Maior aquário de água doce da Europa representa o mundo

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Por Só Notícia Boa
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Foto: Groupe Boas||Foto: Groupe Boa|Foto: Groupe Boa

A capital de Vaud, Lausanne, Suíça, começa 2018 com o maior aquário de água doce na Europa.

Ele foi inaugurado pela Aquatis, empresa pioneira no ramo hoteleiro, conceito único na Suíça.

O Aquarium-Vivarium, maior da Europa, leva o visitante a uma viagem excepcional através dos mais fascinantes ambientes de água doce do planeta.

O lugar transmite aprendizado pela observação e pela experiência, apresenta ao público grandes ambientes aquáticos de água doce de todo o mundo reconstituídos, reagrupando em um mesmo lugar, fauna e flora terrestres e aquáticas, atividades humanas como o mergulho, pesca e pecuária, mostrando, assim, as interações entre elas.

O Aquarium contém quase dois milhões de litros de água doce, 20 ecossistemas diferentes, 46 aquários / vivários / terrários, 100 répteis e 10 mil peixes instalados dentro de um cenário espetacular que usa as melhores técnicas representadas pelos 5 continentes.

É um passeio rico e variado graças às tecnologias digitais, como as projeções em tamanho real, a visita aos répteis, anfíbios e peixes…

Tudo isso é enriquecido com representações de animais virtuais vinculando, assim, a ciência, a natureza e o público em geral.

O Aquarium funciona como um fórum onde se encontram cientistas, amadores e simples curiosos.

Foto: Groupe Boa

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O passeio

O percurso da visita é dividido em andares.

O primeiro é dedicado à Europa e lembra que a vida começou na água.

Na entrada, o visitante é projetado no fenômeno das grandes glaciações, compreendendo assim o funcionamento do clima da terra desde 3 milhões de anos atrás.

Encontramos o extenso rio Reno, um dos maiores da Europa, que traduz os efeitos das modificações do ser humano na natureza.

O Aquarium-Vivarium  questiona a exploração econômica do Reno, a capacidade de o homem domar a natureza se ela fosse feita com razão.

Seguindo viagem, vemos com flamingos da França em direção à Africa, observando o impacto do homem.

Ecossistemas ameaçados pelo crescimento da população, obrigados a serem isolados impedidos de se expandirem.

Para uma imersão total, todo o espaço parece estar integrado ao gelo.

Já no segundo andar surgem os lagos da África e o rio Congo, evocando a urgência de água potável para toda a população (metade dos africanos sofrem com problemas de saúde por falta de água potável e outras 330 milhões de pessoas ainda não têm acesso a água potável).

Há também manguezais asiáticos importantes para a natureza -despolui, habitat para grande fauna e flora, fonte de recursos naturais que são capazes de viver nos meios mais hostis – porém extremamente ameaçados, o rio Mekong e seus vilarejos flutuantes, um rio tão potente capaz de inverter o sentido das correntes d’agua que o alimentam.

Tem ainda o rio Pioneer que desagua na grande barreira de corais – maior estrutura viva da terra que se compõe de 3000 recifes, 900 ilhas de corais, se extendendo por mais de 2000 quilômetros e cobrindo uma superfície de 350 mil quilômetros quadrados visíveis desde o espaço.

Composta por mais de 400 espécies de corais, 1500 espécies de peixes e mais de 5000 espécies de moluscos, encontramos também o peixe-boi e tartarugas marinhas, também ameaçadas pelas tempestades fruto do aquecimento global.

Enfim, chegamos a floresta inundada amazônica com suas belezas e a ameaça surda que fazem pesar as inconsequências do homem.

Foto: Groupe Boa

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A Floresta Amazônica Brasileira dentro da Suíça

A Aquatis dá uma atenção especial a floresta amazônica: considerada o pulmão verde do mundo.

E para representá-la foi implantado entre os dois níveis do centro do edifício uma vasta serra tropical de 533 m2.

Um espaço gigantesco, atravessado pelo visitante que reproduz o clima da floresta amazônica com uma temperatura de 28 graus e uma taxa de umidade de 80%.

Aqui, árvores gigantes, cachoeiras, grandes tanques com miríade de peixes azuis, pequenos macacos de cara branca que, durante toda sua existência, viveram numa só arvore.

