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Tecnologia brasileira filtra água com luz solar e ganha prêmio nos EUA
18 de abril de 2019
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Anna Luisa Santos - Foto: divulgação|
Anna Luisa Santos - Foto: divulgação|

Uma estudante brasileira ganhou prêmio nos Estados Unidos por ter desenvolvido uma técnica simples, barata e sustentável que filtra água contaminada nas comunidades mais distantes e carentes.

Anna Luisa Santos, de 21 anos, criou um sistema de filtragem para ser ligado a cisternas. Ele utiliza a radiação solar para transformar a água contaminada em própria para consumo em regiões castigadas pela seca.

A boa ideia, que reduz a quantidade de bactérias em 99%,  faturou uma bolada de R$ 25 mil com o segundo lugar na competição HackBrazil, evento brasileiro de tecnologia em Boston (EUA) que premia iniciativas empreendedoras.

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A final foi no último dia 5 durante a Brazil Conference. O evento estreou em 2015 e é coordenado por alunos brasileiros de Harvard e do MIT.

A competição reuniu 400 startups de tecnologia.

Anna Luisa Santos se formou em Biotecnologia pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) em 2018. Ela e outros três estudantes abraçaram a ideia promissora.

Aqualuz

A tecnologia brasileira foi batizada de “Aqualuz”.

Trata-se de uma caixa de inox que é coberta por um vidro e uma tubulação simples ligada à cisterna, um reservatório comumente usado para armazenar água da chuva ou de caminhão-pipa.

A filtragem da água ocorre sem a necessidade de uso de compostos químicos. Como consequência, ajuda na redução dos índices de doenças.

“A gente teve uma preocupação de desenvolver um sistema que fosse simples e eficiente para as pessoas, com uma excelente durabilidade”, contou Anna Luisa ao G1.

Como

A filtragem ocorre por etapas.

Primeiro, a água é bombeada da cisterna até a caixa, por meio de um encanamento, passando por um filtro ecológico que é feito de sisal;

O filtro ecológico retém partículas sólidas;

Depois, já com a água armazenada na caixa de inox, ocorre a desinfecção, em que o líquido é exposto à radiação solar para eliminação dos micro-organismos patogênicos. A alta temperatura na caixa ajuda a eliminar impurezas.

Por fim, um dispositivo que muda de cor, acoplado à caixa, alerta quando a água pode ser retirada da caixa, já pronta para o consumo, por por meio de uma torneira.

Aqualuz acoplado a cisterna - Foto: divulgação
Aqualuz acoplado a cisterna – Foto: divulgação

Tempo

Cada ciclo de filtragem dura, em média, 4 horas.

O dispositivo, que filtra até 28 litros de água por dia, dura cerca de 15 anos.

Precisa apenas de limpeza com água e sabão, troca do filtro natural (com o estoque de refil já fornecido), sem precisar de manutenção externa ou energia elétrica.

Funciona

Testes preliminares feitos em laboratório certificado, que usaram parâmetros do Ministério da Saúde, revelaram que o “Aqualuz” reduziu em 99,9% a presença de bactérias de referência.

“O ‘Aqualuz’ pode ser usado por até três famílias. Por enquanto, a gente indica o uso só em cisternas. Para rios e postos artesianos tem que ter análise da água para saber se é possível a descontaminação microbiológica e se tem contaminação adicional de metais pesados, por exemplo.

Nesse caso, o ‘Aqualuz’ não resolve”, relata a estudante.

O aparelho não resolve problemas de contaminações por metais, químicos, elementos radioativos e nem de salinidade.

Além disso, outro limitador é que funciona apenas com a presença do Sol — em dias nublados, o ciclo de filtragem demora mais porque requer mais tempo de exposição.

4 Estados

Anna afirma que 35 unidades do “Aqualuz” já foram implantadas em cidades de quatros estados no Nordeste: Bahia, Pernambuco, Ceará e Alagoas.

O custo do equipamento é de R$ 500 por unidade, mas Anna diz que a intenção não é comercializar diretamente para as pessoas que vivem no semiárido.

“A nossa proposta é vender o projeto para empresas, nosso foco são as empresas grandes com iniciativas de responsabilidade socioambiental, e também para órgãos governamentais, para que eles possam implementar e ajudar a melhorar a qualidade de vida dos moradores do semiárido”, destaca.

“A gente vai usar o dinheiro para desenvolver ainda mais o projeto, obter ainda mais certificações técnicas que atestem a eficiência do produto e implantar no semiárido inteiro. Estamos fazendo parceria com a Ufba para desenvolver mais testes. Hoje, já temos laudo que atesta que diz que o produto é eficiente, mas, como se trata de tecnologia para saúde, a gente também precisa de validações mais detalhadas. Quanto mais validações, melhor”, conclui.

Com informações do G1

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