Por Andréa Fassina, da redação do SóNotíciaBoa.
Um capacete que interrompe lesões no cérebro de bebês, em caso de falta de oxigênio, e foi desenvolvido por pesquisadores da UFRJ e da Fiocruz.
A solução pode salvar milhares de recém-nascidos porque, segundo a Organização Mundial de Saúde, a falta de oxigenação é responsável pela morte 4 milhões de bebês todos os anos.
O dispositivo ganhou o prêmio de voto popular no “Saving Lives at Birth: A Grand Challenge for Development”, em Washington, do consórcio composto pela Fundação Bill & Melinda Gates, US AID, UK AID, Grand Challenges Canada, Coreia e Banco Mundial.
O capacete
O invento é uma lâmina que, rapidamente, se torna um capacete flexível. Ele resfria o local da lesão cerebral, interrompendo o aumento de temperatura local e o progresso de lesões no cérebro de recém-nascidos que têm asfixia.
Isso evita processos irreversíveis ou até a morte. O equipamento armazena um gás que permite ao cérebro continuar funcionando normalmente.
O tratamento pode durar até quatro horas, tempo para que a criança possa chegar ao hospital.
O dispositivo também pode ser um diferencial em regiões com rede de saúde precária.
A técnica
O resfriamento do cérebro é uma técnica existente no mundo inteiro, informa o pesquisador da Fiocruz Renato Rozental, especialista em neurociências e neurologia do Centro de Desenvolvimento Tecnológico em Saúde (CDTS/Fiocruz), que lidera os estudos.
A inovação do capacete flexível, esclarece ele, está na facilidade: pequeno e leve, o aparelho pode ser levado para qualquer lugar, e no fato de que independe de energia elétrica, baterias ou água corrente.
“Poderá ser usado até nas maternidades. Hoje o recém-nascido em situação de risco tem o corpo todo submetido a baixas temperaturas, o que pode desencadear arritmias cardíacas e disfunções de coagulação sanguínea. Com o aparelho, o tratamento pode ser localizado apenas na cabeça. No momento, o invento depende de financiamento para chegar ao mercado. Mas, com apoio, teremos esse aparelho à disposição do SUS em dois anos”.
O prêmio
Selecionada entre 750 projetos de 78 países, a iniciativa trouxe para as duas instituições o diploma de reconhecimento científico da inovação tecnológica.
A Grand Challenge for Development seleciona candidatos de diversos países com o objetivo de melhorar as condições de atendimento materno-fetal em regiões desprovidas de assistência médico-hospitalar e recursos básicos de infraestrutura.
Este ano, 49 candidatos foram selecionados, de universidades e centros técnicos de renome internacional, como Harvard, Yale, Cornell, Oxford e Massachusetts General Hospital, entre outros.
O consórcio estimula o desafio de encontrar ferramentas e abordagens necessárias para apoiar mães e neonatos no momento mais vulnerável dos dois: o trabalho de parto em regiões carentes.
Da redação do SóNotíciaBoa, com informações da UFRJ