Por Gerson Belchior
Depois das negativas de vários países, Bolívia, Venezuela e Nicarágua ofereceram asilo a Edward Snowden. Assim, o jovem Americano já tem onde se refugiar, mas anda não divulgou para onde irá.
Ele corre risco, depois de ter denunciado que a Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos, NSA, está espionando todo o conteúdo do Facebook, Google e Apple, no mundo inteiro. Mais de 2 milhões de telefonemas, mensagens e e-mails só aqui no Brasil.
Por ter divulgado dados sigilosos, o ex-funcionário da Inteligência americana é procurado pelas autoridades dos Estados Unidos, acusado de espionagem, roubo e uso indevido de propriedade do governo dos EUA.
Edward Snowden tem 30 anos e era técnico da CIA.
Lá ele ficou sabendo do vasto esquema de espionagem feito pelos EUA: rastreamento de chamadas telefônicas, e-mails, conteúdo de rede sociais.
Snowden não concordou com a violação da privacidade das pessoas e decidiu contar o descobriu a jornais como “The Guardian” e “Washington Post”.
Depois da revelação, Snowden fugiu para Hong Kong e depois para Moscou, onde não pode desembarcar por que está com o passaporte revogado pelos EUA.
Ele viajou com a ajuda do WikiLeaks, de Julian Assange. O grupo enviou Sarah Harrison , uma das militantes, para acompanhá-lo.
O americano está ilhado em um aeroporto de Moscou, na Rússia.
Asilo
Snowden pediu asilo a 21 países, entre eles França, Itália, Alemanha, Brasil, Noruega, Índia, Polônia, Islândia, Áustria, Finlândia, Holanda e Espanha.
Alguns disseram não. Outros não responderam. Foi o caso do Brasil.
O primeiro país a oferecer asilo foi a Nicarágua. “Somos abertos, respeitamos o direito ao asilo e está claro que se as circunstâncias permitirem, receberemos Snowden com todo gosto e lhe daremos asilo aqui na Nicarágua”, afirmou o presidente Daniel Ortega.
O segundo foi a Venezuela. “Como chefe de Estado e de governo da República Bolivariana da Venezuela, decidi oferecer asilo humanitário ao jovem Snowden (…) para protegê-lo da perseguição desatada pelo império (EUA) mais poderoso do mundo”, disse o presidente Nicolás Maduro durante as celebrações pela Independência da Venezuela.
Edward Snowden ainda não informou para onde vai.
Risco
O americano fez a revelação de cara aberta porque se sentiu na obrigação de denunciar – mesmo a um custo pessoal – os imensos poderes de vigilância acumulados pelo governo dos EUA.
Snowden poderia ter permanecido anônimo, mas disse que considerou que sua mensagem teria mais força se viesse de uma fonte identificada.
“O público precisa decidir se esses programas e políticas são certos ou errados”, disse Snowden ao The Guardian em um vídeo de 12 minutos divulgado pelo site do jornal londrino.
Brasil
Neste sábado o Itamaraty pediu “esclarecimentos” ao governo americano e ao embaixador americano no Brasil, Thomas Shannon à respeito da denúncia, de que pessoas e empresas no Brasil teriam sido alvo de espionagem por parte da NSA.
Segundo o jornal O Globo, o Brasil teve “2,3 bilhões de telefonemas e mensagens (de e-mail) espionados”, de acordo com os em documentos coletados por Edward Snowden.
“O Governo brasileiro recebeu com grave preocupação a notícia de que as comunicações eletrônicas e telefônicas de cidadãos brasileiros estariam sendo objeto de espionagem por órgãos de inteligência norte-americanos”, diz comunicado do Itamaraty.
A nota diz que o governo brasileiro vai tomar duas atitudes:
pedir à União Internacional de Telecomunicações (UIT) o aperfeiçoamento de regras multilaterais sobre segurança das telecomunicações, e pedir à ONU iniciativas para proibir abusos e impedir a invasão da privacidade dos usuários das redes virtuais de comunicação, que protejam os direitos dos cidadãos e preservem a soberania de todos os países.
EUA
Questionado pela BBC Brasil, o Departamento de Estado americano disse por e-mail “Não vamos comentar publicamente ou especificar supostas atividades de inteligência. Como política, já deixamos claros que os EUA obtêm inteligência estrangeira do tipo coletado por todas as nações”. “O governo dos EUA vai responder apropriadamente a nossos parceiros no Brasil pelas vias diplomáticas e de inteligência.
Confidencial
Após um período sem declarações, no dia 1º de julho, Snowden afirmou que, apesar da intensa pressão de Washington, se sente livre para divulgar mais informações confidenciais.
Ele declarou ainda que se sente perseguido pelo governo americano e que teme pelo seu julgamento: “Dada as circunstâncias, é improvável que eu me beneficie de um julgamento justo, ou de um tratamento apropriado antes do julgamento”, afirmou, acrescentando que corre risco “de prisão perpétua ou pena de morte”.
Veja a entrevista de Edward Snowden aqui.
Fontes:
