Vizinhos idosos fazem ‘janelinha’ no muro para matar saudade na pandemia

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Por Só Notícia Boa
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Vizinhos conversando pela janelinha feita no muro - Fotos: Taislayne Firmo dos Santos

Uma amizade de 43 anos. Esses vizinhos idosos todo fim de tarde punham cadeiras na calçada para “prozear”, como se faz no interior. Mas a pandemia acabou com a conversa diária, afastou e deixou tristes os velhos amigos.

Os aposentados Maria Verônica Firmo dos Santos, de 70 anos, Maria Angélica das Mercês, de 79 anos e Mário Evangelista da Silva, de 85 anos, estão trancados nas casas deles desde março do ano passado para evitar a contaminação pela Covid-19.

Mas dona Maria Verônica teve uma ideia simples e criativa para acabar com a tristeza e rever os amigos queridos: a “janelinha da amizade’.

A janelinha

Ela pediu ao marido, seu Pedro Gaspar dos Santos, de 73 anos, para tirar um dos tijolos do muro que separa as duas casas e fazer uma “janelinha” para que todos pudessem conversar novamente.

“Com o isolamento social que estão desde março de 2020, eles abriram uma janelinha e começaram a usá-la para conversar”, contou Roselaine, filha de dona Maria Verônica, em entrevista ao SóNotíciaBoa.

E deu certo. Respeitando as regras de distanciamento social, os moradores do bairro Brasília, em Sarzedo, Minas Gerais, agora podem matar a saudade e colocar as conversas em dia.

“Minha mãe fica mais longe, porque eles [os vizinhos] têm que chegar na beirada do muro”, disse Roselaine, que mora em Contagem e não tem ido visitar os pais por causa da pandemia, “só conversamos por video chamada”, afirmou.

Escadinha

E a vontade de matar a saudade e rever a amiga é tanta, que a Dona Maria Angélica agora faz malabarismo todo dia.

“Como a dona Maria Angélica é baixinha, ela fez uma escadinha de tijolos para subir [na janelinha]”, contou Roselaine.

Foi ela quem deu o nome “janelinha da amizade” para o espaço aberto no muro.

Assim, os velhos amigos mandaram embora a tristeza do isolamento e voltaram a prozear todo fim de tarde, com segurança.


Por Rinaldo de Oliveira, da redação do SóNotíciaBoa