Persas reconheciam pelo menos 3 gêneros, diz pesquisa

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Por Vitor Guerra
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A pesquisa da professora Megan chegou a um resultado incrível: Persas reconheciam pelo menos 3 gêneros! Foto: Reprodução/IFLScience.

Vamos aprender história?! Pesquisas recentes, a partir de análises de sepulturas de uma civilização de 3.000 anos atrás, que os persas reconheciam pelo menos três gêneros! Estes gêneros eram masculino, feminino e uma mistura entre ambos, compreendendo o que entende como intersexuais. A Pérsia era o nome da antiga região onde hoje está o Irã, um dos países mais fechados no mundo.

A autora do estudo, professora Megan Cifarelli, da Universidade de Mahnhattanville, nos Estados Unidos, ressaltou que há uma forte influência do viés ocidental nos estudos arqueológicos interferindo em resultados de pesquisa, como por exemplo em que vê sexo e gênero de uma maneira muito particular.

Apesar de alegações de que gêneros binários sempre foram universalmente históricos, a professora argumenta que não é dessa maneira, é que há muito mais o que descobrir sobre as civilizações antigas!

Sepulturas de Hasanlu

Há cerca de 3.000 anos atrás, na região noroeste do Irã, diversas sepulturas Hasanlu foram saqueadas e queimadas. Hoje o local habita o sítio arqueológico Hasanlu, com corpos, bens e outros detalhes que foram conservados desde aquela época.

O estudo da professora foi nesse local e ela descobriu muita coisa! Analisando milhares de relatórios, a professora conseguiu identificar um aglomerado de itens considerados masculinos e femininos.

O que chamou a atenção da pesquisa ao longo do estudo foi que, 20% dessas sepulturas não seguiam um binarismo de gênero, tendo uma mistura de objetos masculinos e femininos. 

Foi assim que a professora pôde aplicar sua teoria e entender que sim, os persas  de Hasanlu reconheciam pelo menos três gêneros!

Tigela dourada

A maior resposta para a pergunta da professora está desenhada em uma tigela dourada! Na imagem, é possível ver uma pessoa barbada que desempenha papéis femininos. 

“Isso significa que algumas dessas pessoas teriam sido o que nós chamamos de intersexuais, mas que os arqueólogos assumiram que eram homens ou mulheres e tentam caracterizá-las assim, assumindo que sua cultura via definições sexuais como o mundo ocidental”, afirmou a pesquisadora.

A professora vem apresentando sua descoberta em conferências acadêmicas e as respostas têm sido muito positivas! Megan ainda faz uma critica a maneira como, por vezes, arqueólogos categorizavam o sexo dos corpos. 

A pesquisadora afirmou que ossos incompletos, por exemplo, normalmente são identificados como masculinos ou femininos com base na sepultura onde a ossada foi encontrada, incluir uma arma ou algum item doméstico.

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Questionamentos

Megan entende que a sua descoberta vai ser questionada por muitos.

“As pessoas acham que devo ser uma radical das cruzadas, empurrando a política identidade contemporânea para o passado, mas na verdade estou tentando levantar o preso da política de identidade do século 19”, explicou.

Ainda que o objetivo da pesquisadora seja muito difícil, Megan não parece que vai desistir!

Em um dos eventos em que apresentava os resultados de sua pesquisa, Megan foi questionada por um homem da platéia. “É fácil dizer o sexo de um cadáver, as mulheres têm uma costela extra”, disse ele.  

Em resposta, a professora Megan disse que não é algo simples assim, a ideia é mais complexa e difícil de ser respondida em público.

 

Sítio Arqueológico de Hasanlu, localizado no Irã, foi local de atuação de pesquisa da professora Megan. Foto: Reprodução/Tipadvisor.

Sítio Arqueológico de Hasanlu, localizado no Irã, foi local de atuação de pesquisa da professora Megan. Foto: Reprodução/Tipadvisor.

 

Com informações de IFLScience.