Estudante cego, que começou a estudar com 20 anos, se forma na universidade aos 43

Ele superou muitas barreiras e venceu. O estudante cego Edmilson Alves da Silva, o primeiro a se formar na UFV (Universidade Federal de Viçosa) com essa condição, vai além do que se conhece como superação.
Hoje, aos 43 anos de idade, ele comemora o diploma de Pedagogia, mas lembra como foi difícil a conquista. Ele só começou a estudar com 20 anos porque os pais, trabalhadores rurais do interior de Minas Gerais, achavam que a deficiência visual era doença e ele não teve acesso à educação.
“Meus colegas e irmãos iam estudar, e eu ficava em casa. Não era por maldade dos meus pais, era por falta de conhecimento. Eu ficava pensando: será que eu não vou conseguir também?”, lembrou.
Estudava com crianças de 7 anos
Edmilson só aprendeu a ler e escrever depois que completou 20 anos quando procurou por conta própria a escola municipal da comunidade onde vivia. Aí começou a frequentar turmas com crianças de 7 anos.
“As crianças liam para mim o que estava escrito no quadro. Eu escrevia com régua na folha, mas não conseguia ler o que escrevia, pois não era em braile. Mesmo assim, continuei, porque queria aprender”, disse ao g1.
Para ajudar a ler o que escrevia, Edmilson usava letras recortadas em EVA – um tipo de espuma leve e flexível. Com o relevo, a textura e as formas, ele usava os dedos para identificar as palavras do alfabeto porque não havia braile onde estudava.
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Aprendeu braile
Somente aos 27 anos, em 2012, ele começou a aprender braile, na Sala de Recursos de uma escola estadual em Ponte Nova, cidade vizinha.
Aí, concluiu o ensino fundamental e médio pelo CESEC de Ponte Nova. Prestou o Enem duas vezes e, em 2017, conseguiu nota suficiente para ingressar na UFV, onde começava outro grande desafio: conseguir se adaptar à nova cidade e à vida universitária.
Não sabia andar no campus
Ao deixar a zona rural de Guaraciaba, Edmilson foi morar nas moradias estudantis da UFV. Mais barreiras para superar.
“Quando cheguei na UFV, tudo era novo para mim. E, para uma pessoa cega, quando o espaço não é familiar, ele se torna uma barreira”, relembra.
Ele conta que para ir ao restaurante universitário precisava da ajuda dos colegas porque não conseguia atravessar o campus.
Até conhecer o Núcleo de Acessibilidade e Inclusão (UPI/UFV). Com o apoio do centro e o esforço pessoal começou a desenvolver autonomia, andar sozinho, reconhecer caminhos e utilizar recursos como leitores de tela, textos em braile e monitores acadêmicos.
Aprendeu libras
No final do curso, Edmilson precisou aprender libras para conseguir se comunicar com o colega de quarto, um estudante surdo.
“Imagine um cego e um surdo tentando se comunicar. No começo, usávamos o WhatsApp. Depois, aprendi o alfabeto em libras com ele. Hoje, caminhamos juntos por Viçosa”.
Quando chegou a pandemia de Covid-19, mais dificuldades. Ele não tinha internet em casa e era obrigado a usar o sinal dos vizinhos no quintal, para assistir às aulas.
E mais uma vez, Edmilson persistiu: “Eu pensava: isso é só mais uma aprendizagem. Agora estou aqui, formado”, comemorou
Pais de Edmilson, trabalhadores rurais com pouca escolaridade, não sabiam que o filho precisava de cuidados e estímulos específicos ao nascer. Além disso, a pequena cidade não dispunha de estrutura suficiente para acolher uma criança cega na escola.

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