Menino que contou à polícia que estava com fome recebe doações de todo Brasil

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Por Monique de Carvalho
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A família vem recebendo doações de alimentos desde que vazou o áudio do menino dizendo para a polícia que estava com fome - Foto: Jair Amaral/EM/D.A.Press

A fome não espera! O apelo do pequeno Miguel, de 11 anos, comoveu todo o Brasil. O menino ligou para a polícia dizendo que estava com fome e pediu comida, contando que a família só tinha fubá com água para comer. Chegando lá os policiais constataram a situação de miséria, não aguentaram e decidiram ajudar.

“A guarnição ficou bastante comovida ouvindo os relatos das crianças, que há três dias eles estavam se alimentando apenas com água e fubá”, afirmou o tenente Nilmar Moreira. E dona Célia, a mãe das crianças confirmou:

“Eu só tinha fubá e farinha. Já tinha uns três dias que a gente estava assim. E que já tinha acabado as coisas, já tinha mais de 20 dias, mas ainda tinha um pouquinho de arroz, de algumas coisas”, contou a mãe do menino. Depois que o áudio do Miguel viralizou na internet, tocou o coração de tanta gente, que pessoas de várias partes do Brasil começaram a mandar ajuda.

O primeiro almoço

A solidariedade começou com a equipe dos militares. Na quarta-feira (3), a corrente do bem ganhou as ruas da comunidade onde mora, no bairro São Cosme, em Santa Luzia, Região Metropolitana de Belo Horizonte.

Agora Miguel olha tranquilo e cheio de esperança para o armário da cozinha. A despensa ficou cheia, como não acontecia há algum tempo.

O primeiro almoço de verdadeda família já contou com arroz, feijão e linguiça. Bem diferente da mistura de água com fubá de dias atrás. As crianças também ganharam brinquedos. E o telefone da Célia Barros, mãe do Miguel, não parou mais de tocar com ofertas de desconhecidos.

O pouco vale muito

Célia contou que está desempregada há cinco anos. A renda da família – formada por ela e mais seis filhos – é o Auxílio Brasil.

A dona de casa chegou a trabalhar como segurança e bombeiro civil. Mas, com a pandemia, as chances diminuíram e as dificuldades só aumentaram.

Ela disse que ajuda é importante e não importa o tamanho. “O pouco vale muito para quem tem fome”.

“Eu acho que, se cada um puder fazer um pouco, já se torna muito na vida de alguém. É muito triste a realidade de hoje, das pessoas carentes. Quando você vê uma criança, principalmente, pedindo ajuda, é porque a situação é extrema”, afirmou Célia.

Oportunidade para trabalhar

A mãe conta que não quer mais ver os filhos passando necessidade e só gostaria de ter uma oportunidade para voltar a trabalhar dignamente.

“Eu não quero mais deixá-los passar fome. Eu queria trabalhar, porque uma oportunidade de emprego para mim ajuda a manter a minha casa, mantê-los. Eu agradeço a cada um que está me ajudando. Que Deus tome conta de cada um, de cada família, para não passar a mesma situação que eu passei”, disse Célia.

Vão ganhar a reforma da casa

Além da ajuda com alimentação, na manhã desta quinta-feira (04), um grupo da Oitava Igreja Presbiteriana de Belo Horizonte visitou a casa da família e avalia a possibilidade de reformar o imóvel.

O grupo está buscando parceiros para levar o máximo de ajuda para Célia, Miguel e as outras crianças da família.

De imediato, eles vão ganhar uma porta nova. “Essa porta de entrada não fecha, tá toda quebrada. À noite, eu tenho que empurrar os móveis atrás dela para segurar, porque o lote todo é aberto. Fico com muito medo pelas crianças”, conta Célia.

Como tudo começou

O menino ligou para o 190 e pediu ajuda à Polícia Militar porque a família não tinha comida e estava passando fome. O apelo foi feito na noite desta terça-feira (2).

O vídeo, compartilhado na web, mostrava a angústia do garoto: “Minha mãe estava chorando no canto, eu pedi o telefone e liguei”, disse o garoto.

A mãe de Miguel, Célia Arquimino Barros, de 46 anos, vive, ou melhor, sobrevive com seus seis filhos fazendo bicos.

“Eu vivo de auxílio emergencial, e o pai manda R$ 250, mas não é todo mês que manda”, disse.

Policiais do 35º Batalhão da PM foram até a casa de Célia e constataram que não se tratava de um caso de maus-tratos.

A polícia vai continuar ajudando a família e disse que quem puder contribuir com cestas básicas e outras doações pode entrar em contato com o Batalhão de PM de BH.

 

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Com informações de Estado de Minas