Se estivesse no ar, a Rede Manchete de Televisão completaria agora, em 2013, 30 anos de transmissões.
Com uma programação de qualidade, a emissora foi inaugurada em 1983 pelo Grupo Bloch.
Sem copiar a concorrência, nem apelar para a violência, a emissora carioca chegou com uma proposta elegante de fazer televisão: “Rede Manchete, qualidade em primeiro lugar”, dizia o slogan.
A Manchete do jornalismo forte, das novelas ousadas, dos shows que valorizaram o músico brasileiro, do esporte, do “Carnaval da Manchete”rico em detalhes, até hoje é lembrada com carinho pelo público, mesmo depois de mais de uma década de sua falência.
Para relembrar essa fase criativa, positiva, saudosa da televisão brasileira, está sendo gravado o documentário “Aconteceu, virou Manchete!”
A produção resgata os principais momentos históricos da emissora, que são narrados pelos próprios personagens que trabalharam nos bastidores e na apresentação da rede.
O documentário traz imagens do arquivo da Manchete, vinhetas, e entrevistas dos ex-funcionários e artistas da casa.
“Aconteceu, virou Manchete!”, o primeiro registro audiovisual sobre a trajetória de uma das maiores redes de televisão do Brasil, está em fase de edição.
O lançamento está previsto para junho.
Mas a produção acaba de liberar um teaser, ou treiler do documentário, que a gente mostra com prazer aqui no SóNotíciaBoa.com.br:
Serviço:
Página do Documentário no Facebook:
https://www.facebook.com/documentariotvmanchete
Anos de glória:
A Rede Manchete foi fundada no Rio de Janeiro em 5 de junho de 1983 pelo jornalista e empresário ucraniano, naturalizado brasileiro, Adolpho Bloch, e permaneceu no ar até o dia 10 de maio de 1999.
A emissora produziu pérolas da dramaturgia nacional como: Dona Beija (1986), Helena (1987), Kananga do Japão (1989), Marquesa de Santos (1984), A História de Ana Raio e Zé Trovão (1991), Tocaia Grande (1995), Xica da Silva (1996) e seu maior sucesso, a novela Pantanal, exibida em 1990 e reprisada várias vezes, inclusive no SBT, que comprou os direitos depois da falência da Manchete.
O fenômeno Pantanal registrou na época, 1990, média de 40 pontos no ibope e picos de 70, e pela primeira vez desbancou a Rede Globo.
4 concessões da extinta da Rede Tupi, cassada em 1980, mais a vaga da TV Excelsior, sediada na cidade de São Paulo, cassada em 1970, foram cedidas ao jornalista e empresário Adolpho Bloch em 19 de Agosto de 1981 pelo então presidente do Brasil, João Figueiredo.
A Rede Manchete ficou com o canal 6 do Rio de Janeiro (antiga TV Tupi carioca), o canal 9 de São Paulo (antiga TV Excelsior), o canal 2 de Fortaleza (antiga TV Ceará), o canal 4 de Belo Horizonte (antiga TV Itacolomi) e o canal 6 do Recife (antiga TV Rádio Clube de Pernambuco).
Quase dois anos depois das concessões, a Rede Manchete foi ao ar pontualmente às 19h do domingo, no dia 5 de junho de 1983, contando com um investimento inicial na casa dos US$ 50 milhões de dólares, um investimento altíssimo para a época.
Entre 1986 a 1992, chegou a ser a segunda maior rede de televisão do Brasil e a terceira maior potência na TV da América Latina (perdendo apenas a Rede Globo e a rede de televisão mexicana Televisa).
A agonia
A crise financeira, que derrubou a emissora começou em 1991, com má administração financeira e projetos milionários que não deram certo, como a novela Amazônia.
A Manchete foi vendida pela primeira vez em maio de 92 ao Grupo IBF, do empresário Hamilton Lucas de Oliveira, que fez fortuna com a impressão de raspadinhas.
No ano seguinte, em abril de 93, a emissora estava sucateada, pagava salários dos funcionários com atraso, houve greve de funcionários e o grupo Bloch conseguiu na justiça recuperar a emissora, alegando que a IBF, do empresário Hamilton de Oliveira, descumpriu cláusulas contratuais.
Em 20 de novembro de 1995, outro tombo: morre o empresário e dono da emissora, Adolpho Bloch, aos 87 anos e parentes dele assumem a Manchete.
A emissora ensaia uma nova decolagem no ibope. Passa a ter programas mais populares e aumenta a nudez nas novelas.
3 anos depois, em outubro de 98, Pedro Jacques Kapeller, o Jaquito, então presidente do Grupo Bloch e dono da Rede Manchete de Televisão, anuncia durante uma reunião com diretores e editores do grupo, que todas as empresas estão à venda.
Em novembro, o Ministério das Comunicações indica o Banco Pactual para tentar resolver a crise e promover a venda da Rede Manchete. Não deu certo.
Em dezembro de 98 um grupo de 25 funcionários da TV Rede Manchete São Paulo invade, ocupa a torre de transmissão da emissora, exigindo o pagamento de salários atrasados e tira a emissora do ar. Com uma câmera, os funcionários transmitiram imagens de bilhetes pedindo ajuda (“Estamos passando fome”, “Kappeler tem dinheiro e não paga”, “Estamos sem salário há três meses”).
Em Janeiro de 99, logo depois da posse do então presidente Fernando Henrique, Pedro Jack Kapeller, surpreende a todos envolvidos e anuncia a nova parceira da emissora a Fundação Renascer, administrada pela igreja evangélica Renascer em Cristo. do Bispo Estevan Hernandez. A Igreja entra na emissora aproveita parte dos funcionários e deixa outra de lado, igualmente sem salários.
No mes seguinte a parceria é desfeita e Kappeller, e a Manchete ensaia uma nova decolagem.
Mas Jaquito admite que não possui meios de pagar a dívida da emissora, de US$ 540 milhões com o governo federal e afirma que recebeu carta endereçada do Banco Rural, que dá o prazo de 24 horas para que o grupo pagar duplicata de R$ 5 milhões, descontada pela emissora em janeiro de 1999.
O adeus
No dia 9 de maio, num acordo acompanhado pelo Ministério das Comunicações, é anunciada que a Rede Manchete foi vendida ao grupo TeleTV por US$ 608 milhões de dólares.
O proprietário Amilcare Dallevo Jr. contou com um empréstimo de US$ 1 bilhão da financeira norte-americana Lehman Brothers e assumiu pagar passivos de R$ 330 milhões, cancelando todas as demissões feitas em 1998 e investindo US$ 100 milhões nos próximos 12 meses,
Amilcare Dallevo Jr inaugurou em 15 de novembro de 1999, a RedeTV!, com uma programação completamente diferente do padrão da Manchete.
Até hoje centenas de funcionários aguardam receber seus direitos trabalhistas, inclusive com processos transitado em julgado no TST.
Com informações do Wikipédia.
