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Após 40 anos cuidando do Cerrado, idoso tem sítio tombado como 1º Patrimônio Natural Perpétuo do DF

Vitor Guerras
01 / 09 / 2023 às 11 : 28
O Sítio das neves agora é reconhecido como Patrimônio de Preservação Permanente graças ao cuidado de 40 anos do seu Eugênio, dono das terras, com a natureza. - Foto: Reprodução/Eugênio Giovenardi.
O Sítio das neves agora é reconhecido como Patrimônio de Preservação Permanente graças ao cuidado de 40 anos do seu Eugênio, dono das terras, com a natureza. - Foto: Reprodução/Eugênio Giovenardi.

O trabalho de 40 anos de um idoso, que cuidou esse tempo todo do Cerrado no sítio dele, foi reconhecido. O Distrito Federal reconheceu o Sítio das Neves como o primeiro Patrimônio Natural Perpétuo do DF.

Agora o local se tornou uma Área de Preservação Ambiental Permanentemente e não pode ser usado para outro fim. A área, de 70 hectares, que fica na BR-060, protegida pelo seu Eugênio Giovenardi, de 89 anos, é repleta de nascentes e tem um grande ecossistema na região.

“A água em maior abundância me abriu os olhos. Famílias de pássaros se instalaram em diferentes partes do sítio, uma variedade de arbustos, flores e sementes reapareceu, os animais voltaram a habitar essa área”, contou Eugênio ao Correio Braziliense.

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Como conseguiu

O idoso conta que, em 4 décadas, fez uma verdadeira recuperação ambiental no Sítio das Neves, que inclui desde evitar queimadas anuais, impedir o corte de árvores, até levantar barreiras para reduzir a velocidade das águas que saíam das nascentes.

A região, que antes era deserta, foi aos pouquinhos se transformando, como um trabalhando de formiguinha, dando vida à localidade.

“O propósito inicial das barragens era de conter as enxurradas nos períodos de chuva, e conseguir segurar a água por mais tempo para absorção do solo”, explicou o idoso.

Durante todo o período, o homem fez questão de ressaltar que não plantou uma árvore sequer, todo o trabalho foi realizado pela natureza, na própria ação do tempo.

Sócio da natureza

“A natureza tem milhares de sócios e eu sou um deles, mas talvez o menos produtivo. Sócios de verdade são os cupins, insetos, passarinhos e morcegos”, brincou.

No local, segundo estudos realizados por geólogos, 75% das águas da chuva são absorvidas pelo solo.

Ao todo, Eugênio realizou mais de 120 barragens em todo o sítio.

“Quando chove, isso aqui (barragem) fica cheio por seis meses. E, com o tempo, vai esvaziando, mas até esvaziar a água teve tempo de infiltrar”, disse.

1º patrimônio natural perpétuo do DF

Assim, o local agora se torna o 1º patrimônio natural perpétuo do DF.

A iniciativa foi assinada entre o dono do Sítio, o escritor e ambientalista Eugênio Giovenardi, 89, e o Instituto Brasília Ambiental (Ibram).

A decisão, que saiu no último dia 18, foi tomada em família, principalmente por ele e pela esposa Hilkka Mäki, jornalista aposentada.

“Nós realmente queríamos isso. E também estamos pensando em criar uma associação de amantes do cerrado para que, no futuro, continuem o nosso legado”, falou.

Agora, assinado o termo que transforma o Sítio das Neves em patrimônio, Eugênio tem seu trabalho reconhecido e o local preservado permanentemente.

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Berço das águas

Rôney Nemer, presidente do Ibram, explicou que o cerrado é o berço das águas e trabalhos como o do idoso são essenciais para proteger o meio ambiente.

“Todo mundo que, de forma espontânea, ao invés de ganhar dinheiro, escolhe contribuir com o meio ambiente de Brasília e do mundo é sempre bem-vindo”, afirmou.

Com a descoberta das ações de Eugênio, Rôney disse que outros proprietários estão buscando o órgão para transformar mais lotes em áreas de preservação.

“Os grileiros invadem terras abandonadas e destroem tudo. Nós temos feito parcerias para combater a grilagem de terras, impermeabilização do solo e aterramento das nascentes”, disse o presidente lembrando a importância do reconhecimento do Sítio como patrimônio.

Nenhuma árvore cortada

Os 40 anos cuidando do território renderam casos. Quando projetava o caminho para os carros trafegarem da porteira até a casa, Eugênio foi chamado a atenção pelo caseiro da época, Eliseu. O rapaz alertou que os galhos de uma das árvores poderiam atrapalhar a passagem dos veículos.

Eugênio tinha a resposta na ponta da língua. Nenhuma árvore seria cortada, e que se necessário, mudaria o trajeto dos carros.

“Essa árvore não tem um galho sequer virado para a parte da estrada, eu falo que ela nos escutou e colocou seus galhos somente do outro lado. Batizei a árvore de Eliseu, em memória ao meu caseiro”, concluiu seu Eugênio, um verdadeiro herói da natureza.

A assinatura do termo aconteceu no último dia 18 no Sìtio das Neves. Foto: Reprodução/Eugênio Giovenardi.
A assinatura do termo aconteceu no último dia 18 no Sìtio das Neves. Foto: Reprodução/Eugênio Giovenardi.
O casal Eugênio e Hilkka Mäki são os responsáveis por preservar, há mais de 40 anos, a área do Sítio. Foto: Reprodução/Eugênio Giovenardi.
O casal Eugênio e Hilkka Mäki são os responsáveis por preservar, há mais de 40 anos, a área do Sítio. Foto: Reprodução/Eugênio Giovenardi.
Os 70 hectares, que antes eram um deserto, agora são repletos de nascentes. Foto: Reprodução/Eugênio Giovenardi.
Os 70 hectares, que antes eram um deserto, agora são repletos de nascentes. Foto: Reprodução/Eugênio Giovenardi.

Com informações de Correio Braziliense.

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