Assim será provado ao visitante que, sim! As árvores podem comandar o céu, tendo direito até a chuva de verdade.

A bacia amazônica se estende por mais de 7 milhões de km2 – 56% das florestas tropicais do planeta.

A desestabilização dos ciclos das águas devido ao  desflorestamento influencia o clima bem além da América do Sul e coloca o planeta em perigo.

Uma intensa evaporação causada por esta floresta leva à uma troca de água importante entre o solo e a atmosfera.

Os ventos predominantes sopram do leste ao oeste, o que leva uma quantidade excessiva de vapor.

A destruição dela provoca alterações á nível regional e mundial, mesmo se ainda é difícil de quantificá-las com exatidão.

A Amazônia pode ser considerada como um imenso ar condicionado.

A impressionante evapotranspiração de cerca de 500 bilhões de árvores consome uma quantidade intensa de energia solar, o que contribui para diminuição da temperatura do ar em todo o mundo.

A Amazônia e o Oceano Verde podem atenuar a violência atmosférica.

Durante o processo de evapotranspiração, a floresta pratica uma dosagem regular e constante, o que tem tendência a ajudar a minimizar os excessos de chuvas muito abundantes ou a secas prolongadas.

Foto: Groupe Boa

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Perseverança

Foi preciso mais de 15 anos de perseverança  e empenho de vários profissionais para que o projeto Aquatis, conceito único dedicado à água doce, na Suíça, que mistura animais vivos a um cenário imersivo e interativo, virasse realidade.

No começo dos anos 2000, o biologista Frederico Pitaval, engenheiro francês, desembarcou na Suíça com o ambicioso projeto de realizar um imenso aquário.

Primeiramente ele se aproximou de um dos renomes franceses, a biologista, Morgane Labous, e do museólogo suíço e fundador do Themais em Vevey, Vaud, Michel Etter. Juntos e cheios de coragem e esforço, apresentaram ao grupo constituído pelo arquiteto Richter Dahl Rocha,  e pelos engenheiros Daniel Willi e Fehlrath e Bosso, um projeto afinado e ainda mais audacioso que a empresa de construção civil Grisoni-Zaugg.

Esperançosos, eles participaram de uma licitação pública em Lausanne, capital de Vaud.

Pouco a pouco, o projeto evoluiu e se enriqueceu, virando assim o Aquario-Vivarium  um centro de competências inteiramente dedicado à água doce e aos seus ecossistemas.

Esse projeto visa despertar a consciência dos visitantes sobre a importância dos ambientes e do desenvolvimento sustentável, tanto sobre o plano econômico-social quanto ao patrimônio natural.

Passo a passo o visitante viaja no tempo e no aquário.

O visitante supera o limite do tempo e do ambiente para ver a vida no seu contexto oferecida pela água azul.

Ele se projeta no futuro e se interroga sobre o impacto dos progressos técnicos, industriais e dos efeitos da globalização.

É mostrado a eles os desafios éticos, ambientais e societários, ou seja, os desafios que cada um deve vencer sendo um cidadão do mundo.

No Aquati,  o cidadão vive a visita.

O visitante viaja no tempo e mergulha na era dos primitivos para melhor se deixar levar pelas evoluções, compreende o mundo na sua diversidade e temporalidade, percebe a água como um elemento de vida, unificador, construtor, enfim, água: um elemento de edificação original.

O Aquatis faz com que os visitantes, ao mesmo tempo, vivam o mundo aquático de hoje e dos 5 continentes. Uma maneira de confrontar o espiritual com o real para os sensibilizarem através de  ambientes e riquezas desconhecidos, invisíveis e conectá-los ao mundo na sua globalidade.

Existem exposições permanentes e temporárias, conferências, atividades pedagógicas ao lado de grupos e escolas, meio pelo qual o Aquatis alavancou implementos para oferecer uma vitrine aos cientistas, a fim de ajudá-los a valorizarem suas pesquisas e transmiti-las de maneira atraente ao público em geral.

Mais informações e reservas pelo site www.aquatis.ch

Por Ninna Crot, da Suiça para o SóNotíciaBoa