Aluno autista ‘excluído’ de formatura ganha festa em outro colégio. Vídeo

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Por Rinaldo de Oliveira
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O aluno autista do Sigma foi convidado e participou da festa de formatura do Colégio Marista de Brasília - Fotos: arquivo pessoal e Twitter

O colégio Marista de Brasília acolheu o aluno autista ‘excluído’- segundo a mãe dele – da formatura no Colégio Sigma de Águas Claras, no Distrito Federal.

A direção do Marista convidou e recebeu na festa de formatura do colégio o aluno Roberto Filho, que estuda do 9° ano no colégio concorrente. Veja como foi a festa abaixo e assista ao vídeo.

A mãe do garoto, de 15 anos – que tem autismo em grau leve – disse que ficou sabendo da festa pelas redes sociais, depois que o evento tinha acontecido. O Sigma nega.

O que diz a mãe

Ana Luiza Cabral postou no Instagram uma série de stories contando que seu filho foi excluído da festa de formatura do colégio em que ele estuda.

Segundo ela, a cerimônia aconteceu no último sábado, 26, mas ela só descobriu sobre o evento no domingo, 27, quando o seu filho viu fotos de seus colegas formandos nas redes sociais da escola.

Os posts logo se espalharam pela rede social e abriram uma discussão sobre exclusão de crianças autistas nas escolas.

Ana Luiza garante que não foi comunicada pelo colégio sobre a festa de formatura e diz que Roberto teve uma crise de ansiedade ao descobrir que não tinha sido convidado

“É uma dor muito grande, ele ficou muito chateado e nós também. Não dormimos há dias, o Roberto fica andando de um lado para o outro na casa e nós já percebemos que ele está introspectivo desde então”, disse a mãe ao Estadão.

O que diz o Sigma

O Sigma afirmou que o evento foi amplamente divulgado nos canais de comunicação do colégio, pelo aplicativo institucional, perfis nas redes sociais e por e-mail. E disse que ainda está apurando por que Ana Luiza não recebeu as mensagens.

Segundo a instituição, a cerimônia de formatura é optativa e não é organizada pela escola, mas por uma comissão de estudantes que contratam uma empresa terceirizada para fazer o evento.

O colégio reafirmou que é contrário a qualquer tipo de discriminação e disse que outros estudantes com deficiência participaram da cerimônia, que é aberta a todos os alunos, sem distinção.

Discriminação

Apesar da justificativa da escola, Ana Luiza não está convencida de que o caso tenha sido uma “falha de comunicação”, como foi dito a ela pelas coordenadoras da escola.

“Eu não recebi nenhum e-mail, nenhuma mensagem, nenhuma ligação. Quando perguntei à coordenação, eles disseram que comunicaram os pais por e-mail, mas eu não recebi nenhum. Chequei em todos os meios de comunicação que tenho com a escola, mas em nenhum deles tinha qualquer mensagem sobre a formatura”, afirmou.

A mãe também contou ao Estadão que, recentemente, o filho foi bloqueado pelos colegas da escola por enviar muitas figurinhas por WhatsApp.

“Eu tive que conversar com as outras crianças e pedir para que elas por favor o desbloqueassem, explicando que eu ia pedir a ele para que parasse de enviar figurinhas”, contou.

Ana Luiza reclamou também que Roberto nunca é chamado para festas de aniversário de colegas e ela nunca foi convidada para o grupo do WhatsApp das mães de alunos.

Apesar de interações entre alunos fora do ambiente escolar não serem responsabilidade da escola, especialistas em educação inclusiva recomendam que as instituições promovam ações de integração e quebras de preconceitos, explicando para os alunos neurotípicos (aqueles que não estão no espectro autista) sobre as especificidades da criança autista, colaborando para o entendimento e a empatia.

Direitos das crianças

Ana Luiza conta que, depois que compartilhou seus relatos no Instagram, recebeu diversas mensagens de outros pais e responsáveis por crianças autistas que passaram por situações semelhantes no País.

“Nenhuma criança pode ser excluída de sua festa de formatura, ainda mais uma criança com TEA (Transtorno do Espectro Autista). Isso representa até uma forma de discriminação, podendo configurar crime. Um dos pilares do autismo é a dificuldade na comunicação. Ele (Roberto) pode não ter entendido as questões burocráticas que envolvem uma formatura e ele é menor de idade, por isso, seus pais é quem deveriam ter sido comunicados. Mesmo sendo optativa e não obrigatória, era direito dele e da família poder escolher se ele iria querer participar ou não”.

Palavras de Claudia Hakim, advogada especialista em Direito Educacional e neurocientista da área de transtornos do neurodesenvolvimento.

A festa de formatura no Marista

Longe da polêmica, Roberto se divertiu muito na festa de formatura do Marista, que teve musica e brinquedos eletrônicos.

Ele foi bem recebido pelos colegas, pelos professores e ainda foi aplaudido no palco, depois de um discurso emocionante de uma das educadoras.

Em outras palavras, o menino sentiu a alegria de ser incluído e participar de uma festa de formatura.

Assista ao vídeo da formatura no Marista que teve o Roberto como convidado:

Com informações do Estadão e SNB