Vacina contra dengue do Butantan tem dose única e eficácia de 79%, diz estudo

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Por Rinaldo de Oliveira
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Estudo confirma: a vacina brasileira contra dengue, do Instituto Butantan, tem 79% de eficácia em dose única. - Foto:

Viva os cientistas brasileiros! A vacina contra a dengue do Instituto Butantan, mostrou uma eficácia muito boa nos testes mais recentes. Segundo o instituto, a resposta do imunizante ao vírus é de 79,6%.

A Butantan-DV, como a vacina foi batizada, tem poder de imunização bem semelhante ao da vacina japonesa Qdenga, que começou a ser ofertada no SUS. A diferença – e uma super vantagem, nesse caso – é que o imunizante brasileiro é aplicado em apenas uma dose. A concorrente exige duas doses.

A vacina brasileira contra dengue está sendo desenvolvida há mais de 10 anos e deve ser liberada pela Anvisa até setembro. Os resultados do estudo científico dela foram publicados nesta quarta, 31 de janeiro. Os dados foram divulgados na revista científica “New England Journal of Medicine (NEJM)”.

Eficácia semelhante

A vacina está sendo produzida com os quatro tipos do vírus da dengue atenuados, ou seja, enfraquecidos.

A publicação revela dados de 16 mil pessoas acompanhadas durantes 3 anos no Brasil, gente que teve ou não contato com a doença.

A taxa de eficácia da Qdenga é de 80,2%, em duas doses.

Já a brasileira do Butantan, com sua dose única, tem 89,2% de eficácia em pessoas que contraíram a doença antes do estudo e 73,6% de eficácia naqueles que nunca tiveram contato com o vírus da dengue.

O imunizante é tetravalente e deve proteger pessoas com e sem contato prévio com o vírus, como a Qdenga.

Proteção contra quatro sorotipos da dengue

A vacina brasileira do Butantan, prometida para 2025, é projetada para proteger contra os quatro tipos diferentes do vírus da doença (DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4).

Durante o estudo, quando havia em circulação no país apenas os tipos 1 e 2, ela

se mostrou altamente eficaz na redução do risco de contrair dengue sintomática causada por esses sorotipos 1 e 2 da doença.

A eficácia observada para prevenir a infecção por esses vírus foi de 89,5% e 69,6%, respectivamente.

Eficácia em crianças, adolescentes e adultos

Ela também mostrou uma eficácia 80,1% entre crianças de 2 e 6 anos de idade.

Entre jovens de 7 a 17 anos, a eficácia foi de 77,8% .

Já entre adultos de 18 a 59 anos chegou 90%, segundo o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas.

Reações da vacina foram leves

De acordo com o estudo, as reações mais comuns à vacina brasileira contra a dengue foram leves, como dor de cabeça, fadiga, erupção cutânea.

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Final dos estudos

O Instituto Butantan vem desenvolvendo esse imunizante há mais de 10 anos, em parceria com o Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos (NIH, na sigla em inglês).

O estudo sobre a vacina avançou para fase 3 (quando começa a ser testada sua eficácia em pacientes) em 2016. Hoje está na etapa de acompanhamento.

A previsão é de que todos os indivíduos completem cinco anos de acompanhamento este ano.

Após o término do estudo de fase III, os dados serão analisados por uma comissão independente e só então o resultado dessa análise será submetido à aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

“[A vacina do Butantan] vai ficar pronta em setembro. E a gente está tentando antecipar esse cronograma. Vamos apresentar à Anvisa de maneira que no ano que vem a gente possa fabricar e fornecer”, disse o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) nesta quarta, em entrevista à rádio CBN.

Geração de anticorpos

No estudo de fase 1, o imunizante mostrou que induziu a geração de anticorpos (soroconversão) em 100% dos indivíduos que já tiveram dengue e em mais de 90% naqueles que nunca haviam tido contato com o vírus.

No teste clínico de fase 2, tanto a vacina liofilizada (em pó) desenvolvida pelo Instituto quanto a formulação original do NIH, induziram a produção de anticorpos e de células de defesa em pessoas com ou sem contato prévio com todos os sorotipos da dengue.

Quem poderá tomar a vacina brasileira

Até o momento, os pesquisadores não sabem se quem tomou a vacina japonesa Qdenga, da Takeda, poderá receber a do Butantan depois.

“A gente precisa gerar mais informações e é possível que a gente tenha que fazer um estudo algum dia sobre combinações de vacina”, disse Esper Kallás, diretor do Instituto Butantan, ao Jornal Nacional.

Dengue no Brasil

No primeiro mês deste ano, o Brasil contabilizou 243.721 casos (entre prováveis e confirmados) de dengue, mostrando um aumento de mais de 160% em comparação com janeiro de 2023, quando foram registrados 93.298 casos.

O número de mortes diminuiu de 61 (em 2023) para 24 (em 2024), porém, 163 mortes estão sendo investigadas.

O aumento nos casos foi observado em todas as faixas etárias, sendo que pessoas de 30 a 39 anos apresentaram o maior número de registros, com 48.672 notificações somente em janeiro. No ano anterior, as notificações foram de 18.796 casos.

A vacina contra dengue do Butantan fica pronta este ano e começará a ser aplicada pelo SUS em 2025. - Foto: Divulgação

A vacina contra dengue do Butantan fica pronta este ano e começará a ser aplicada pelo SUS em 2025. – Foto: Divulgação

Com informações do G1, CBN e JN