Vídeo faz casal viajar 2 mil km para adotar 4 irmãos adolescentes e não separar família

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Por Monique de Carvalho
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O casal do RS foi até o DF para adotar os 4 irmãos adolescentes. - Foto: reprodução TJDFT

Um casal do RS viajou mais de 2 mil km para adotar 4 irmãos adolescentes no DF. Eles conheceram os irmãos por vídeo, se apaixonaram por eles e correram para realizar o sonho de ter uma família grande e não separar as crianças.

Raquel e o Maicon Maria saíram do Rio Grande do Sul para buscar os quatro irmãos que viviam em um abrigo no Distrito Federal. E eles conseguiram após um processo muito logo.

O casal entrou para o programa de incentivo à adoção do Tribunal de Justiça do DF (TJDFT), chamado Em Busca de um Lar, e depois de assistir ao vídeo dos irmãos Zenilda, 15 anos; Kauã, 13; Maria Francisca, 12; e Francisco Joaquim, 9, não teve dúvida: “Quando a gente viu [os quatro], o desejo de adotá-los nasceu ali”, contou Raquel.

Família dos sonhos

O processo começou em junho do ano passado. Raquel e Maicon são casados há 12 anos e sempre conversaram sobre a possibilidade de adotarem uma criança.

“A adoção sempre foi um tema que a gente conversava muito, como uma possibilidade para ampliar a nossa família. Mas quando a gente realmente entendeu que era o momento de termos filhos, a gente começou a falar sobre adoção e entender um pouquinho mais”, afirmou  Raquel.

A mãe disse que o casal iniciou o processo com um perfil para dois irmãos e não esperava que fosse se apaixonar pelos quatro que ela conheceu.

Do outro lado, os irmãos tinham o sonho de serem adotados juntos. Eles sabiam que a possibilidade irem para a mesma família era pequena porque além de serem quatro, ainda se encaixavam no perfil de adoção tardia, que no Brasil ainda é bastante baixa a procura.

Ainda assim, os quatro não desistiram e agora comemoram os novos pais e o novo lar.

Amor de imediato  

Maicon contou que ele e a esposa já buscavam os filhos há um ano e meio.

“Desde o início da nossa habilitação, a gente já olhava muitos sites de busca ativa. Um belo dia, eu entrei nesse site de Brasília (Em Busca de Um Lar) e encontrei nossos filhos ali”, explicou o pai.

Maicon e Raquel lembram que ficaram muito emocionados com as crianças e já buscaram todas as informações, já que viviam em outro estado.

“A gente iniciou a aproximação virtual. A gente fazia vídeos e enviava para eles e eles faziam vídeos e enviavam para nós. Depois fomos para as chamadas de vídeo”, contou Maicon.

Após conhecerem bem as crianças, o casal viajou para Brasília e decidiu alugar uma casa para passar alguns dias com elas.

“Depois desse período, a gente veio para Porto Alegre e, desde ali, a gente está junto aqui em casa”, lembrou Raquel.

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Construção de vínculos

Pé no chão, Raquel disse que embora o amor seja imenso, as dificuldades existem, neste primeiro momento da adoção, mas que não há obstáculos intransponíveis, existem, sim muitos aprendizados com as situações.

“Embora a gente tenha estudado muito, a vinculação é uma coisa que acontece no dia a dia, não é de imediato. Cada dia que a gente convive a gente vai dando um passinho a mais”, afirmou a mãe.

Raquel acrescenta em seguida: “Conhecer o outro, saber acolher, entender quando está triste ou feliz, saber a hora de ensinar. Hoje a gente já consegue perceber muito do que a gente ensinou nas falas deles. São desafios tradicionais”.

O casal diz que está realizado e feliz com a decisão.

“Tudo o que a gente tem vivido, brincado, os passeios, a mesa cheia. A gente consegue perceber que mesmo em pouco tempo a gente tem construído muitas coisas juntos”, disse a mãe.

Adoção tardia 

Todo o processo de adoção dos quatro adolescentes foi acompanhado pela 1ª Vara da Infância e da Juventude do DF (1ª VIJ-DF) e pelo TJDFT.

Segundo dados divulgados pelo órgão, dos jovens que hoje figuram no cadastro local de adoção, quase 90% têm mais de 2 anos.

Do outro lado, apenas cerca de 7% das famílias atualmente habilitadas aceitam acolher crianças acima dos 3 anos. Metade de quem espera pela adoção integra um grupo de irmãos, enquanto 30% das famílias aceitam acolher até um trio de irmãos.

Para equacionar essa diferença de perfis, o programa da 1ª VIJ-DF dá visibilidade a esses meninos e meninas e, com o auxílio da busca ativa – ação de procurar proativamente famílias em condições legais para adotar –, tem proporcionado o encontro entre pais e filhos por meio da adoção, a exemplo dos irmãos Zenilda, Kauã, Maria Francisca e Francisco Joaquim com os pais, Raquel e Maicon.

Assista ao depoimento da Raquel e do Maicon sobre todo esse processo:

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