Livro recebido na cadeia muda a vida de preso: universidade

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Por Só Notícia Boa
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Um livro mudou a vida de um homem que estava preso na solitária, nos EUA.

Depois de ler a publicação, o americano Reginald Dwayne Betts, hoje com 35 anos, é um poeta de sucesso e acaba de se formar em Direito pela Universidade Yale, uma das instituições de maior prestígio dos Estados Unidos.

Condenado a nove anos de prisão por roubo, quando tinha 16 anos, Reginald recebeu na cadeia uma antologia de poemas escritos por negros, intitulada “Poetas Negros”. “Aquilo mudou minha vida”, disse à BBC. Um dos poetas que Betts leu foi Etheridge Knight (1931-1991), que escreveu sobre o período em que passou preso.

“Ele não ficou culpando os outros, mas descreveu seus próprios problemas, experiências e vícios. Ele me fez dar valor à palavra escrita”, diz Betts

“Knight, em especial, foi um sujeito que virou poeta na prisão e fez sucesso com seus textos após ser libertado. Ler ele e outros poetas me fez decidir ser também um poeta.”

Betts diz que isso o ajudou a aguentar o tempo que passou na prisão e, após sua libertação em 2005, o levou para um caminho completamente diferente.

Cinco anos depois, ele estava casado, tinha dois filhos e um emprego, estudava Literatura na faculdade e havia publicado livros antes de completar 30 anos.

Ele é o autor de “Uma Questão de Liberdade: Memórias de Aprendizado, Sobrevivência e Amadurecimento na prisão” e das coleções de poemas “Shahid Lê a Palma da Própria Mão” e “Bastardos da Era Reagan”.

Direito

O período na prisão também despertou nele o interesse pelo Direito, mas ser advogado não era exatamente um objetivo de vida.

“Quando estava na prisão, havia feito um curso básico de Direito, escrevi uma petição de habeas corpus por conta própria, trabalhei na biblioteca de livros jurídicos. Ao voltar para casa, participei a atuar como ativista. Meu mundo já estava dividido entre Direito e Literatura.

“Ele se inscreveu para faculdades de Direito e foi aceito em várias, entre elas quatro das universidades do grupo de elite dos Estados Unidos, a Ivy League, do qual Yale faz parte

“Eu havia estado preso, e todos sabiam disso. Mas, quando me formei, fui escolhido para carregar a bandeira e liderar minha classe na entrada da cerimônia. Isso foi muito legal.”Inspiração

Betts não esconde seu passado dos filhos. Recentemente, convidado a dar uma palestra na escola do filho mais velho, fez uma consulta a ele.

“Perguntei o que deveria falar, e ele sugeriu que falasse de mim. Respondi que, se citasse meus livros, teria que abordar meu período na prisão. Ele disse que deveria fazer aquilo, pois poderia ser inspirador para alguém”, diz Betts.

“Então, é meu filho quem me inspira hoje. Porque é fácil sentir vergonha de alguém que foi preso, mas ele sabe que alguém pode ter sua redenção: ir para a prisão e tornar-se uma pessoa diferente. Ele sabe quem sou hoje e que não deveria esconder os meus erros.”

Com informações da BBC