Fernanda Montenegro é nova imortal da Academia Brasileira de Letras

-
Por Rinaldo de Oliveira
Imagem de capa para Fernanda Montenegro é nova imortal da Academia Brasileira de Letras
Fernanda Montenegro foi eleita com 32 votos para a ABL, Academia Brasileira de Letras - Foto: Leo Martins / Agência O Globo

Fernanda Montenegro, a dama do teatro brasileiro, acaba de ser eleita para a cadeira 17 da ABL, Academia Brasileira de Letras.

A atriz, de 92 anos, foi eleita nesta quinta, 4, com 32 votos, duas abstenções e um nulo. A cerimônia foi no Petit Trianon.

Fernanda é vencedora no Festival de Berlim e única atriz brasileira indicada ao Oscar (por “Central do Brasil”).

A votação foi uma mera formalidade, já que a Fernanda Montenegro era a única candidata para a vaga e ninguém ousou enfrentá-la.

A atriz, que tem 76 anos de profissão, assume o assento que tem como patrono Hipólito da Costa e que teve como último ocupante o diplomata e escritor Affonso Arinos de Mello Franco, morto em março de 2020.

“Lembro que cruzei com Affonso Arinos algumas vezes, uma figura referencial. Ele me parava e dizia: “Fernanda, escreva um livro e entre na Academia””, contou a nova imortal, em entrevista ao o Globo.

“Eu respondia: “Mas eu? Eu sou só uma atriz!” Agora veja esse milagre: a Academia me aceita e ele me antecede. Vai explicar um fenômeno desses”, disse.

Próximo ícone

No próximo dia 11, outro ícone da cultura popular deverá entrar para o quadro de imortais.

Gilberto Gil é favoritíssimo à cadeira nº 12, a qual disputa com o poeta Salgado Maranhão.

Como ministro da cultura entre 2003 e 2008, o cantor e compositor trouxe seu star power para o cargo e atraiu para pasta uma atenção maior do que a usual — quer campanha internacional melhor do que Gil cantando “Toda menina baiana” na ONU?

“Acho que tanto o Gil como a Fernanda serão capazes de dar à Academia a visibilidade que ela merece, e que andou diminuindo com o tempo”, diz o escritor e acadêmico Paulo Coelho, outra figura pop da casa.

“Não é só uma questão de visibilidade, mas de competência. Ambos são expoentes em suas áreas, com um longo trabalho, baseado em coerência e qualidade.

Coelho é o autor brasileiro mais vendido no planeta, com 210 milhões de exemplares, e traduzido para mais de 70 línguas em 150 países.

“Em um momento em que a cultura vem sendo atacada, ignorada por um governo que não faz nada além de tentar diminuir sua importância, é um sopro de vida ver Gil e Fernanda tendo mais uma vez o reconhecimento merecido”, disse Paulo Coelho.

Com informações de OGlobo