Os caminhos candangos
Para quem está de fora, tem-se a impressão de que a capital federal seja cercada de concreto armado e com muito pouca vida cultural ao seu redor. Confesso caro leitor, de que não estaria totalmente errado este imaginário, Brasília é concreto armado, e porque não, uma mistura de culturas, gente, povos, que ao invés de unir, afasta seus habitantes, não somos propriamente uma cidade caliente.
Porém, não se pode negar a vibração cultural do centro do poder político brasileiro.
Neste mês de dezembro, diversas peças, exposições e bares, agitam o cenário cultural. Há pouco, foi inaugurado na 113 norte, no plano piloto, um bar jazz, o Genaro Bar Jazz, especializado em jazz, com cenário que remete ao estilo musical, especializado em hambúrgueres especiais. Claro que não perdi a oportunidade de ir conferir a nova casa.
JAZZ E HAMBURGUERO jazz, ritmo que acompanha as especiarias do Genaro, é uma manifestação artístico-musical originária dos Estados Unidos.
Ele teria surgido por volta do início do século XX na região de Nova Orleães e em suas proximidades, tendo na cultura popular e na criatividade das comunidades negras que ali viviam um de seus espaços de desenvolvimento mais importantes.
O estilo se desenvolveu com a mistura de várias tradições musicais, em particular a afro-americana.
Assim como o termo rock tem sido usado para definir do tradicional rock ao Pop e outras tendencias regionais, como o mangue beat, o termo “jazz” vem desde longa data sendo usado para uma grande variedade de estilos, uma definição abrangente que inclua todas as variações é difícil de ser encontrada.
Fato é que após longa disseminação mundial e concorrencia com outros generos musicais, o Jazz vem ganhando novo folego e atraindo a juventude da capital federal. Isto fica claro nos inúmeros artistas internacionais de Jazz que visitaram Brasília neste ano e a abertura de um bar temático na cidade.]
Genaro Macedo Restauranteur – Não basta hoje só ter boa comida, bom atendimento ou boa bebida, um bom ambiente, tem que ser o pacote inteiro. A pessoa vem aqui, vai ter uma boa comida sofisticada do mesmo tipo que ela encontra pelo mundo, e o Jazz fechando este pacote de um ambiente bem agradável. É neste sentido que o Jazz vem para complementar e agora a gente é um ponto cultural através do Jazz. Aqui é um comércio, mas às vezes a gente tem evento com tanta qualidade e tão bom que eu digo que tivemos um evento cultural e não comercial.
Big -Entre hambúrgueres e blue notes, o jazz comanda a noite neste pequeno bar da asa norte.
Genaro- Tem dia que professor vem compor com aluno, aí é canja, o dia mais bonito foi no nosso aniversário, que parecia que
todo mundo no ambiente era musico, é uma comunidade da musica que freqüenta aqui que formou um ambiente muito agradável.
Big – Marcio Cabral está há 25 anos tocando na noite de Brasília, e sempre Jazz e blues.
Ele mantém viva a tradição de New orleans aqui no plano piloto.
Marcio Cabral- Músico- Exatamente, na verdade eu comecei em Belém do Pará, eu sou de Belém, de lá fui pro RJ do Rio pra cá e daqui vou pro mundo, mas volto sempre pra cá né.
Big– Brasília tem recebido uma série de festivais de jazz, porque você acha que isto está acontecendo?Teria uma aproximação maior entre este sotaque do sul dos EUA com a região candanga?
Marcio– Eu acho que tem muita gente boa fazendo jazz com tempero brasileiro há muito tempo aqui em Brasília, na verdade o jazz é o que eu chamo de musica popular internacional, no mundo inteiro se toca jazz com tempero local, eu já tive a oportunidade de tocar em vários países do mundo, e em todo lugar tem jazz especifico daquele lugar. Eu acabo de chegar de NY e lá você encontra jazz em cada bairro com um estilo diferente, os Porto-riquenhos tocam um tipo de jazz em NY, os brasileiros que moram em NY tocam outro tipo de Jazz, o jazz aceita todos estes temperos na base dele.
Açougue Cultural T-BoneOutra pedida para este mês de dezembro, é visitar o açougue cultural T-Bone. A iniciativa de popularizar o hábito da leitura, transformou o açougue T-Bone em Brasília numa referencia cultural no centro do distrito federal,contando com o apoio da comunidade artística e também de sua vizinhança, que pode desfrutar de projetos como a biblioteca 24 horas,saraus literários e pocket shows .Hoje os eventos do açougue cultural atraem a população do seu entorno, gente de fora do plano piloto e até mesmo turistas de passagem pela capital federal.
Gilsom Simões-Turista-Eu acho uma exelente iniciativa do rapaz aí do açougue {}Eu não sou da cidade, sou do rio de janeiro, mas to encantado com o acontecimento.
Marilena Vilela -moradora-Acho maravilhosa, acho que precisávamos ter até mais incentivos, seria maravilhoso.Uma idéia genial ,fechar a rua para nós podermos desfrutar desta noite cultural.
Toda quinta feira acontece o sarau de poesia do T-Bone, mas, a cada semestre acontece um grande evento, um show principal com alguma estrela da MPB, o que tem atraído mais público e atenção para a iniciativa do Luiz Amorim, o açougueiro idealizador do projeto que obteve recorde de público com o show do poeta da MPB Zé Ramalho.
Este sucesso cultural brasiliense, nasce do inconformismo e falta de oportunidade de um açougueiro no acesso a informação cultural.
Este cidadão que está modificando as relações artístico-culturais no distrito federal é o Luiz Amorim.
Luiz Amorim- Açougueiro & Produtor Cultural-
Eu vivi numa família humilde que não tinha acesso a arte, depois que eu comecei a ler, foi que despertou este interesse pela arte e daí eu quis levar isso para as pessoas também, esta inquietação minha.Eu olhava as pessoas, todos estranhavam muito no começo a iniciativa, até hoje as pessoas que não conhecem o projeto estranham porque não é um ambiente comum, mas graças a deus, tem dado certo e as pessoas tem aceitado de boa.
Desde 1998 organizando a noite cultural Tbone, este açougue é uma inusitada novidade na agenda cultural de Brasília.
Um dos principais colaboradores para o acontecimento da noite cultural é um mímico apresentador do evento.
Big– Miquéias, qual a importância de um açougue cultural como este para os artistas da cidade e do país hoje?
Miquéias paz- Mímico- Olha, além de oferecer uma carne de primeiríssima qualidade,a gente ainda desenvolve um trabalho mensal, que são pequenas células, pequenos trabalhos feitos com artistas locais e nacionais, ou seja, o açougue se tornou hoje a principal referencia do fazer cultural da cidade.Ele definitivamente está no calendário nacional, mesmo soando meio estranho, um açougue que faz cultura, mas é absolutamente interessante.
Big Richard
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