Aumentou a taxa de doadores de órgãos no Brasil. Subiu de 14,6 pessoas por milhão de habitantes para 16,2 no primeiro semestre deste ano.
O crescimento atingiu 11,8%, o que leva o país a ficar bem próximo da meta prevista para este ano de 16,5 doadores efetivos por milhão de habitantes.
É o que mostra uma pesquisa da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO).
“A taxa mostra que o número de doadores efetivos voltou a crescer de forma significativa, o que não estava acontecendo nos últimos semestres”, disse à Agência Brasil o cirurgião cardiovascular José Lima Oliveira Júnior, integrante da Comissão de Remoção de Órgãos da ABTO.
Conscientização
O médico afirmou que o principal entrave ao aumento do número de doadores no país é a recusa das famílias quando abordadas após a constatação da morte encefálica de algum parente.
Atualmente, no Brasil, de cada 100 famílias, 43 recusam fazer a doação. “Esse é o principal entrave hoje”.
Essa taxa de recusa familiar varia de estado para estado. Na Região Norte, em alguns estados, a recusa alcança 90%. “De cada dez famílias abordadas, nove recusam a doação”.
A situação é melhor na Região Sul, onde os estados do Paraná e de Santa Catarina apresentam taxas de recusa entre 22% e 23%, próximas da média de países desenvolvidos como os Estados Unidos, a Austrália, Espanha e o Canadá, cuja taxa oscila em torno de 20%.
Transplantes
A pesquisa da ABTO indica que a taxa de notificação de potenciais doadores aumentou 4,5% no primeiro semestre deste ano, enquanto a taxa de efetivação da doação de órgãos cresceu 7,2%.
Foi registrado no período crescimento no número de transplantes de
- rim (5,8%),
- fígado (7,4%) e
- córneas (7,6%)
Em contrapartida, ocorreu redução nos transplantes de coração (-3,6%), pulmão (-6,5%) e pâncreas (-6%).
Oliveira Júnior esclareceu que pulmão e coração são órgãos mais difíceis de serem transplantados porque há recusa técnica, devido à viabilidade do órgão. “São órgãos mais sensíveis”.
De acordo com o cirurgião, quase 35 mil brasileiros estão na fila à espera de um órgão.
“A fila só aumenta ou diminui em função das pessoas que entram na fila e morrem, aguardando por um órgão, ou das pessoas que são transplantadas e não continuam na fila”.
A maioria das pessoas na fila aguarda doação de rim (20.523 pacientes).
Setembro verde
Neste mês de setembro, a ABTO promove em todo o país a campanha Setembro Verde.
Criado em 2012 por José Lima Oliveira Júnior, o projeto pretende estimular a doação de órgãos, além da busca de direitos para os pacientes em fila de espera e para os transplantados.
Vários monumentos e pontos turísticos no país estarão iluminados de verde durante todo o mês de setembro para chamar a atenção da população sobre a importância da doação de órgãos.
Um deles é o Cristo Redentor, no Rio de Janeiro.
A campanha tem como lema “Doe órgãos, a vida continua!” e destacará também o Dia Nacional da Doação de Órgãos, no dia 27 deste mês.
A campanha, que está na quarta edição, contará com diversas ações de conscientização em 22 estados que já aprovaram o projeto de lei que institui o Setembro Verde. Distribuição de folhetos, colocação de totens eletrônicos, além de eventos em agradecimento aos doadores estão agendados, entre outras iniciativas.
Na cidade de São Paulo, abrigos de ônibus e alguns pontos turísticos também ficarão coloridos de verde.
No dia 30, haverá celebração ecumênica na Catedral da Sé, além de distribuição de material explicativo sobre a doação de órgãos.
Com informações da AgênciaBrasil