Refugiada síria que nadou para sobreviver é aplaudida na Olimpíada

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Por Só Notícia Boa
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Foto: Martin Bureau / AFP / Getty Images|Foto: Dean Mouhtaropoulos / Getty Images

A força dessa jovem síria é impressionante.

Yusra Mardini, de 18 anos, uma refugiada que nadou nas águas geladas do Mediterrâneo para conseguir refúgio na Europa, realizou outro sonho neste fim de semana, só que no Rio de Janeiro.

No sábado ela venceu na sua bateria de 100 metros borboleta de natação feminina, com tempo de 1:09:21. Foi muito aplaudida.

“Vou deixá-los orgulhosos”, disse Yusra, antes. “Quero representar todos os refugiados porque eu quero mostrar a todos que, depois da dor, depois da tempestade, vêm os dias tranquilos. Quero inspirá-los a fazer algo de bom em suas vidas.”

Porém na disputa seguinte, para uma vaga na final dos 100 metros borboleta, ela chegou em 41º lugar, entre as últimas e foi desclassificada.

Mesmo assim a jovem virou o xodó do público: um símbolo de um mundo globalizado e ao mesmo tempo dividido, em que milhares de refugiados perambulam em busca de um país que os aceite – e, mais do que isso, os adote de braços abertos.

Yusra também virou celebridade. Em sua página em uma rede social, a nadadora tem publicado fotos de seus treinos e da rotina na Vila dos Atletas.

Refugiados

A garota síria faz parte dos 10 atletas selecionados para competir na primeira equipe olímpica composta inteiramente de refugiados.

Os homens e mulheres da Síria, Sudão do Sul, Etiópia e República Democrática do Congo receberam muitos aplausos quando entraram na cerimônia de abertura na sexta-feira.

Foto: Dean Mouhtaropoulos / Getty Images

História

Mardini, de 18 anos, foi obrigada a nadar para sobreviver quando seu barco começou a afundar ao transportar ela e cerca de 20 outros refugiados para a Europa, no ano passado.

Ela e sua irmã, que também sabia nadar, pularam do barco e o empurraram por três horas e meia, até chegar à ilha grega de Lesbos, disse ela à Agência da ONU para Refugiados.

“Teria sido uma vergonha se as pessoas em nosso barco tivessem se afogado”, disse ela.

“Havia pessoas que não sabiam nadar. Eu não ia ficar lá sentada reclamando de que eu ia me afogar. Se fosse para se afogar, pelo menos eu me afogaria orgulhosa de mim mesma e de minha irmã.”

A virada

Depois que elas encontraram refúgio em Berlim, Mardini começou a nadar em um clube esportivo local, onde chamou a atenção de um treinador.

Quando o Comitê Olímpico Internacional decidiu colocar em campo uma equipe de atletas refugiados para alertar o mundo para a crise dos refugiados, Mardini estava entre os que se classificaram — menos de nove meses depois de chegar pela primeira vez à Europa.

“Quero que todos não desistam de seus sonhos e de fazer o que sentem no coração”, disse ela.

“Mesmo que pareça impossível, mesmo que não tenham as condições ideais, nunca se sabe o que vai acontecer, apenas continuem tentando. Talvez vocês tenham uma chance como eu tive. Ou talvez vocês criem sua própria chance.”

Com informações da Época e BuzzFeed