A lei aprovada no mês passado, que proíbe e criminaliza a mutilação genital feminina – MGF – no Sudão, só depende agora da aprovação de integrantes do conselho soberano do país para finalmente entregar em vigor.
Esse conselho foi criado após a expulsão do ex-ditador Omar
al-Bashir.
“Esperamos que a lei seja aprovada pelo conselho soberano e, se isso acontecer, será uma expressão da vontade política neste país”, disse Amira Azhary, do Conselho Nacional de Bem-Estar da Criança e ativista da iniciativa Saleema, que faz campanha pelo fim da prática.
De acordo com a lei aprovada, qualquer pessoa encontrada realizando MGF pegará até três anos de prisão, de acordo com um documento visto pelo jornal inglês Guardian.
“O passo crucial será garantir que haja consequências para quem executa o corte em suas meninas”.
Ativistas agora torcem para que a lei seja aprovada logo pelo conselho.
“Esperamos que a lei seja aprovada pelo conselho soberano e,
se isso acontecer, será uma expressão da vontade política neste país “,
disse Amira Azhary, do Conselho Nacional de Bem-Estar da Criança e ativista da
iniciativa Saleema, que faz campanha pelo fim da prática.
Alguns estados do país baniram a MGF há alguns anos, mas as tentativas de banir nacionalmente não foram bem-sucedidas durante o governo Bashir, que agora está longe do poder.
A secretária de
desenvolvimento internacional do Reino Unido, Anne-Marie Trevelyan, twittou :
“Em nosso mundo turbulento, é fantástico ver o novo governo do #Sudan proibindo a mutilação genital feminina. Não há lugar para #FGM no século XXI. ”
A Baronesa Sugg, enviada
especial do Reino Unido para a educação de meninas, twittou :
“Este é um passo vital para um mundo em que todas as
meninas estão seguras”.
A mutilação
A MGF envolve a remoção parcial ou total da genitália externa feminina por razões culturais, não médicas, para que elas não sintam prazer nas relações sexuais.
O Sudão tem uma das maiores taxas de mutilação genital feminina do mundo.
Segundo a ONU, 87% das mulheres sudanesas foram submetidas à prática monstruosa.
As meninas geralmente são cortadas entre as idades de cinco
e 14 anos.
A ONU estima que
200 milhões de mulheres e meninas foram submetidas à MGF em 31 países – 27 dos
quais na África.
No entanto, um relatório publicado
em março disse que o número pode ser muito maior, já que a prática é realizada
em mais de 90 países, muitos dos quais não coletam dados.
Os líderes mundiais se
comprometeram a eliminar a MGF até 2030.
No entanto, como a prática está consolidada na cultura
sudanesa, os ativistas acreditam que vai demorar muito tempo para serem
erradicados completamente.
“Há muito trabalho a ser feito. É um começo, um bom começo”, disse Fatma Naib, oficial de comunicação da agência infantil da ONU, Unicef, no Sudão.
Com informações do TheGuardian