Casagrande conta como se recuperou: “troquei o prazer da droga pelo prazer da cultura”; vídeo

Não foi em campo, nem na televisão, que Walter Casagrande Júnior enfrentou a partida mais difícil da vida dele. Ídolo do futebol brasileiro e comentarista reconhecido, “Casão” abriu o coração ao relembrar como se recuperou da dependência de drogas, durante participação no programa Sem Censura, da TV Brasil.
A conversa foi conduzida por Cissa Guimarães, com a presença do filósofo Mario Sergio Cortella e do jornalista Zeca Camargo. Foi nesse cenário que Casagrande revelou a dor, a negação, os tropeços e, por fim, a descoberta de um novo caminho.
“A droga escolhia por mim”, confessou. Mas o melhor veio a seguir quando ele contou como se recuperou: “troquei o prazer da droga pelo prazer da cultura”. A cena viralizou e reabriu o assunto nas redes sociais. Vale a pena assistir (abaixo).
O acidente que mudou tudo
Casagrande relembrou o momento que se tornou o divisor de águas na vida dele. Em setembro de 2007, sofreu um grave acidente de carro após adormecer ao volante. “Capotei o carro em cima de seis veículos”, contou. Na época, ele não comia, não bebia água e estava completamente entregue às drogas injetáveis.
Sem ter consciência da gravidade de sua situação, o ex-jogador acordou em uma clínica psiquiátrica. Lá, passou seis meses internado, sem visitas e completamente isolado do mundo exterior. No início, resistia ao tratamento e não se reconhecia como dependente. “Eu dizia que parava quando quisesse, que estava com saudade da minha mãe, que precisava trabalhar”.
E foi o confronto com uma psicóloga que o fez começar a enxergar a verdade. “Ela me disse: ‘Você só ia atrás de droga. Agora está com saudade? Isso é justificativa para sair?’ Aquilo me desmontou”, relatou, emocionado.
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A recuperação
O processo de recuperação, segundo ele, foi doloroso, mas libertador. Ao longo do tratamento, começou a entender o verdadeiro significado da palavra “liberdade” e que estar limpo exigia responsabilidade e autoconhecimento.
“A minha segurança é saber o limite da minha liberdade. Hoje eu sou totalmente livre, mas sei até onde posso ir”, afirmou.
Casagrande destacou a importância do acolhimento profissional e da escuta. Foi ao entender a si mesmo, suas dores e limites, que conseguiu encontrar força para seguir em frente. “Foram dez anos difíceis para caralh*. Mas eu estou aqui.”
Caminho de cura
Um dos pontos altos do relato foi a forma como ele disse que substituiu o vício por algo novo. Incentivado pela psicóloga, Casagrande passou a frequentar teatro e cinema como parte da terapia. Mesmo relutante no início, começou a criar uma nova rotina.
“Comecei meio forçado, e depois passei a ir quinta, sexta, sábado… Depois terça também”, contou, com um sorriso no rosto.
Aos poucos, aquele novo universo se transformou em prazer. “Troquei o prazer da droga pelo prazer da cultura”, afirmou, com orgulho.
Hoje, ele vê o teatro e o cinema não só como entretenimento, mas como ferramentas de conexão, expressão e cura. E vai semanalmente assistir a algum filme ou peça de teatro.
Que saída esplêndida, não?
Assista a um trecho da entrevista de Casão a Cissa Guimarães, no programa Sem Censura, da TV Brasil:
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