Medicina indígena é mais eficaz contra a dor, mostra pesquisa

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Por Só Notícia Boa
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Indígenas terão espaços na gestão Lula - Foto Eliseth Leão

A “medicina” dos índios brasileiros se mostrou mais eficaz contra a dor do que os tratamento com remédios da medicina tradicional.

É o que mostra uma pesquisa realizada com índios das tribos do Vale do Javari, no oeste do Amazonas, pela pesquisadora Elaine Barbosa de Moraes, 42,  para o Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa Albert Einstein, ligado ao hospital paulista.

“Fica bem evidente que, mesmo utilizando mais a medicina convencional, o alívio da dor vem mais com o uso do remédio da medicina tradicional indígena”, contou Elaine Barbosa.

A pesquisadora ouviu 45 índios das etnias marubo, canamari e matis, dos quais 80% recorreram à medicina tradicional indígena para o tratamento da dor e 64,5% confirmaram a eficácia desse método.

Entre os 87,7% que usaram a medicina convencional, tomando o chamado “remédio de branco”, 22,2% disseram que o tratamento foi eficaz.

Os remédios naturais

Os tratamentos indígenas mais usados são os chamados “remédios do mato”, feitos com plantas e que são responsáveis pelo alívio da dor de 40% dos entrevistados.

Existem ainda outras formas de tratar a dor, como, por exemplo, o uso de gordura animal, de enzimas, de banhos e de rituais de cura, conhecidos como pajelança.

Para Elaine, uma das causas da eficácia do tratamento indígena é o conhecimento deles sobre o uso de tudo que a floresta oferece:

“A medicina tradicional indígena é um conhecimento que tem muito a acrescentar para a saúde da nossa população e poderia, tranquilamente, ser incluída entre as terapias complementares de saúde, assim como já foram incluídas outras terapias.”

Experiência própria

Enquanto entrevistava índios no Amazonas para descobrir que dores sentiam e como as tratavam, a enfermeira Elaine Barbosa de Moraes, 42, enfrentava uma LER (lesão por esforço repetitivo) nos braços havia 5 anos.

Uma das mulheres da aldeia então aplicou na região dolorida uma resina chamada breu-branco, extraída da árvore de mesmo nome e misturada com urucum.

O remédio foi preparado pelo pajé que cantou sobre ele durante horas para ativar seu efeito. Três dias depois, a dor desapareceu, e o efeito se prolongou por quatro meses.

Mapeamento

A pesquisadora diz que o Brasil carece de um bom estudo de todos esses tratamentos e de um mapeamento maior dos tratamentos da medicina tradicional indígena, para que possam estar disponíveis para toda a população.

Segundo o ministério, a Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas reconhece a eficácia da medicina tradicional indígena e estabelece sua articulação com o sistema oficial de saúde:

“A orientação é para que os profissionais de saúde atuem em diálogo permanente com os saberes indígenas.”

Atualmente, são oferecidos três cursos, e dois contam com participação de trabalhadores do Distrito Sanitário Especial Indígena do Vale do Javari”, onde foi feita realizada a pesquisa.

Com informações do Diário da Saúde/Agência Brasil e Portal da Enfermagem