Brasileiro Vik Muniz é o 1º artista vivo a expor no museu de Haia

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Por Só Notícia Boa
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O artista brasileiro Vik Muniz Foto: Ivone Lopes|A Mostra Verso de Vik Muniz Foto: Ivone Lopes||Vik Muniz e Emilie Gordenker

Por Patricia Alves, de Haia, Holanda, especial para o SoNotíciaBoa

Vermeer, Rembrandt… esses e outros mestres da pintura holandesa estão no museu Mauritshuis em Haia, Holanda, que durante este verão também abriga uma mostra do brasileiro Vik Muniz, o primeiro artista vivo a expor no local.

O trabalho escolhido é a série Verso, que revela uma faceta escondida de obras mundialmente conhecidas: a parte de trás dos quadros.

“Eu estou super feliz porque não só é a primeira vez que estou expondo esse trabalho em um museu que tem obras do mesmo calibre nas paredes, como também o fato de eu ser o primeiro artista contemporâneo que está expondo aqui, e ainda o fato de ser um museu que eu sempre gostei. Eu amo esse lugar,” confessa Vik.

A diretora do Mauritshuis, Emilie Gordenker, revela que a ideia de receber um artista contemporâneo já existia há algum tempo, mas que aguardava encontrar a pessoa certa:

“Vik Muniz foi a escolha perfeita porque é alguém que pensa muito sobre o que os mestres fizeram e também porque ele é brasileiro, e nós temos essa conexão, pois o Mauritshuis tem o nome do seu primeiro dono, conhecido no Brasil como Mauricio de Nassau.”

A Mostra Verso de Vik Muniz Foto: Ivone Lopes

A Mostra Verso de Vik Muniz Foto: Ivone Lopes

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Vik Muniz e Emilie Gordenker, diretora do Mauritshuis/Foto: Ivone Lopes

Vik Muniz e Emilie Gordenker, diretora do Mauritshuis/Foto: Ivone Lopes

A exposição

Verso não é o que você espera de uma exposição comum. Os quadros não estão pendurados na paredes, estão no chão.

Primeiramente, o visitante vê apenas peças de madeira, que não fazem muito sentido. É como entrar nos bastidores de um museu.

“Quando você entra na sala você tem a sensação de que a mostra ainda não está pronta, de que você está entrando em um local proibido. Você sente que está vendo algo a que você não deveria ter acesso”, avisa o artista.

Mas quando você começa a ler informações sobre as obras, tudo começa a fazer sentido e você se dá conta de que na verdade conhece aquelas pinturas, mas não por esse ângulo.

São quadros famosos como Mona Lisa (Leornado da Vinci) e A noite estrelada (Vincent van Gogh), mas expostos de uma maneira muito íntima, como Vik Muniz salienta:

“Aí vem a sensação de estar na frente de uma pessoa que você conhece bem, mas você percebe que essa pessoa está nua por alguma razão. É uma sensação muito estranha. É uma exposição que inspira muita reflexão sobre o que é uma pintura, porque mostra um lado que não costumamos ver.”

As peças de Verso são réplicas da parte de trás das pinturas escolhidas.

Vik Muniz, Verso (La Gioconda/ Mona Lisa), 2012 e Vik Muniz, Verso (O pintassilgo), 2016

Vik Muniz, Verso (La Gioconda/ Mona Lisa), 2012 e Vik Muniz, Verso (O pintassilgo), 2016

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Todo o material para compor as obras é escolhido cuidadosamente, e passa por um extenso trabalho de pesquisa que conta com a ajuda dos profissionais dos museus envolvidos, tudo para que o verso das obras seja idêntico ao original nos mínimos detalhes, como o tipo de madeira, imperfeições, inscrições, escritas ou selos.

Esse complexo processo de produção pode ser acompanhado em uma exibição multimídia no local.

As obras

No Mauritshuis estão expostas 15 obras da série Verso, cinco delas baseadas em obras que estão expostas no museu:

‘Moça com brinco de pérola’ e ‘Vista de Delft’ (Vermeer), ‘A lição de anatomia do dr. Tulp’ (Rembrandt), ‘O pintassilgo’ (Carls Fabritius) e ‘Vista da Ilha de Itamaracá’ (Frans Post). Essa última tem um significado especial porque é do período em que Mauricio de Nassau foi governador do Brasil holandês, de 1637 a 1644, simbolizando a relação entre os dois países.

Johannes Vermeer, Moça com brinco de pérola, 1665

Johannes Vermeer, Moça com brinco de pérola, 1665

Carel Fabritius, O pintassilgo, 1654

Carel Fabritius, O pintassilgo, 1654

“A maioria dessa pinturas são imagens icônicas, mas elas são também objetos, que precisam de cuidados. Esse trabalho te encoraja a pensar e a olhar de novo para essas obras, com um outro olhar,” avalia Emilie Gordenker.

Para Vik, a parte de trás conta outra parte da trajetória dessas obras: “cada pintura conta uma história diferente, pela parte da frente ela conta uma história que parou no tempo, se você olha a parte de trás ela conta uma história que continua, não acaba nunca.”

Veja a entrevista:

Youtube tumbnail video

Serviço:

Vik Muniz: Verso

Mauritshuis – Haia, Holanda

9 de Junho a 4 de Setembro de 2016

Da redação do SóNotíciaBoa