Vinho refaz flora intestinal e ajuda o coração, descobre pesquisa

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Por Monique de Carvalho
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A pesquisa descobriu que consumo de vinho merlot de forma correta ajuda a remodelar em poucas semanas a microbiota intestinal e a conter doenças cardiovasculares - Foto: Alla_Gettyimages

Uma tacinha de vinho, tomada de forma moderada, refaz a flora intestinal e ajuda no funcionamento do coração. Foi o que descobriu uma pesquisa feita em duas etapas, utilizando vinho da uva merlot, no Brasil, na Áustria, nos Estados Unidos e na Itália com homens cuja média de idade era 60 anos.

O consumo de forma correta contribui para remodelar em poucas semanas a microbiota intestinal cuja função nas doenças cardiovasculares é cada vez mais reconhecido pela ciência.

Os pesquisadores destacam a necessidade de obedecer o termo “consumo moderado”, uma vez que o excesso de álcool – maior do que 30 gramas por dia de álcool contido nas bebidas – está associado a aumentos na mortalidade por cânceres, acidentes e mortes violentas.

Estratégia de pesquisa

A pesquisa usou a estratégia conhecida como “cruzada”, ou seja, cada um dos participantes, todos homens, com idade média de 60 anos, passando por duas situações.

Na primeira etapa, por três semanas, os homens consumiam diariamente 250 mililitros de vinho tinto (com 12,75% de concentração alcoólica) e, pelo mesmo período, abstinham-se de álcool.

Em ambas as intervenções, houve  pausa de duas semanas no consumo de determinadas substâncias para que seus traços sejam totalmente eliminados do organismo.

Análise

Para melhor análise, os homens submetidos à pesquisa se abstiveram de bebidas alcoólicas, alimentos fermentados (iogurte, kombucha, lecitina de soja, kefir e chucrute, por exemplo), prebióticos (incluindo insulina), probióticos, fibras e derivados do leite.

Outra estratégia para afastar eventuais fatores de confusão foi submeter todos os participantes a uma dieta controlada e sem outros componentes presentes no vinho – por exemplo, polifenóis, presentes em chás, no morango e no suco de uva.

A cada intervenção, a microbiota intestinal foi analisada por uma tecnologia que permite a identificação genética das espécies de bactérias presentes.

Foram analisados ainda os metabólitos presentes no plasma (metaboloma plasmático), como resultado da metabolização de compostos químicos e alimentos. Um dos metabólitos de interesse dos pesquisadores é o chamado TMAO (N-óxido de trimetilamina), que é secretado por microrganismos da flora a partir de alimentos ricos em proteínas e tem sido associado ao desenvolvimento de doença ateroesclerótica.

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Impactos no organismo 

A microbiota intestinal dos participantes sofreu uma remodelação significativa após o período de consumo do vinho, com predominância dos gêneros Parasutterella, Ruminococcaceae, Bacteroides e Prevotella, todos microrganismos fundamentais no funcionamento normal do organismo, que os cientistas chamam de homeostase humana.

Também foram observadas mudanças significativas na metabolômica plasmática, consistentes com a melhoria da homeostase. É esse processo que garante o equilíbrio das moléculas oxidantes e antioxidantes, evitando o chamado “estresse oxidativo”, que induz doenças como a arterosclerose – inflamação nas artérias do coração.

Com esses resultados, os pesquisadores concluíram que a modulação da microbiota intestinal pode contribuir para os tão difundidos benefícios cardiovasculares do consumo moderado de vinho tinto.

Os resultados de um estudo científico demonstraram que o vinho reduziu em 12 por cento as chances de contrair o coronavírus Foto: Pexels

Consumo moderado de vinho ajuda a flora intestinal e o coração, diz pesquisa. Foto: Pexels

Com informações do Diário da Saúde