Uma nova vacina preventiva contra HIV, testada em pacientes humanos por pesquisadores de Israel, teve “respostas imunes robustas” contra o vírus que provoca a Aids.
Os resultados foram publicados na revistas “The Lancet”. A vacina já havia sido testada em macacos rehsus em cinco países: Ruanda, África do Sul, Tailândia, Uganda e Estados Unidos. Os primatas imunizados apresentaram 67% de proteção contra o HIV.
A vacina é um “mosaico”, uma colcha de retalhos com sequências genéticas encontradas em diferentes cepas do HIV.
No caso dos humanos, a equipe liderada pelo pesquisador Dan H. Barouch fez a aplicação de uma dose padrão em 393 pessoas saudáveis – a ideia era testar a segurança, a tolerância e a capacidade de desencadear respostas imunológicas.
“Este estudo demonstra que esse mosaico candidato a vacina induziu respostas imunes robustas e comparáveis em humanos e também macacos”, disse Barouch, que também é professor da Faculdade de Medicina de Harvard.
Testes em macacos
A mesma vacina foi testada em macacos rehsus. Eles foram infectados após o uso da vacina, e apresentaram 67% de proteção contra o HIV.
De acordo com os especialistas, esta é a 5ª ideia de vacina que é testada quanto à eficácia em humanos, em 35 anos de história do vírus.
Próximos passos
A próxima fase dos testes clínicos envolve a participação de 2,6 mil mulheres sul-africanas que estão em risco de infecção por HIV.
“Nossa meta é que os resultados fiquem prontos entre 2021 e 2022. Esse será apenas o quinto conceito de vacina que será testado para verificar eficácia em humanos, em toda a história de mais de 35 anos da epidemia global de HIV”, disse o cientista, também professor da Escola de Medicina da Universidade Harvard (EUA).
Barouch diz, porém, que os bons resultados devem ser interpretados com cuidado.
“Os desafios para desenvolver uma vacina contra o HIV não têm precedentes e a capacidade para induzir respostas imunológicas específicas contra esse vírus não indica necessariamente que a vacina protegerá humanos da infecção por HIV”, disse.
De acordo com Barouch, quase 37 milhões de pessoas em todo o mundo vivem com HIV-Aids e cerca de 1,8 milhão de novos casos são registrados a cada ano.
“Uma vacina preventiva segura e eficaz é uma necessidade urgente para reduzir a pandemia de HIV.”
Desde o início da epidemia, apenas quatro conceitos de vacinas contra o HIV foram testados em humanos e apenas uma delas forneceu evidências de proteção em um teste de eficácia – a gp120, que foi testada na Tailândia e reduziu a taxa de infecção em humanos em 31%.
O efeito, porém, foi considerado baixo demais para que a vacina fosse utilizada.
Vacina do NIAID/EUA
No início de junho, a revista “Nature Medicine” mostrou outra vacina experimental contra HIV desenvolvida pelo Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas (NIAID), nos Estados Unidos, capaz de neutralizar dezenas de variedades do vírus.
Baseada na estrutura de um local vulnerável no HIV, a vacina induziu a produção de anticorpos em camundongos, porquinhos-da-índia e macacos, que neutralizaram dezenas de variedades de HIV de todo o mundo.
Um estudo preliminar em humanos já está previsto para começar no segundo semestre de 2019.
Vacina NIH/Johnson/Bill Gates
Além disso, uma outra vacina está sendo testada com 2,6 mil mulheres do sul africano.
O teste usa uma combinação de duas vacinas desenvolvidas pela Johnson & Johnson com os Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos (NIH, na sigla em inglês) e a Fundação Bill & Melinda Gates.
O estudo tem duração de três anos.
Preservativo
Independentemente do resultado das pesquisas é importante lembrar que o uso do preservativo ainda é a arma mais eficaz para evitar a contaminação pelo vírus HIV.
Com informações do G1 e Estadão