favor de mulheres e crianças. Ele mantinha uma organização não governamental (ONG) para combater a violência sexual contra as mulheres e, também, contra o aliciamento de crianças e jovens pelas milícias locais.

“Eu protestei muito contra esse sistema que vitima as mulheres, que não têm direitos e que são expostas a todo tipo de violência, e crianças, que são exploradas pelas milícias rebeldes. Eu não podia aceitar isso porque penso no que será do nosso futuro, se fazemos isso com as crianças?!”, exclama.

Bandeira árdua em um contexto local onde 71% da população estão abaixo da linha de pobreza e onde a violação dos direitos humanos é de tal envergadura que é lá que está a maior base de trabalho da ONU.

A presença salesiana naquele país é intensa. Ali atuam cerca de 230 coirmãos.

O Congo, país de origem de Omana, dispõe de grandes riquezas minerais, como diamantes, ouro, cobre, cobalto e petróleo bruto, dentre outros, mas que se concentram nas mãos de apenas 5% da população.

Há quase 20 anos, uma guerra civil já fez mais de seis milhões de mortos e desaparecidos, batendo recordes também em comparação aos números da Segunda Guerra Mundial.

Vida nova

Mas seus olhos brilham de entusiasmo ao falar do Brasil e de poder trazer sua família para cá.

“O Brasil pode modificar essa cultura que vemos nos países africanos e no meu país. Eu entendo que os rebeldes que me feriram e mataram minha filha são frutos de um sistema, de uma cultura. Por isso não tenho mágoa deles. Precisamos lutar para que esse sistema mude e que isso não seja mais aceito. E acho que o Brasil pode ajudar nesse caminho!”, afirma, demonstrando esperança e fé em um futuro melhor para ele e para seu povo

Este Natal de Omana Ngangu será bem diferente dos três últimos, com a a mulher e os filhos novamente no seu convívio.

Há pouco tempo Omana recebeu do governo brasileiro o status de “refugiado”, o que faz toda a diferença, porque agora ele ‘existe’ no contexto da cidadania.

“E eu me sinto muito feliz de estar agora vivendo no Brasil. Aqui estão muitos descendentes dos meus ancestrais que ajudaram a construir esse país!”, declara entusiasmado, com um português carregado de sotaque francês, sua língua nativa.

Com informações do BoletimSalesiano