Brasileiro já resgatou mais de 500 cães e gatos das ruas

Por Kariane Costa, para o SóNotíciaBoa.
O nome dele é Paulo Roberto de Freitas Guimarães. A profissão: anjo da guarda dos animais abandonados.
Morador da Penha, Zona Leste, da cidade de São Paulo, Paulo Roberto, de 28 anos, dedica sua vida a resgatar bichinhos largados nas ruas.
Ele diz que perdeu as contas de quantos já ajudou.
“Com certeza mais de 500. Entre cães, gatos, coelhos até aranha já resgatei. Uma caranguejeira, que achei na rua, levei ao instituto Butantan. Acabei virando sócio de lá”, brinca Paulo Roberto.
O inicio
A paixão pela proteção de animais nasceu quando criança, a inspiração veio da avó.
Paulo lembra do primeiro resgate, aos 7 anos: “Minha vó fazia uma trabalho com animais de rua e eu a acompanhava. Ela sempre ensinou a todos os netos que devemos respeitar os animais, ‘eles são nossos irmãos de quatro patas’, dizia”.
O primeiro resgate sozinho veio aos 15 anos, um filhote de boxer. “Na época meus pais eram contra, não queriam animais em casa. O dono do filhote não o queria e temendo que o fossem matá-lo, enfrentei minha família e fiquei com ele”.
Hoje, Paulo e o companheiro, Washigton Soares, abrigam 32 cães e 35 gatos em casa, fora os outros animais espalhados nas casas de parentes, amigos e hotéis para animais.
Custos
A despesa é alta. Só com ração pode chegar até R$1.800,00, fora os gastos com veterinário, vacinas, remédios e castração.
Como moram perto de 3 favelas, Paulo explica que pega os animais da região e os castra.
“Tem mês que a conta, fora a alimentação dos bichos, chegar a passar de 2 mil reais porque eu alimento cachorros de rua e cuido deles quando estão doentes, com pneumonia, verme, etc. Sem contar aqueles que encontro emuma situação triste” .
O jovem explica que acha importante castrar porque geralmente filhote de cachorro de rua é muito mau tratado. “Chegam a bater e judiar dos bebês’.
Paulo e o companheiro fazem o trabalho voluntário com os animais e participam de feiras de doações. Os 2 não são ligados a OnGs. Na verdade os dois são empreendedores e vivem da venda de bolos caseiros.
Profissão Perigo
Ajudar os animais tem seu risco. ” Um morador aqui próximo tinha uma Pitbull. Ele não a alimentava, a mantinha acorrentada e queria que ainda sim toda desnutrida e fraca, ela tivesse filhotes para ele comercializar”.
Paulo diz que durante a madrugada foi na favela sozinho e resgatou a cachorra. “Alguns vizinhos dele me viram e ele começou a me ameaçar inclusive com uma faca. Tive que registrar boletim de ocorrência. Histórias como essa tenho um monte. Mas, não me arrependo. Fui lá e escondi a cadela até ela estar a salvo”.

Lazinho
O último trabalho comovente foi o resgaste do cachorrinho batizado como Lazinho.
Ele ganhou esse nome porque, vendo o sofrimento do cão, Paulo e sua mãe fizeram uma oração pedindo a São Lázaro protetor dos cães, que o salvasse e fizesse com que ele resistisse até chegar ao veterinário.
” O encontramos andando com dificuldades nas ruas de Mogi das Cruzes, com as costas dilaceradas. Nossa maior desconfiança é que este pobre animal tenha sido vítima de seitas, por ser dia 02 de novembro, logo após o dia das Bruxas, e ele ser pretinho”, lembra Paulo.
Após cirurgias e muito sofrimento Lazinho hoje ainda está em tratamento, mas se recuperando.
Missão
“Meu pai e minha mãe não gostavam de cachorro, nem de gato. Eles nunca quiseram. Então sempre foram muito resistentes a ideia de eu ser protetor”.
Mas, Paulo conseguiu virar o jogo e hoje sua mãe é apaixonada por cachorros. E, o pai também.
“Eles são protetores! Minha mãe tem 15 animais e meu pai resgatou um animal atropelado ano passado”.
Ele diz que se sente privilegiado por ter transformado, não somente os pais, mas muita gente que se apaixonou pela causa.
“Eu nasci pra isso, com essa missão! Tenho que levar adiante “, completa Paulo.
Saudade
Paulo diz que as pessoas não podem maltratar ou jogar fora um animal, principalmente quando ficam velhos. É nessa idade que eles mais precisam de cuidado.
“Eu cuidei até os últimos dias do meu primeiro cachorro, Dinho. Viveu por 16 anos. Ele morreu no meu colo, vítima de um câncer. Na hora da morte lembro de ter dito para ele: ‘Filho se eu pudesse trocar de lugar com você eu trocaria'”.
A foto do primeiro cachorro continua na cabeceira da cama: “Até hoje e todos os dias quando eu olho me bate uma saudade extrema, que eu não sei explicar”.
Sonho
“Eu rezo e peço todos os dias que a humanidade tenha mais compaixão! Que o ser humano tenha um pouco mais amor pelos animais, porque eles não precisam de dinheiro, precisam de carinho.
Eu sonho sim com um mundo com menos crueldade! Um mundo onde o ser humano tenha mais solidadriedade com os animais, que as pessoas reconheçam que eles também são frutos de Deus”.
Só quem ama os animais consegue entender a verdade e a profundidade das palavras de Paulo.
Seu gesto de todos os dias impressiona pela dedicação, amor e coragem.
Então, que seja assim. Que existam mais Paulos, e nasça um dentro de você ao ler essa matéria.
Para entrar em contato com Paulo Roberto e ajudar escreva para: washingtonsoares06@gmail.com
Da redação do SóNotíciaBoa