Voluntários tiram dependentes químicos das ruas: proteger da covid

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Por Só Notícia Boa
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Dependentes chegando na fazenda - Foto: Salve a Si/divulgação||

Dependentes químicos que vivem nas ruas e na chamada cracolândia, no centro de Brasília, estão sendo levados espontaneamente para uma fazenda na zona rural de Cidade Ocidental, na divisa com Goiás, para protegê-los do coronavírus e também tentar livrá-los das drogas.

Eles estão sendo cuidados pela comunidade terapêutica da ONG Salve a Si, que ajuda dependentes há 12 anos na capital federal.

“Isolamos uma casa inteira, mobiliamos, organizamos, equipamos e colocamos 12 novos leitos [na fazenda]. Fizemos uma área de desintoxicação de início de acolhimento, também isolamos, equipamos melhor pra que todos que cheguem façam a desintoxicação prévia e depois sigam para a casa 1, a sede da fazenda que também foi isolada”, contou em entrevista ao SóNotíciaBoa José Henrique França Campos, de 45 anos, fundador da ONG Salve a Si.

Especialista em dependência química e alcoolismo, ele explicou como está separando os recém-chegados dos demais, para evitar uma possível contaminação pela covid-19 dentro da fazenda:

“Eles passam antes pela rede de pública de saúde, [pra ter] garantia de que todos estão assintomáticos e cada um deles passa 15 dias na [ala de] desintoxicação na casa 1, antes de se juntar aos demais acolhidos na fazenda”.

Nas últimas 3 semanas a ONG retirou das ruas “32 homens entre 18 e 60 anos que foram acolhidos dentro desse protocolo [de segurança]. Todos que estão chegando no novo acolhimento estão usando máscaras e não estão em convívio com os demais acolhidos. Estão isolados”, afirmou.

Lá eles reaprendem a viver sem as drogas, em tempos de isolamento social.

“A fazenda tem álcool pra todo mundo, [eles fazem] duas vezes assepsia geral com cloro, água sanitária, todos com protocolo de 5 vezes ao dia lavarem as mãos com sabão e depois passarem álcool.

Mais acolhidos

Mas o trabalho não terminou. Esta semana a ONG vai aumentar as triagens para tentar tirar mais dependentes das ruas.

Eles usam a alimentação como chamariz da população de rua, para construir vínculo com os dependentes químicos… e quem prepara os pratos são jovens que foram retirados das ruas e estão em tratamento na fazenda.

“As pessoas que estão recebendo alimentação na rua, estão pedindo vaga, estão sendo encaminhadas para nossa triagem, pra rede pública de saúde. Esta semana nós passaremos mais 15 acolhidos para se juntarem aos demais, se estiverem assintomáticos e sem risco do novo coronavírus”, disse.

Visitas interrompidas

A ONG interrompeu as visitas de familiares aos acolhidos que já estavam na fazenda para evitar aglomerações.

Os atendimentos estão sendo feitos na “Igreja Nossa Senhora das Mercês, mantendo o distanciamento de 2 metros mínimo, todos de máscara, entregando pertences dos seus acolhidos e recebendo as cartas e demais itens que eles encaminham para a família”.

Mas para matar a saudade, foi criado um sistema de vídeo.”

“Estamos fazendo vídeos e transmitindo para que as famílias possam ver e vice-versa. Dessa forma, nossos acolhidos estão tendo algum contato com seus familiares e logo que passe o problema do isolamento, as atividades voltarão ao normal, é o que mais desejamos”, disse Henrique.

“Não vamos perder as vidas que pedem ajuda pra se recuperar da dependência química. [A meta é livrar] essas pessoas da violência e do risco de contágio do novo coronavírus”, concluiu o fundador da Salve a Si.

Doações

A ONG sobrevive com apoio do Governo Federal, do Governo do Distrito Federal e também recebe doações em dinheiro na conta:

Banco do Brasil
Agência 2887-8
Conta corrente 14.875-x
CNPJ 11.208.669/0001-90

Comida feita na fazenda - Foto: Salve a Si / divulgação

Comida feita na fazenda – Foto: Salve a Si / divulgação

Henrique França Campos, fundador da Salve a Si - Foto: arquivo pessoal

Henrique França Campos, fundador da Salve a Si – Foto: arquivo / Correio Braziliense

Por Rinaldo de Oliveira, da redação do SóNotíciaBoa

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